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Corredores de fauna: a vida silvestre pede passagem

12 de novembro de 2025

Condicionantes do licenciamento ambiental federal proporcionam infraestrutura para deslocamento seguro de animais em rodovias e ferrovias

Assessoria de Comunicação Social do Ibama

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Graxaim-do-mato caminha por passagem subterrânea gaúcha – Foto: Gestão Ambiental BR-285/RS/SC-STE

Brasília/DF (11/11/2025) – Quando uma estrada ou os trilhos de uma ferrovia atravessam habitats repletos de vida silvestre, é necessário ampliar a segurança da fauna nativa. É nesse momento que o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), responsável pelo licenciamento ambiental federal, exige do empreendedor um meio para mitigar os riscos aos animais em vida livre. Trata-se dos corredores de fauna, que são passagens utilizadas para locomoção de espécimes, a fim de transpor uma rodovia ou uma ferrovia. A ideia é compatibilizar obras viárias e a preservação ambiental, ambos de interesse público.

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Família de onças passeia com segurança por corredor de fauna no Tocantins – Foto: Rumo Logística

Esses corredores podem ser implementados por cima ou por baixo das estradas ou dos trilhos. Dessa forma, evitam-se atropelamentos ou outros acidentes que causem ferimentos ou mortes de animais. “No âmbito do licenciamento ambiental, tentamos diminuir a interceptação das áreas de vegetação ao máximo, a fim de evitar a redução do fluxo dos animais”, explica a diretora de Licenciamento Ambiental do Ibama, Claudia Barros. “Entretanto, quando não é possível, solicitamos a implantação de estruturas de passagem de fauna, com o intuito de mitigar os impactos para as espécies nativas”, acrescenta.

Nessas instalações, o empreendedor precisa seguir os critérios estipulados pela equipe técnica do Ibama, como o tamanho e a localização dessas estruturas, além dos materiais nelas empregados. Em rodovias que atravessam trechos de Mata Atlântica, por exemplo, costumam ser erguidas passarelas ou instaladas pontes de cordas aéreas para facilitar a movimentação de primatas. Para habitats com presença de felinos de médio e grande porte, é comum haver passagens subterrâneas. A ideia é ampliar a conectividade dentro do habitat e, consequentemente, a manutenção da biodiversidade local.

Experiências bem-sucedidas

Recentemente, foi registrada a interação de saguis e micos-leões-dourados com uma câmera do sistema de monitoramento da passagem de fauna de uma concessionária de rodovias no estado do Rio de Janeiro. “O cumprimento desse tipo de medida auxilia na preservação da vida silvestre em áreas onde o homem expande sua presença”, explica a coordenadora de Licenciamento Ambiental de Transportes, Telma Bento de Moura.

Outro exemplo bem-sucedido é o de um corredor construído sob uma ferrovia em Porto Nacional (TO), conforme a condicionante do licenciamento ambiental exigida pelo Ibama. Uma câmera instalada no local registrou o momento em que uma família de onças-pardas, formada por uma mãe e três filhotes, fazia a travessia com segurança, em 2023. Espécie comum no Cerrado, a onça-parda necessita de extensas áreas para sua sobrevivência.

Na BR-285/RS/SC, estão sendo implementadas diversas passagens de fauna que ajudarão a conservar a biodiversidade dos campos de altitude, no bioma Mata Atlântica. Espécies como o graxaim-do-mato e o zorrilho já foram flagrados utilizando essas estruturas em São José dos Ausentes (RS), antes mesmo da conclusão das obras. “Nesse caso, os corredores servem também para mitigar a fragmentação de habitats, conforme previsto em estudos e aprovado por meio do licenciamento ambiental conduzido pelo Ibama”, explica o analista ambiental Mozart Lauxen.

Segundo Mozart, além de salvaguardar a vegetação nativa e espécimes silvestres, os corredores de fauna também promovem a segurança da população, pois evitam acidentes que podem vitimar humanos em virtude do atropelamento de animais de vida livre de grande e médio porte, como as capivaras.