Brasília

Filhotes de arara resgatados de cativeiro recebem tratamento e nova chance no Hfaus

15 de outubro de 2025

Após serem encontrados em situação de maus-tratos no Sol Nascente, as aves passam por reabilitação no hospital da fauna silvestre do DF e devem ser encaminhadas ao Cetas para possível retorno à natureza.

*Com informações da Agência Brasília

 

 

Inquietas e barulhentas, duas ararinhas chamam a atenção no Hospital e Centro de Reabilitação da Fauna Silvestre (Hfaus). Batem as asas, bicam a grade e emitem gritos que ecoam por todo o espaço. Resgatadas em situação de maus-tratos em uma agropecuária no Sol Nascente, elas agora recebem cuidados diários da equipe de biólogos e veterinários da unidade.

“As araras chegaram no dia 23 de setembro, entregues pela Polícia Civil após uma denúncia. Ajustamos a alimentação, iniciamos a suplementação e o acompanhamento veterinário diário, mantendo controle de temperatura e limpeza constante. Hoje elas estão bem, crescendo e começando a emplumar”, relata o biólogo Thiago Marques, que acompanha a recuperação das aves desde a chegada.

Daqui a cerca de duas semanas, os filhotes devem ser encaminhados ao Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), do Ibama, onde passarão por testes de voo e comportamento antes de uma possível reintrodução à natureza.


Operação policial

O resgate das ararinhas foi resultado de uma operação da Delegacia de Repressão aos Crimes Contra os Animais (DRCA). A ação teve início após denúncia feita por uma protetora, que levou a polícia até a agropecuária investigada por venda ilegal de aves.

“Os animais estavam dentro de uma caixa de papelão pequena, em um banheiro sujo e quente, cobertos de fezes. Duas pessoas foram presas por maus-tratos, crime com pena de três meses a um ano de detenção. Elas assinaram termo circunstanciado na delegacia”, explica o delegado-chefe Jônatas Silva.


Referência na reabilitação da fauna

Casos como o das ararinhas chegam com frequência ao Hfaus, que funciona 24 horas por dia e se tornou referência no atendimento e reabilitação de animais silvestres no Distrito Federal. Desde a inauguração, em março de 2024, mais de 3,4 mil animais passaram pela unidade, vítimas de atropelamentos, queimadas, tráfico e maus-tratos.

“Muitas pessoas ainda acreditam que animais silvestres podem ser criados como pets, mas isso é um erro. Além do sofrimento imposto a esses animais, há riscos de transmissão de doenças como herpes, febre amarela, leishmaniose e outras zoonoses. Também é difícil prever os impactos desse contato na fauna nativa”, alerta o biólogo Thiago Marques.


Delegacia pioneira

Criada em agosto de 2023, a DRCA foi a primeira unidade do tipo no país, tornando o DF referência no enfrentamento a crimes ambientais e no combate ao tráfico de animais. A delegacia atua em parceria com o Ibama, o Ibram e o Hfaus, fortalecendo a rede de proteção da fauna silvestre.

Quem tiver informações sobre casos de maus-tratos pode denunciar à Polícia Civil do DF, pelo telefone 197.
“Se virem anúncios de venda de animais silvestres, registrem a tela e encaminhem à polícia. Nossa delegacia existe para agir de forma rápida e eficiente, garantindo que esses crimes não fiquem impunes e que os animais sejam protegidos”, reforça o delegado Jônatas Silva.