Fogo controlado na Chapada dos Veadeiros: ICMBio inicia fase de monitoramento
27 de outubro de 2025Incêndios florestais mobilizaram mais de 215 profissionais do ICMBio, Ibama e brigadas voluntárias por mais de 20 dias em Goiás
Criado em 1961, o Parque protege uma área aproximada de 240.611 hectares, estando inserido no bioma Cerrado – Foto: Mayangdi Inzaulgarat/Ibama
Após mais de 20 dias de atuação ininterrupta no combate a incêndios florestais na região da Chapada dos Veadeiros, em Goiás, começa a fase de desmobilização das equipes que atuaram na linha de frente. A operação envolveu mais de 215 profissionais, entre servidores do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e de brigadas voluntárias — incluindo Minaçu, Rede Contra Fogo, Cerrado de Pé, Brivac e Brigada de São Jorge.
As equipes atuaram em múltiplas frentes, incluindo o Parque Nacional, o Território Kalunga e a Terra Indígena Avá-Canoeiro. A ação coordenada conseguiu conter os focos mais críticos, e a chegada das chuvas também contribuiu para o controle dos incêndios.
Inicialmente, os focos tiveram origem presumivelmente humana na região de Cavalcante, atingindo uma área superior a 110 mil hectares. No entanto, a partir do dia 14 de outubro, novos incêndios surgiram, provocados por raios durante temporais na região.
Um dos incêndios atingiu a área do Rio Preto, dentro do Parque Nacional, o que levou ao fechamento temporário das Travessias e à retirada preventiva dos visitantes. As trilhas foram reabertas na manhã de sexta-feira (17), após avaliação de segurança.
Mesmo com o controle dos principais focos, o trabalho continua. Brigadistas ainda atuaram no final de semana em áreas com reignição, como em Nova Roma. Agora, com a redução dos riscos imediatos, inicia-se a retirada gradual das equipes, embora o monitoramento no território continue sendo realizado por equipes do ICMBio. Brigadistas do Ibama também permanecerão na região para apoiar ações de queima controlada com fins agropecuários.
Somente neste último evento, foram atingidos 2.377,45 hectares, sendo aproximadamente 1,4 mil hectares dentro do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros.
Manejo Integrado do Fogo e queimas prescritas: impactos e aprendizados
Apesar da ocorrência dos incêndios, o ICMBio destaca avanços relacionados à estratégia de prevenção por meio do Manejo Integrado do Fogo e da adoção de queimas prescritas. Para o coordenador do Centro Especializado em Manejo Integrado do Fogo, João Morita, a experiência recente reforça a importância dessa abordagem para proteção de áreas sensíveis.
“Nós manejamos cerca de 9 mil hectares neste ano no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, e áreas de grande interesse de conservação e visitação ficaram intactas”, afirma Morita.
Um exemplo citado é o Jardim de Maytrea, localizado às margens da GO-239, uma das áreas mais visitadas do parque. A região, embora vulnerável a incêndios por sua acessibilidade, não foi afetada, o que, segundo o coordenador, reforça a eficácia das ações preventivas.
As medidas também minimizaram os impactos à visitação: apesar do fechamento temporário das Travessias, outras trilhas permaneceram acessíveis ao público durante a operação.
Segundo Morita, esse caso reforça a relevância de estratégias de ordenamento do uso do fogo nos territórios, inclusive fora das unidades de conservação. “Com o ordenamento do uso do fogo, usando instrumentos como os Planos de Manejo Integrado do Fogo (PMIFs), por exemplo, podemos ter combates mais estratégicos, utilizando áreas manejadas para controle do fogo e conservando pontos de interesse”, conclui.
