MARÍA CORINA MACHADO
1 de novembro de 2025Símbolo da luta pela democracia na Venezuela, Maria Corina desafiou Hugo Chaves, Nicolás Maduro e desacreditou o presidente Lula da Silva.
O Nobel da Paz, apesar de alguns pecados, faz seus milagres. Pecou quando não concedeu o Prêmio a Mahatma Ghandi, símbolo mundial da Paz. . (Veja a matéria nesta edição – ) Mas, por sua visibilidade e importância, fez milagres em muitos países, quando deu voz a pessoas perseguidas e caladas por cruéis ditaduras. É o caso, neste ano, do Prêmio Nobel da Paz ter sido concedido à María Corina Machado, líder da oposição
à ditadura venezuelana tanto do ex-presidente Hugo Chaves como do atual ditador Nicolás Maduro.
A venezuelana María Corina Machado nasceu em 7 de outubro de 1967. Quando, na manhã do dia 10 de outubro, ela acordou com um telefonema do outro lado do mundo, pensava ser apenas mais um cumprimento atrasado pelo seu aniversário no dia anterior. Não era o Parabéns para Você. Era o maior presente de aniversário de sua vida: o Prêmio Nobel da Paz.
O telefonema do Secretário do Comitê Norueguês do Nobel, Kristian Berg Harpviken, viralizou na internet. Eram 11 horas da manhã de sexta-feira, dia 10 de outubro, em Oslo e 5 horas da manhã na Venezuela.
O DIÁLOGO
– É Maria Corina Machado.
– Sim.
– Estou ligando para informar que, em alguns minutos, será anunciado aqui no Instituto Nobel que você receberá o Prêmio Nobel da Paz de 2025.
– Meu Deus! Eu não tenho palavras, muito obrigada. Mas eu espero que vocês entendam que é um movimento, uma conquista de toda a sociedade. Eu sou apenas uma pessoa. Eu não mereço”.
– Eu acho que tanto o movimento quanto você merecem.
E, logo, Kristian Berg Harpviken passou a ler o comunicado que seria anunciado oficialmente pelo Comitê.
– “Maria Corina Machado, o Prêmio Nobel foi concedido pelo seu trabalho incansável promovendo os direitos democráticos do povo da Venezuela e por sua luta para conseguir uma transição justa e pacífica da ditadura para a democracia.”
– “Ainda não chegamos lá. Estamos trabalhando muito duro para alcançar este objetivo. Tenho certeza de que vamos conseguir. Este Prêmio é o maior reconhecimento para nossa população que merece isso. Muito Obrigada!”.
Logo que o Nobel foi anunciado oficialmente pelo Comitê, Maria Corina foi na plataforma X e afirmou:
“O Nobel é um impulso à liberdade de nosso país e eu dedico este Prêmio ao povo sofredor da Venezuela e ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pelo seu apoio decisivo à nossa causa”.

O Nobel da Paz para Maria Corina Machado expõe internacionalmente a crise política da Venezuela e deslegitima o regime de Nicolás Maduro. (foto: facebook pessoal)
Vale lembrar que quando o Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela (CNE) proclamou Nicolás Maduro como vencedor das eleições de fachada, anúncio que foi amplamente questionado dentro e fora do país, Maria Corina liderava as manifestações na Venezuela. Chegou a ser raptada por forças do regime ditatorial de Nicolás Maduro.
Todo esse esforço em prol da democracia foi acompanhando pelo Comitê do Nobel, que justificou a premiação dizendo que ele era justo e mereceu a láurea do Nobel da Paz.
A INDICAÇÃO DE MARCO RUBIO

Maria Corina Machado teve sua indicação formalizada para o Prêmio Nobel da Paz em agosto de 2024, quando Marco Rubio, então senador pela Flórida, enviou uma carta ao Comitê Norueguês do Nobel. O documento foi assinado por outros parlamentares republicanos, incluindo o senador Rick Scott e os deputados Mario Díaz-Balart, María Elvira Salazar, Michael Waltz, Neal Dunn, Byron Donalds e Carlos Gimenez.
