Semana do Pimentão: apoio técnico da análise de solo até o manejo de pragas garante crescimento na produção do DF
12 de setembro de 2025Com suporte da Emater-DF, mais de 540 produtores da capital abastecem mercados locais e de outras regiões do país; colheita atingiu 13 mil toneladas em 2024
Há 42 anos, a produtora rural Risoneide Ribeiro planta pimentão na mesma chácara, no Núcleo Rural Taquara, em Planaltina. Atualmente, a propriedade conta com cerca de 1.500 pés de pimentão distribuídos em 17 hectares. O trabalho no campo tem ritmo intenso: Risoneide, o marido e três funcionários colhem os pimentões duas vezes por semana durante seis meses.
Cada colheita rende aproximadamente 300 caixas de pimentão e essa produção é comercializada em três supermercados e na feira de Planaltina. “O pimentão nunca nos deixou na mão. Ele é produtivo, tem comércio garantido e dá o sustento da minha família. Mesmo com altos e baixos de preço, a gente sempre consegue vender”, conta a produtora rural.
É essa história de resistência no campo que está sendo celebrada na Semana do Pimentão da Taquara, que segue até domingo (14), reunindo produtores, técnicos e comunidade em torno de debates, capacitações e valorização da cultura.
Para o presidente da Emater-DF, Cleison Duval, o evento é a celebração da força do cooperativismo e do protagonismo da agricultura familiar. “A Cooperativa Agrícola da Região de Planaltina-DF se consolidou como uma referência nacional e internacional em cooperativismo rural, um modelo que atrai delegações de diversos países interessados em conhecer a experiência da comunidade.”
Apoio técnico
No ano passado, a produção de pimentão no Distrito Federal atingiu 13 mil toneladas em 172 hectares, movimentando cerca de R$ 67 milhões e envolvendo 543 produtores. Resultado que reflete o acompanhamento técnico e o apoio constante da Emater-DF. “A gente trabalha junto aos produtores desde o início da análise de solo para que o produtor coloque no solo o adubo necessário. Durante o ciclo, a gente também vai acompanhando os produtores com relação a pressões de pragas ou outros problemas”, garante a gerente da Emater-DF na Taquara, Muriel Guedes.
Segundo a gerente da Emater-DF, o pimentão é um produto de alto valor agregado, o que garante boa remuneração aos agricultores. “A Taquara já foi o maior polo do Brasil a produzir pimentão. A gente foi aumentando a produtividade no decorrer dos últimos 25 anos. Hoje, não somos mais o maior polo do Brasil, mas ainda temos muita produção e muitas tecnologias aplicadas”, garante.
Tradição renovada
O presidente da Emater-DF lembra que a região já foi marcada quase exclusivamente pela produção de pimentão e que, hoje, mostra sua capacidade de diversificação, com produtores que acompanham as demandas do mercado e ampliam suas entregas para programas de compras governamentais, como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).
“A Taquara é um exemplo de resiliência, inovação e união dos produtores, que têm assistência técnica e também apoio dos órgãos públicos de agricultura do DF. Esse movimento fortalece a renda das famílias, valoriza o trabalho coletivo e garante alimentos de qualidade para a população”, afirma.
Um exemplo desse movimento é Clébia Rodrigues. Natural do Ceará, ela chegou à Taquara e se dedicou ao pimentão por 15 anos, cultivando até 12 estufas. Com o tempo, decidiu diversificar sua produção por causa da mão de obra, mas garante que o pimentão ainda faz parte do cotidiano da família: “O pimentão saiu da produção, mas não saiu de dentro de casa. Meus dois irmãos ainda plantam e eu sempre compro na feira de Planaltina. Uso em tudo: no feijão, no frango, na salada”, afirma.