meio ambiente

Ibama inaugura centro para reabilitação de animais silvestres no Pará

12 de outubro de 2025

O Cetas Benevides, primeiro do estado, dispõe de recinto especial para tratamento e reabilitação de peixes-boi

Assessoria de Comunicação Social do Ibama

Centro oficialmente inaugurado em Benevides (PA)

Centro oficialmente inaugurado em Benevides (PA) – Foto: Marx Vasconcelos/Proteção Animal Mundial

Belém/PA (07/10/2025) – O Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) Benevides, primeiro espaço para receber e realizar tratamento de saúde e reabilitação da fauna silvestre no Pará, foi inaugurado oficialmente nesta terça-feira (7) após restauração. A nova estrutura foi resultado do Acordo de Cooperação Técnica (ACT) firmado entre o Instituto brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e a organização não governamental Proteção Animal Mundial. A intenção é que, ao longo dos próximos anos, o centro possa se tornar referência nacional para a Rede Cetas, formada por 25 unidades em 21 estados do país.

Presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, durante o evento de inauguração
Presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, durante o evento de inauguração – Foto: Marx Vasconcelos/Proteção Animal Mundial

Localizado em Benevides (PA), o Cetas poderá receber cerca de 5 mil animais por ano, inclusive espécies ameaçadas de extinção. Além da reformulação do espaço, o ACT prevê capacitação de equipes, aprimoramento de estruturas e atividades de monitoramento pós-soltura das ações de reintrodução na natureza.

Para o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, a inauguração do Cetas Benevides representa um marco histórico para a proteção da biodiversidade amazônica. “O estado abriga uma fauna riquíssima, com espécies – como araras, macacos, quelônios e felinos – que sofrem com o desmatamento, a expansão das cidades e os efeitos das mudanças climáticas”, afirma. Segundo ele, o Cetas surge para preencher essa lacuna, visando receber animais vítimas de atropelamentos e incêndios florestais, apreendidos em operações contra o tráfico ou encontrados em áreas urbanas.

Agostinho destaca que dispor de uma estrutura especializada para receber, reabilitar e devolver esses animais à natureza é fundamental para garantir sua sobrevivência. “Com o novo Cetas, o Ibama reforça seu compromisso de enfrentar o tráfico de animais silvestres e de assegurar que a riqueza natural do Pará continue sendo um patrimônio do povo brasileiro e das futuras gerações”, destaca.

A estrutura conta com 12 recintos para reabilitação de animais silvestresA estrutura conta com 12 recintos para reabilitação de animais silvestres – Foto: Marx Vasconcelos/Proteção Animal MundialParceria com a Ufra

Outra novidade é a oportunidade de aprendizado e desenvolvimento científico por meio da parceria com a Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra), que fica em Belém. “O Cetas de Benevides foi construído em um terreno cedido pela Ufra, e é um prazer e uma missão realizar essa cessão por conta dessa parceria histórica”, declara a reitora da Ufra, Janae Gonçalves.

De acordo com a reitora, em breve, será assinado um ACT com o Ibama para viabilizar a inclusão dos programas de residência médica veterinária da Ufra no Cetas. “Dessa forma, o espaço do Cetas será de vivência para os nossos alunos de graduação e pós-graduação”, afirma Janae.

Espécimes de peixes-boi serão reabilitados e tratados no Cetas BenevidesEspécimes de peixes-boi serão reabilitados e tratados no Cetas Benevides – Foto: Vinícius Mendonça /Ascom IbamaTanques especiais para peixes-boi

Dentre os novos espaços disponíveis, destacam-se tanques especiais destinados a peixes-boi, os quais servirão para tratamento e reabilitação desses animais, que são os maiores mamíferos aquáticos de água doce do planeta.

No Pará, o Ibama possui uma unidade especializada na reabilitação e soltura dessa espécie, por meio do Programa de Conservação de Peixes-boi da Amazônia, o qual resgatou e recuperou mais de 60 animais, principalmente filhotes, encontrados no período da seca. A iniciativa, coordenada pela autarquia, é executada pelo Instituto Bicho D’água (IBD), com apoio dos diversos entes públicos e privados.

Para o superintendente do Ibama Pará, Alex Lacerda, o novo Cetas representa um avanço na proteção da fauna. “Atualmente, outras instituições ambientais estaduais e municipais apreendem animais, mas a destinação final é limitada. Com a inauguração do Cetas, será possível reabilitar os animais, recuperá-los e prepará-los para o retorno seguro à natureza”, avalia Lacerda.

Sala de triagem para répteis no Cetas Benevides/PASala de triagem para répteis no Cetas Benevides/PA – Foto: Marx Vasconcelos/Proteção Animal MundialParticipação da sociedade civil

A cooperação com a Proteção Animal Mundial inclui capacitação de equipes, aprimoramento de estruturas e atividades que envolvam o monitoramento pós-soltura das ações de reintrodução de animais na natureza. A reforma prevê ainda a construção de um prédio administrativo, novos recintos e de um laboratório veterinário, além da criação de um túnel de voo para a reabilitação de aves.

“Para a Proteção Animal Mundial, é muito importante garantir esse retorno à vida livre. Por isso, valorizamos muito essa oportunidade de apoiar o trabalho do Ibama”, explica o gerente de vida silvestre da Proteção Animal Mundial, Rodrigo Gerhardt.

Em 2024, o estado do Pará registrou resgates de animais silvestres, tais como papagaios, curiós, jacarés, cobras, jabutis e aranhas-caranguejeiras. Outro desafio é a proteção dos espécimes nativos capturados pela população para viverem em gaiolas, como pássaros, ou para consumo alimentar, a exemplo dos tracajás.

Rede Cetas

Os 25 Cetas do Ibama no Brasil recebem, em média, 65 mil animais por ano. A maioria são aves (72%), seguidas por répteis (15%) e mamíferos (12%). Após triagem, tratamento e reabilitação nesses espaços, os espécimes aptos são soltos na natureza. Os que não atingem condições físicas ou comportamentais necessárias ao retorno para a vida livre, são encaminhados para outras destinações, conforme previstas em lei.