CEPENE integra a IX Expedição Aos Montes Oceânicos Da Cadeia De Fernando De Noronha
10 de dezembro de 2025Expedição inédita mapeia montes oceânicos com foco na biodiversidade em águas profundas e no fortalecimento da conservação marinha pelo Instituto Chico Mendes
“ICMBio no mar aberto, no oceano profundo”:
Os registros são feitos por meio de filmagem com câmeras submersas acopladas em um sistema chamado Sassanga. Foto: Divulgação/IX Expedição
Aconteceu, entre os dias 20 e 28 de novembro, a IX Expedição aos Montes Oceânicos da Cadeia de Fernando de Noronha (PE). Com uma equipe de 13 participantes, sendo um deles servidor do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) foi possível completar o levantamento e o mapeamento de três montes oceânicos da Cadeia Submarina do arquipélago Sueste, Leste e o Atol das Rocas.
Assim, a expedição, uma parceria entre UFPE, CEPENE, Instituto Recifes Costeiros, WWF Brasil, Blue Nature Alliance, INCT Bio Amazônia Azul, finaliza um mapeamento iniciado em 2021, como foco na geobiodiversidade da região, em um mapeamento dos recifes mesofóticos, que são recifes de coral localizados em águas profundas, entre 30 e 150 metros de profundidade, onde a luz é o fator mais limitante.
Em 2023, o Centro Nacional de Pesquisa e Conservação da Biodiversidade Marinha do Nordeste (CEPENE), um dos 14 centros de pesquisa vinculados ao ICMBio, e a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), elaboraram uma proposta de criação de uma Unidade de Conservação nessa área para a proteção da biodiversidade associada aos ecossistemas do fundo do mar e para ordenamento e sustentabilidade da pesca.
Leonardo Messias, coordenador do CEPENE e responsável pela descrição dos registros em vídeo, reforça a importância de expedições como essa, porque possibilitam a ida em lugares pouco estudados, o que possibilita a captação de imagens inéditas de ecossistemas do fundo do mar que se têm pouco conhecimento. “É uma oportunidade de descobrir a vida marinha nessas áreas ainda desconhecidas, e ver que ainda temos muito que aprender, realizar mais pesquisas, e principalmente gerar conhecimentos para garantir que essas áreas sejam protegidas e conservadas”, coloca.
Leonardo também reforça a importância desta expedição, em área tão distante da costa, para o repertório de pesquisa do Instituto Chico Mendes. “É o ICMBio no mar aberto, no oceano profundo. As duas cadeias de montanhas submarinas abrangem uma área muito grande a ser estudada, por isso esse trabalho de expedição teve início em 2016, e essa foi a IX Expedição. Gerar conhecimento sobre os ecossistemas do fundo mar, aplicar esse conhecimento para conservação marinha, e divulgar o que foi descoberto”, finaliza.
Os Montes Oceânicos
Os Montes Oceânicos são formações geológicas, formadas, em sua maioria, por atividades vulcânicas no fundo do oceano, que apresentam um substrato rico e abrigam importante biodiversidade marinha para a região do Nordeste do Brasil. Essas formações emergem do assoalho oceânico a 4 mil metros de profundidade e chegam na zona fótica, como bancos oceânicos, ou podem aflorar formando ilhas oceânicas e atóis. Fernando de Noronha e Atol das Rocas são os únicos montes com proteção legal, e gerenciadas pelo ICMBio. As demais 14 formações geológicas também são ambientes com alta biodiversidade, representando um oásis para a vida marinha.
E como são feitos os registros?
Os registros são feitos por meio de filmagem com câmeras submersas acopladas em um sistema chamado Sassanga. A Sassanga, nome em homenagem a uma ferramenta utilizada por pescadores para identificar a profundidade e a composição do assoalho oceânico, é lançada presa a um cabo que vai até o fundo do local que está sendo estudado, cerca de 40 a 100 metros de profundidade. As imagens são monitoradas da superfície da embarcação e são gravadas para posterior análise junto aos dados oceanográficos coletados durante o monitoramento.
Comunicação ICMBio