Maria Corina Machado, 58 anos, engenheira industrial e professora, é mãe de três filhos. Entre 2011 e 2014, foi deputada na Assembleia Nacional da Venezuela. Combativa, ela se destacou por fazer críticas tanto ao regime, quanto à oposição. Ficou conhecida por liderar a oposição mais linha-dura contra o então presidente Hugo Chávez.
Também se opôs tanto ao autoproclamado governo interino de Juan Guaidó quanto ao setor mais moderado da oposição, que queria derrotar maduro pela via eleitoral. Maria Corina foi uma das principais articuladoras das manifestações contra o governo de Maduro em 2014. Teve seu mandato cassado.
MANIFESTAÇÕES DE LÍDERES BRASILEIROS
“São uns equivocados. María Corina Machado não tentou dar golpe de estado na Venezuela e sim derrubar a ditadura de Maduro apoiada por Lula, que adora ditadores sejam eles de esquerda, direita e até teocratas.
Ganhou o Prêmio Nobel da Paz por sua luta pela liberdade, respeito aos direitos universais do ser humano e pela Democracia na Venezuela. Ela é merecedora e por isso merece nossas homenagens”.
ROBERTO FREIRE – Advogado e ex-senador da República. Foi também Ministro da Cultura no governo Temer.
“O Nobel da Paz concedido a María Corina é um gesto de esperança, uma lembrança de que sempre chega o dia em que a história passa a ser contada pelos que são oprimidos por tiranias. Esse dia também chegará para o Brasil”.
ANDRÉ MARSIGLIA – ADVOGADO
“Lula mandou María Corina “parar de chorar” quando ela foi proibida de disputar as eleições contra Maduro. Hoje, ela ganha o Prêmio Nobel da Paz e ele segue validando uma ditadura. O tempo tem maneiras sutis de defender a verdade”.
NIKOLAS FERREIRA – DEPUTADO FEDERAL por Minas Gerais
“O Nobel da Paz concedido a María Corina Machado tem um significado importante. Deslegitima o regime ditatorial de Maduro e mostra que o esforço para manter viva a chama da democracia em meio à escuridão não está passando despercebido por quem milita ao lado da verdade. Que essa premiação sirva de exemplo para aqueles que vivem de narrativas, enquanto defendem esse regime execrável. E para que o Brasil se reencontre com o caminho da verdadeira liberdade”.
TARCÍSIO GOMES DE FREITAS, GOVERNADOR DE SÃO PAULO.
NOMES DA ESQUERDA FORAM CONTRA A PREMIAÇÃO À LIDER VENEZUELANA
Em caráter pessoal, o assessor especial da Presidência da República, Celso Amorim, disse que o Prêmio Nobel “priorizou a política em relação à paz” ao premiar a líder da oposição na Venezuela.
Para o ex-diretor executivo do FMI, Paulo Nogueira Batista Jr, o Nobel da Paz perdeu credibilidade ao premiar María Corina Machado, afirmou em sua conta no X. Segundo ele, o comitê premiou uma “política controlada por Washington” em vez de pessoas que lutam contra o “genocídio em Gaza”.
Outros políticos e autoridades condenaram a concessão do prêmio à oposicionista venezuelana.
“Sem comentários”, escreveu a presidente do México, Claudia Sheinbaum, em suas redes sociais, ao comentar a escolha para o Prêmio Nobel da Paz.
Também o presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel Bermúdez, e o ex-presidente Evo Morales, da Bolívia, postaram mensagens de repúdio à Maria Corina.
O Nobel da Paz deste ano também é questionado pela educadora em direitos humanos do Observatório para Dignidade no Trabalho, Marisol Guedez. De acordo com ela, María Corina não apresentou “nenhuma preocupação” com a paz na Venezuela. (Agência Brasil)
