Nutrir a ação climática

COP30 debate sobre ferramentas políticas para sistemas alimentares alinhados ao clima

17 de novembro de 2025

Entre os integrantes da mesa estavam representantes das prefeituras do Rio de Janeiro e de Salvador que implementaram nas escolas políticas de alimentação sustentável, com apoio das organizações Humane World for Animals e Mercy for Animals

humaneworld.org

 

Sistemas alimentares são desafio e solução para o debate climático (Foto: Divulgação/Humane World for Animals)

 

A Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) realizou, nesta sexta-feira (14), uma mesa de debates para discutir políticas públicas voltadas à implementação de sistemas alimentares resilientes ao clima. O painel “Nutrir a ação climática” aconteceu das 18h30 às 20 horas, na sala de eventos 6 da Blue Zone (Zona Azul), e contou com a participação de gestores públicos e representantes de ONGs.

O objetivo do painel foi explorar experiências com políticas alimentares de baixa pegada de carbono através da diversificação proteica, em diferentes realidades geográficas e socioeconômicas, buscando inspirar governos a alinharem seus sistemas alimentares aos Planos Nacionais de Adaptação (NAPS) e às Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs). A intenção foi apresentar ferramentas políticas práticas para a construção de sistemas que sejam mais resilientes, adaptáveis e sustentáveis ao clima.

Entre os palestrantes estavam Rodrigo José Abreu dos Santos, coordenador de operações técnicas da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro, que compartilhou a experiência do município com o projeto “Prato Sustentável”, e Ivan Euler, secretário de Sustentabilidade, Resiliência e Bem-estar e Proteção Animal de Salvador, que levou o modelo da cidade com o “Educando para a Sustentabilidade”.

“A escola é um espaço de formação integral. Quando oferecemos refeições mais saudáveis e sustentáveis, estamos ensinando nossos alunos a cuidarem de si mesmos e do planeta, ao mesmo tempo. A experiência mostra que mudanças simples nas políticas de alimentação podem gerar resultados concretos para o clima e para a saúde dos estudantes”, destaca o coordenador de operações técnicas da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro.

As iniciativas apresentadas pelos gestores no evento promovem práticas alimentares mais saudáveis e sustentáveis na alimentação escolar através da diversificação proteica, com aumento da oferta de leguminosas, integrando educação alimentar e nutricional e educação climática. Com base nessas experiências, os palestrantes discutiram caminhos e desafios para promover mudanças na alimentação pública e o potencial transformador da mudança de perfil de compra pública nos sistemas alimentares.

“Este painel forneceu aos formuladores de políticas, profissionais e parceiros dos setores público e privado um conjunto de medidas práticas, desde a implementação de compras públicas sustentáveis até o desbloqueio de financiamento nacional e o estímulo à inovação no setor, para reduzir a lacuna entre as políticas alimentares e climáticas”, destaca Thayana Oliveira, diretora-executiva da Humane World for Animals, organização apoiadora dos programas de alimentação sustentável nas cidades.

Além dos dois representantes das prefeituras do Rio de Janeiro e de Salvador, o painel foi composto por Rune-Christoffer Dragsdahl, vice-presidente do Programa de Subvenções para Alimentos à Base de Plantas do governo Dinamarquês; Duda Salabert, deputada Federal por Minas Gerais; Dr. Christopher Browne, chefe global de Pesquisa e Políticas da Compassion in World Farming International (CIWF); e Stephanie Maw, gerente-sênior de Políticas e Advocacia da ONU na organização ProVeg International.

Sistemas alimentares e o desafio climático

Os modelos de sistemas alimentares estão no cerne do debate sobre o desafio climático. Eles são responsáveis por quase um terço das emissões globais e estão profundamente interligados com o desmatamento, a perda de biodiversidade e os desafios à saúde pública. Ao mesmo tempo, segundo explica a diretora-executiva da Humane World, também representam oportunidades cruciais para mitigação e adaptação.

 

“As evidências mostram que só conseguiremos manter as metas do Acordo de Paris ao nosso alcance se abordarmos, de forma urgente e eficaz, os sistemas alimentares globais”, aponta Ivan Euler, secretário de Sustentabilidade de Salvador. “O papel da transformação desses sistemas, especialmente das dietas, é central para os compromissos nacionais com o clima e a natureza, particularmente nos contextos de desmatamento, segurança alimentar, resiliência e saúde”, acrescenta.

De grande importância na COP30, o debate “Nutrir a ação climática” possibilitou um intercâmbio de ideias em vários níveis. Os participantes tiveram a chance de obter informações sobre como as instituições públicas podem liderar pelo exemplo, como a inovação é capaz de apoiar a adaptação climática e como ferramentas políticas inclusivas e baseadas em evidências permitem alinhar objetivos ambientais, sociais e de saúde.

Programas de alimentação sustentável

As organizações Humane World e Mercy for Animals realizam, em parceria com cinco municípios brasileiros, programas com o objetivo de implementar políticas de alimentação sustentável.

Com base no apoio oferecido pelo programa, a cidade do Rio de Janeiro conduz, atualmente, o projeto-piloto “Prato Sustentável” em 15 escolas municipais. A expectativa é que o projeto siga no ano que vem, com expansão prevista para 2027.

Já Salvador promove, desde 2022, essa agenda por meio do “Educando para a Sustentabilidade”, que proporciona mudanças nas políticas alimentares das escolas. O impacto ambiental acumulado é estimado em mais de 16 mil hectares de terra poupados, 258 milhões de litros de água azul economizados e mais de 55 mil toneladas de CO2eq não emitidos.

Além dessas cidades, mais duas realizam iniciativas do tipo nas escolas municipais: Caruaru (PE), com o “Merenda Saudável”, e Sobral (CE), com o “Viver Bem Sobral”. Belo Horizonte (MG) promove, ainda, o “Mais Horta no Prato” em restaurantes populares.

Humane World for Animals

A Humane World for Animals é uma organização não governamental (ONG) que atua globalmente em parceria com empresas, produtores e instituições para promover o bem-estar de animais. Há mais de 70 anos, trabalha para enfrentar as causas fundamentais da crueldade e do sofrimento animal em todo o mundo, promovendo mudanças duradouras.

A ONG atua em mais de 50 países a fim de promover uma relação benéfica entre animais e pessoas, resgatar e proteger cães e gatos, melhorar o bem-estar dos animais de criação, proteger a vida selvagem, promover testes e pesquisas sem animais, responder a desastres naturais e enfrentar a crueldade contra os animais em todas as suas formas.

Imprensa

Para mais informações e entrevistas com os participantes do debate, contate a assessora de imprensa Mainary Nascimento: (11) 96921-5666 / [email protected]

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