Brasília se veste de rosa: ipês anunciam o fim da seca com nova florada
9 de outubro de 2025Após o brilho dos ipês amarelos e roxos, é a vez dos ipês-rosa transformarem a paisagem da capital. A espécie encanta moradores e simboliza a resistência da natureza mesmo nos dias mais secos.
Depois do espetáculo dos ipês amarelos e roxos, é a vez dos ipês-rosa enfeitarem o céu do Distrito Federal. Essas árvores, que costumam marcar o encerramento da temporada de floradas na capital, florescem entre o fim do inverno e o início das chuvas — período fortemente influenciado pelo clima seco típico dessa época do ano.
A espécie Tabebuia avellanedae (também conhecida como Handroanthus avellanedae) pode atingir de 20 a 35 metros de altura, com tronco ereto e cilíndrico de até 80 centímetros de diâmetro. Suas flores variam entre tons de rosa e roxo, mas se distinguem do ipê-roxo, que geralmente abre o ciclo de floração dos ipês no DF.
Segundo Tiago Alencar de Araújo, assessor da Diretoria das Cidades da Novacap, o ipê-rosa é ideal para o ambiente urbano, já que suas raízes não são agressivas nem superficiais, o que evita danos a calçadas e interferências em redes elétricas.
“O ipê está se tornando o cartão-postal da nossa capital. Estamos com muitos exemplares plantados, e agora é a vez do rosa. Eles florescem no auge da seca e são muito apreciados porque as flores formam pompons. É uma árvore linda, bastante usada nos plantios da Novacap e muito atrativa para a fauna”, destacou Tiago.
O especialista explica ainda que o ipê-rosa tem uma floração mais discreta do que outras espécies, pois costuma florir ao mesmo tempo em que brotam as folhas — algo incomum entre os ipês, que geralmente perdem toda a folhagem antes de florescer.
“Mesmo assim, é uma árvore muito interessante e vigorosa, que mantém flores mesmo durante a seca extrema. É realmente admirável”, completa.
Para a aposentada Risalva Carneiro Ferreira, de 74 anos, moradora de Brasília há mais de três décadas, cada nova florada é um presente. Apaixonada por flores, ela se encanta com as cores que embelezam a cidade nesta época.
“Brasília sempre tem muita coisa linda. Esses ipês-rosa ficam maravilhosos e trazem uma cor delicada no meio desse período de seca intensa”, comenta.
O nome ipê vem do tupi e significa “casca dura”. Também chamado de pau-d’arco, o nome tem origem no uso tradicional da madeira pelos povos indígenas, que a utilizavam para confeccionar arcos de caça e defesa.
Além da beleza, o ipê é símbolo de resistência: sua madeira é densa, firme e altamente durável, mesmo em ambientes úmidos. Por isso, é considerada nobre e muito valorizada na construção civil, sendo empregada em estruturas, pisos, móveis, escadas, esquadrias, portas, janelas e até instrumentos musicais.
Com o florescimento dos ipês-rosa, Brasília ganha novamente um espetáculo natural — um lembrete de que, mesmo em meio à seca, a natureza insiste em colorir a cidade.