Parque Nacional

Seminário no Parque Nacional do Iguaçu (PR) reúne, pela primeira vez, mulheres que atuam na Proteção de UCs Federais

23 de dezembro de 2025

Evento inédito para o ICMBio, promovido pelo Coletivo Jacarandá, fortalece a atuação feminina na fiscalização e no Manejo Integrado do Fogo, promovendo troca de experiências e construção de redes de apoio

Comunicação ICMBio 

Com as Cataras do Iguaçu como cenário, as servidoras puderam trocar experiências e avançar em demandas. Foto: Stephanie Rocha/ICMBio

O Parque Nacional do Iguaçu, no Paraná, recebeu, entre os dias 9 e 11 de dezembro, o 1º Seminário de Mulheres na Proteção das Unidades de Conservação (UCs) Federais. O evento reuniu, pela primeira vez, servidoras de todo país que atuam na agenda da Proteção, o que engloba os processos de fiscalização e Manejo Integrado do Fogo. 

O evento abordou os principais desafios enfrentados pelas servidoras, identificou as lacunas formativas e fomentou uma maior atuação das mulheres na fiscalização e no manejo integrado do fogo, áreas ainda interpretadas por um olhar majoritariamente masculino. Além disso, foi possível a troca de experiências e conhecimentos, fortalecendo e solidificando uma rede de apoio que envolve as servidoras efetivas do ICMBio, brigadistas, agentes temporárias ambientais (ATAs), voluntárias, colaboradoras e servidoras de órgãos parceiros, como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). 

Na abertura, o Seminário contou com a participação do presidente do ICMBio, Mauro Pires. Em sua fala, Pires reforçou o compromisso da gestão em promover a equidade de gênero na instituição. “A desigualdade entre homens e mulheres não é destino, nem lei da natureza. Ela é construída no dia a dia – nas piadas que se aceita, nas oportunidades que se abrem ou fecham, na forma como se distribui confiança e poder dentro das equipes”, refletiu. Ele também ressaltou que o recorte do Seminário – as mulheres da Proteção – é bastante estratégico, já que esta área temática concentra muito da cultura masculina, em que assimetrias ocorrem com mais força. 

“Ter consciência do nosso valor, do nosso potencial e capacidade, é fundamental para que a gente possa superar barreiras e ter condições de promover a transformação, a mudança de paradigma. Por isso, as trocas que estamos tendo aqui são muito ricas”, pontuou a diretora de Criação e Manejo das Unidades de Conservação (DIMAN), Iara Vasco. 

Temas em debate 

O evento foi dividido em cinco painéis, que trataram de temas como as origens e desafios da Proteção no Instituto Chico Mendes; inspirações para enfrentar os desafios institucionais; e fomento à liderança feminina. Para além, o Seminário proporcionou um espaço com a Ouvidoria e Corregedoria, que informaram sobre encaminhamentos e canais de atendimento. Concomitantemente, as participantes realizaram atividades em grupo que discutiram temas como assédio, maternidade, predominância masculina, mulheres em espaços de chefia e proposições de melhorias para as condições em campo. 

Simone Santos, ponto focal de proteção do Núcleo de Gestão Integrada (NGI) Cuniã-Jacundá, em Rondônia, foi uma das convidadas dos painéis. Ela já ocupou cargos de liderança no Instituto, o último, como Coordenadora de Fiscalização (COFIS/DIMAN). “Eu sou uma mulher negra, amazônida, e tive bastante dificuldades e desafios. Sempre exerci cargos de chefia e costumava ser a única mulher no meio de vários homens, então sempre precisei me posicionar sendo mulher”, pontuou, relembrando de dois dos maiores desafios de sua carreira, como a retirada de todo o rebanho bovino da Reserva Biológica do Jaru e a retirada de invasores da Floresta Nacional do Bom Futuro. Simone colocou que nas duas ocasiões possível sentir um peso distinto de responsabilização por erros, marcado por seu gênero.

Fernanda Graciano/ICMBio Rafaela Souza/ICMBio

Para Jackeline Nóbrega, analista ambiental do NGI Grandes Unidades Oceânicas, o Seminário é uma oportunidade de construção de ferramentas que levem em conta a pluralidade do ser mulher no Instituto, especialmente na Proteção. “Nós precisamos de melhorias que contemplem a nossa realidade enquanto servidoras públicas, enquanto mães, enquanto mulheres que ocupam cargos de liderança. Da cozinheira da brigada à fiscal da operação. Este é um espaço de acolhimento, mas também para construirmos pontes e oportunidades melhores”, refletiu. 

Outro tema em pauta foi o etarismo, um desafio em superação para a técnica administrativa do Centro de Manejo Integrado do Fogo (CEMIF), Rita de Cássia. Rita conta estar experimentando um novo momento da carreira, realizando coisas novas e desafiando o etarismo. Ela foi uma das novas instrutoras formadas pelo CEMIF em 2025, num processo seletivo inédito, que buscou incentivar a participação feminina. “É revigorante descobrir novos desafios, ter outras atuações e ser útil para a minha instituição, mesmo num cenário onde muitos apontam que não tenho idade para isso”, revelou. 

Organização 

O evento foi organizado pelo Coletivo Jacarandá, um grupo independente formado por servidoras que atuam na Proteção, apoiado pelo Parque Nacional do Iguaçu (PR),  pela Diretoria de Manejo e Criação de Unidades de Conservação (DIMAN) e sua Coordenação de Fiscalização (COFIS/CGPRO) e Centro Especializado em Manejo Integrado do Fogo (CEMIF/CGPRO). 

Comunicação ICMBio