COP30

Na COP30, governo federal anuncia criação do Arpa Comunidades para beneficiar mais de 130 mil pessoas na Amazônia

18 de novembro de 2025

Estratégia desenvolvida com apoio de parceiros impulsionará o desenvolvimento sustentável em territórios localizados em 60 unidades de conservação no bioma; objetivo é mobilizar mais de 120 milhões de dólares em doações

Assessoria Especial de Comunicação Social do MMA

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Anúncio ocorreu no Pavilhão Brasil, da Zona Verde da conferência, com a presença da ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva – Foto: Frâncio de Holanda/MMA

O governo federal lançou com o apoio de parceiros, nesta segunda-feira (17/11), durante a COP30, em Belém (PA), o Arpa Comunidades, uma nova fase do programa Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa). A iniciativa reconhece o protagonismo dos territórios e o uso sustentável dos recursos naturais como pilares para a conservação do bioma. Com um planejamento de 15 anos (2025-2039), a estratégia beneficiará 130 mil pessoas, com foco especial nos territórios de 60 Unidades de Conservação (UCs).

O governo estima mobilizar mais de 120 milhões de dólares em doações. Os recursos serão investidos em cadeias da sociobioeconomia para fortalecer a geração de emprego e renda local e garantir serviços essenciais, como acesso à eletricidade e conectividade para 77 mil pessoas. A área total atendida será de 23,7 milhões de hectares de floresta amazônica, onde vivem mais de mil comunidades distribuídas em 43 reservas extrativistas (Resex) e 17 Reservas de Desenvolvimento Sustentável (RDS).

A ação será gerida pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) com o apoio do WWF-Brasil e do Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio). O anúncio conta ainda com esforços de parceiros como o WWF-EUA, Ministério da Cooperação Econômica e Desenvolvimento da Alemanha (BMZ), por meio do KFW, Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Bezos Earth Fund, Banco Mundial, Global Environment Facility e das organizações Zoma Lab, Gordon and Betty Moore Foundation, Laurie and Jeff Ubben, Margaret A. Cargill Philanthropies, Rainforest Trust, Walmart Foundation, Bobolink Foundation, Andes Amazon Fund, Enduring Earth e The Nature Conservancy.

O anúncio ocorreu no Pavilhão Brasil, da Zona Verde da conferência, com a presença da ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva. “Povos e comunidades tradicionais, com seus modos de vida e saberes transmitidos ao longo de gerações, são essenciais no enfrentamento à mudança do clima. O Arpa Comunidades busca fortalecer suas organizações, apoiar a gestão dos territórios, gerar renda sustentável para populações extrativistas com base nas cadeias da sociobioeconomia e ampliar o acesso à energia e conectividade para impulsionar seus empreendimentos”, destacou. “Esse esforço conjunto do governo brasileiro e de parceiros demonstra que cooperação, solidariedade e construção compartilhada são caminhos eficazes para políticas públicas que valorizam quem protege nossos ecossistemas.”

“O Brasil está comprometido em fortalecer o papel crucial das comunidades tradicionais no enfrentamento dos desafios climáticos e ambientais. Com o Arpa Comunidades, a nossa proposta é valorizar a floresta e as pessoas que a mantêm em pé, por meio de seus conhecimentos passados de geração em geração e por seu  próprio estilo de vida. Temos um grande desafio, mas também uma oportunidade de criar um ciclo de prosperidade para os verdadeiros guardiões das nossas florestas”, declarou Marina Silva.

A ministra contextualizou a iniciativa dentro de um esforço amplo do governo de promover um desenvolvimento justo e sustentável, que inclui, entre outras medidas, o Plano de Transformação Ecológica, o Plano Clima e o Planos de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm). Comprometimento que, desde o início do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, já resultou em  50% de declínio do desmatamento no bioma na comparação com 2022, segundo o sistema Prodes, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) (saiba mais aqui).

Em sua fala, o secretário-executivo do MMA, João Paulo Capobianco, enfatizou o comprometimento dos vários setores da sociedade para viabilizar o programa. “Um legado construído coletivamente em benefício da conservação e da promoção da diversidade sociocultural brasileira”, explicou.

“Devemos salvaguardar o futuro da floresta tropical da Amazônia brasileira, fonte de vida, e das comunidades locais. As populações tradicionais da região amazônica desempenham um papel crucial na proteção da biodiversidade local e na garantia da conservação da região a longo prazo”, afirmou o diretor executivo do WWF-Brasil, Mauricio Voivodic.

A secretária-geral e CEO do Funbio, Rosa Lemos de Sá, enfatizou que a priorização das comunidades fortalece as ações de justiça climática. “O acesso direto aos recursos por aqueles que vivem e entendem profundamente a floresta é um passo crucial para a conservação da Amazônia. Com o Arpa Comunidades, acredito que estamos mudando a face e o futuro da Amazônia brasileira para melhor.”

O ARPA Comunidades integra o movimento Enduring Earth (Terra Duradoura, em tradução livre), que estabelece parcerias entre países e comunidades para acelerar os esforços de conservação, combater a perda de biodiversidade, garantir financiamento duradouro e melhorar o desenvolvimento econômico usando o modelo de Financiamento de Projetos para a Permanência.

“A conservação só perdura quando as populações locais prosperam junto com a natureza. O modelo de Financiamento de Projetos para Permanência, por trás do Arpa Comunidades reúne todos os setores da sociedade para criar um futuro em que tanto a Amazônia quanto seus povos prosperem”, pontuou o presidente e CEO do WWF-US, Carter Roberts.

A avaliação foi compartilhada pelo presidente do Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), Júlio Barbosa. “A partir do momento que as comunidades passam a exercer o papel de protagonistas – participando das decisões, assim como na execução – vamos criando uma governança mais forte, transparente e ativa. Não tenho dúvidas que o ARPA Comunidades será um instrumento transformador e que irá fortalecer a produção extrativista sustentável, valorizando nossas tradições e contribuindo para a preservação da nossa floresta Amazônica.”

Arpa

O programa Áreas Protegidas da Amazônia foi lançado pelo presidente Lula em 2002 e visa fortalecer o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) na Amazônia.

Em junho deste ano, a iniciativa foi reestruturada pelo Decreto 12.484/2025, que ampliou a ação e permitiu o apoio direto às comunidades localizadas em 60 Unidades de Conservação (UCs) de uso sustentável. A medida estabeleceu ainda o fomento às atividades econômicas oriundas das cadeias da sociobiodiversidade. Saiba mais aqui.