DF

Moradores da região Jardim Botânico e Mangueiral propõem melhorias para o trânsito

15 de outubro de 2025

Audiência pública contou com a presença dos deputados João Cardoso e Rogério Morro da Cruz, de representantes do governo do DF e de líderes comunitários

Ana Teresa Malta - Agência CLDF

Foto: Gab. João Cardoso

Audiência pública contou com a presença dos deputados João Cardoso e Rogério Morro da Cruz, de representantes do governo do DF e de líderes comunitários

Após engarrafamentos e críticas da população, a faixa exclusiva de ônibus com início na DF-463 foi suspensa apenas quatro dias após a implantação. O caso motivou a Câmara Legislativa a realizar uma audiência pública para debater alternativas de mobilidade urbana em São Sebastião, Jardim Botânico, Jardins Mangueiral, Tororó e toda a região. “Nós viemos aqui para escutar a comunidade, para buscar a fluidez no trânsito”, disse o deputado João Cardoso (Avante), autor do evento que ocorreu na noite desta segunda-feira (13). Uma das principais reclamações dos moradores foi justamente a falta de diálogo antes da implantação da referida faixa.

“Por que nós não fomos consultados? Nós tivemos várias oportunidades de sermos ouvidos”, questionou o morador Ilton de Queiroz, secretário-executivo do Movimento Comunitário Jardim Botânico (MCJB). Ele contou que o movimento participou de reuniões com a Secretaria de Transporte e Mobilidade do DF (Semob), além de audiências públicas e fóruns do governo. “Em nenhum momento foi falado sobre faixa exclusiva”, relatou.

“Nós medimos o tempo. Houve um aumento médio de 40 minutos dentro do ônibus de quem vem do Entorno e da área rural de São Sebastião e de todo mundo que trafegava na DF-140”, apontou Queiroz, acerca da situação com a faixa. Ele também criticou o baixo número de linhas de ônibus do Jardim Botânico. “Segundo a própria Semob, nós temos somente 18 linhas de ônibus exclusivas. Não dá para contar linha que vem de São Sebastião, ela já vem lotada”, destacou.

Propostas

No lugar de uma faixa exclusiva, participantes da audiência propuseram a implantação de uma faixa reversa nos horários de pico. “Nós não somos contra a faixa exclusiva. Somos contra começar pelo telhado, antes de construir as fundações, antes de qualquer medida estrutural, sem melhorias básicas na fluidez no tráfego: a implantação de faixa reversa; a substituição de faixa de pedestre por semáforos e passarelas; a reorganização dos entornos e diversas outras propostas que já foram apresentadas pelo movimento comunitário em dezenas de reuniões e workshops”, disse a presidente do MCJB, Rose Marques.

Ela também pediu a inclusão de mais linhas de ônibus, com pontualidade, conforto, qualidade e integração. “A nossa pesquisa comunitária mostra que 80% dos moradores trocaria seus carros por ônibus se existisse um sistema eficaz”, apontou Rose. “Também entendemos que, diante da expansão acelerada, somente ações de grande impacto estrutural, como metrô, monotrilho e sistemas integrados de transporte em massa poderão realmente transformar a mobilidade da região”, avaliou. Além disso, ela solicitou mais ciclovias interligadas, que possibilitem o uso efetivo pela população.

O diretor da Associação dos Amigos do Jardins Mangueiral (AAJM), Everaldo Sartori, trouxe demandas semelhantes às do MCJB e pediu a implantação de um terminal de ônibus no Mangueiral, para organizar o fluxo e promover a integração com outras regiões. Ele reforçou que “medidas que impactam diretamente a população precisam ser planejadas com diálogo, transparência e escuta ativa da comunidade”.

Resposta da Secretaria de Mobilidade

O subsecretário de operações da Semob, Márcio Antônio de Jesus, informou que, no total, há 52 linhas de ônibus trafegando pela região, realizando 800 viagens diárias, com mais de 70 mil pessoas por dia. “Esse foi o nosso público-alvo com o objetivo de implantação de uma faixa exclusiva”, afirmou. “Não adianta colocarmos mais 40 ou 50 ônibus e eles ficarem presos num comboio, um atrás do outro, com 80, 90 pessoas dentro”, explicou.

O subsecretário contou que a Semob fez medições na rodoviária do Plano Piloto e identificou uma redução no tempo de deslocamento dos ônibus enquanto vigorava a faixa exclusiva. “Tivemos um ganho da ordem de oito minutos”, revelou. As medições consideraram somente as linhas de responsabilidade do governo do DF, não as provenientes do Entorno.

Ele também anunciou que será implantando um terminal de ônibus no Mangueiral e que estão avançando as etapas de elaboração de um novo Plano Diretor de Transporte Urbano (PDTU), com participação da sociedade civil. Além disso, o subsecretário avisou que o governo está sem contrato vigente para a construção de abrigos nas paradas de ônibus. “O Tribunal de Contas pediu alguns ajustes e nós estamos concluindo. Estamos apenas esperando o Tribunal de Contas liberar para começarmos a implantar novos abrigos”, disse.

O deputado Rogério Morro da Cruz (PRD) também ressaltou medidas realizadas pelo governo, como a construção do viaduto do Jardim Botânico, a duplicação da DF-140 e melhorias em sinalização e abrigos de ônibus. “São obras relevantes, sem dúvida, porém ainda insuficientes diante da dimensão e da complexidade do desafio que enfrentamos”, analisou.

“O eixo leste do DF, que abrange São Sebastião, Jardim Botânico, Itapoã e Paranoá, vive um processo acelerado de crescimento. Naturalmente, esse crescimento tem impacto direto sobre a mobilidade”, destacou. “A região concentra tráfego intenso em direção ao Plano Piloto e, ao mesmo tempo, apresenta alta dependência do transporte particular, o que resulta em congestionamentos cada vez maiores”, observou.

Acerca do crescimento da região, o subsecretário da Semob lembrou da criação do novo Centro Urbano Tororó, que ficará às margens da DF-140. “A previsão é de mais de 100 mil pessoas. Isso vai estrangular a DF-001”, apontou Márcio Antônio de Jesus.

A audiência completa pode ser assistida no YouTube da TV Câmara Distrital.