COP30: AGRO BRASILEIRO APOSTA NA PRÁTICA DA SUSTENTABILIDADE
1 de novembro de 2025O ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, é a voz do agronegócio brasileiro na COP30.
Professor, ex-ministro da Agricultura do primeiro governo Lula, pertencente a uma família de agrônomos – seu pai, Antônio Rodrigues, foi Secretário da Agricultura de São Paulo – Roberto Rodrigues vive o agronegócio intensamente em todas as direções: da pesquisa, produção, comercialização à exportação. Rodrigues, hoje professor emérito da FGV, é o Enviado Especial para Agricultura na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, a COP30, em Belém do Pará.
Roberto Rodrigues teve um papel muito abrangente e importante para a preparação da Conferência e, também, o terá durante a conferência: Rodrigues reuniu e conversou com todas as entidades do agronegócio e montou uma agenda única para os debates. Segundo ele, cada instituição, cada entidade tem um projeto, um objetivo, uma demanda específica e tem outras que são gerais para todo mundo. Desde que foi indicado para o desafio, o ex-ministro da Agricultura reuniu especialistas das diferentes cadeias de produção, entidades de classe e da academia para montar uma agenda que todos estejam de acordo. Explica ele que “são mais de 50 instituições, e cada uma têm os seus propósitos, preocupações e ambições, mas temos que montar essa agenda única”.
EXPERIÊNCIA DO BRASIL PODE SER REPLICADA EM OUTRAS REGIÕES TROPICAIS

O TRIO NA MODERNA AGRICULTURA BRASILEIRA
CIRNE LIMA, como Ministro da Agricultura do Governo Médici, criou a Embrapa e abriu os caminhos para o conhecimento. ALYSSON PAOLINELLI como Secretário da Agricultura de Minas Gerais e, depois, como Ministro da Agricultura do Governo Geisel, fez a grande Revolução Verde Tropical e plantou definitivamente a moderno agronegócio brasileiro. ROBERTO RODRIGUES liderou o setor, presidindo a Sociedade Rural Brasileira, a Cooperativas de Crédito, foi Secretário da Agricultura de São Paulo e Ministro da Agricultura.
Para Roberto Rodrigues, a experiência brasileira mostra que é possível ampliar a produção de alimentos e, ao mesmo tempo, regenerar solos, recuperar pastagens e reduzir emissões.
Lembra Rodrigues que, por exemplo. “o Cerrado, antes considerado imprestável, transformou-se no Maracanã da Copa do Mundo da alimentação graças à ciência e à tecnologia. Até a década de 1980, a agricultura mundial era dominada por países de clima temperado, mas que a criação da Embrapa, em 1973, mudou o cenário, ao desenvolver tecnologias adaptadas aos trópicos”.
Roberto Rodrigues explica que para a COP30, foi elaborado um documento técnico que reúne resultados da agricultura regenerativa brasileira em grãos, carnes, frutas e outras culturas. “Nos últimos 35 anos, a área plantada de grãos no país cresceu 116%, enquanto a produção saltou 479%. “Produzimos muito mais por hectare, usando menos terra. Esse é o tema central da sustentabilidade”, explica o ex-ministro.
Para Roberto Rodrigues, a experiência nacional pode ser replicada em outras regiões tropicais, como América Latina, África Subsaariana e partes da Ásia. “Somos protagonistas desse processo. Precisamos mostrar ao mundo que é possível expandir a produção com ciência e tecnologia, mas também reconhecer nossos pecados: desmatamento ilegal, invasão de terras, garimpo clandestino e incêndios criminosos, que não aceitamos e queremos resolver.”
