Transposição de prioridades

12 de dezembro de 2003

Ainda com vários mananciais locais a serem explorados no Nordeste Setentrional, o governo Lula promete gastar dinheiro para tentar colocar de pé a polêmica idéia da transposição do São Francisco.O fato é que com a transposição, busca-se água a mais de 1000 km. Pior, dizem os técnicos que a água vai chegar ao destino pela… Ver artigo

Ainda com vários mananciais locais a serem explorados no Nordeste Setentrional, o governo Lula promete gastar dinheiro para tentar colocar de pé a polêmica idéia da transposição do São Francisco.
O fato é que com a transposição, busca-se água a mais de 1000 km. Pior, dizem os técnicos que a água vai chegar ao destino pela metade, pois o sol “beberá” a outra metade.
Não custa lembrar que as soluções locais são sempre mais baratas.
Mesmo sabendo que, no Brasil, o que não falta é o promotor da grande obra.

Transficção
Quem leu o artigo do ex-ministro do Trabalho, Marcelo Pimentel, no Correio Braziliense de 15.09.03, ficou com a nítida idéia de que o Orçamento Plurianual do Governo Federal (PPA), de um trilhão de reais, não passa de uma peça de ficção.
Pois bem, o maior projeto nesse orçamento é o da transposição do São Francisco, que já está sendo chamado na Esplanada de “transficção”.


Mineiridade aeciana
Cada estado da região da bacia do São Francisco apresentou sua demanda por compensações para concordar com a transposição.
A melhor “pedida” foi a de Minas que, enxergando de logo que não existem os R$ 20 bilhões para o empreendimento como um todo, propôs fazer logo as barragens que ainda faltam ser feitas em seu território.
De quebra, mudou a geografia e incluiu o Jequitinhonha no Vale do São Francisco, com duas barragens. Ponto para criatividade do governador Aécio Neves.


Nova geografia
A “tirada” dos mineiros em colocar o Jequitinhonha na negociação do São Francisco segue a mesma lógica da governadora Rosinha Garotinho de incluir as areias de Copacabana e de Ipanema na região da Sudene.
É bom avisar aos garotinhos do primeiro grau que tudo isto não passa de artifício.


“Na natureza, todos os experimentos são rigorosamente testados, em milênios.
Pequenas mutações aventuram-se em ecossistemas implacáveis e testam seu vigor.
Tudo o que não funciona é cancelado pelo criador. O que está vivo, hoje,
é o que funcionou: só os sucessos produzem descendências”.

A frase é dos cientistas norte-americanos, Amory Lovins e Rocky Mountain ? http://www.rmi.org

Água Mineral 1 – Audiência

12 de dezembro de 2003

– A segunda audiência pública promovida pela Assembléia Legislativa de MG, dia 22 de agosto, em São Lourenço, foi definitiva: o DNPM provou os erros da Nestlé e a empresa tem prazo de 60 dias para entregar novo plano de aproveitamento econômico da água mineral do Poço Primavera.– O DNPM deixou bem claro suas exigências… Ver artigo

A segunda audiência pública promovida pela Assembléia Legislativa de MG, dia 22 de agosto, em São Lourenço, foi definitiva: o DNPM provou os erros da Nestlé e a empresa tem prazo de 60 dias para entregar novo plano de aproveitamento econômico da água mineral do Poço Primavera.
O DNPM deixou bem claro suas exigências em relação à exploração de águas minerais, feita pela Nestlé na cidade. Quer o fim da desmineralização da água ferruginosa.
As conclusões expostas foram resultado de um longo processo: houve audiências, vistorias técnicas, reuniões tanto com a empresa como com a comunidade.
Foi constatado o uso indevido da água do Poço Primavera, utilizada para produzir Pure Life, e o diretor do DNPM, João César Pinheiro, declarou que a Nestlé tem 60 dias para apresentar novo plano de aproveitamento econômico, pois não poderá mais fazer a Pure Life, em São Lourenço.
João César também destacou a importância de se valorizar a cidade como estância hidromineral: “A Nestlé deve agir aqui como age em outros países. Contamos com o apoio do governo Aécio Neves para que possamos colocar as águas de Minas Gerais no patamar que elas merecem”, declarou.

Água Mineral 2 – Desculpa
Carlos Faccina, diretor da Nestlé, afirmou que a empresa estava tranqüila, pois não havia trabalhado na ilegalidade e concordava em atender às exigências do DNPM.
Um detalhe: pela primeira vez, nos quase três anos de conflito em São Lourenço, a Nestlé compareceu a uma reunião levando um grupo de funcionários, devidamente uniformizados, com faixas de apoio a si própria.
Já é uma mudança de estratégia.


Água Mineral 3 – Perguntas
Quatro perguntas prcisam de respostas objetivas:
1 – O prazo de 60 dias dado pelo DNPM é para a Nestlé estancar o crime da desmineralização da água em definitivo?
2 – O- O forte discurso do DNPM na audiência pública foi para valer ou foi apenas para serenar os ânimos da comunidade ambientalista?
3 – A Nestlé vai cumprir a promessa pública de fazer de São Lourenço uma referência mundial em turismo e desenvolvimento sustentáveis?
4 – A Nestlé quer diálogo com a comunidade? Vai continuar sendo um estorvo ou um orgulho para São Lourenço?


Água Mineral 4 – Visita do Senado
O Senado Federal acompanha de perto as denúncias sobre a superexploração da Água Mineral em MG.
A Sub-Comissão de Extração Mineral da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, presidida pela senadora Ana Júlia Carepa (PT-PA) deliberou visitar as estâncias mineiras.
A depredação de recursos minerais por parte das empresas detentoras dos direitos de exploração das águas é grave e a viagem mais do que oportuna.


Os sonhos e as virtudes
“A vida de um homem não se mede pelos anos que ele viveu, mas sim pelos sonhos que realizou”.
A frase calha muito bem para se lembrar do jornalista Roberto Marinho, que faleceu dia 6 de agosto, aos 98 anos, pela sua fantástica obra: a TV Globo.
A Globo é o carro chefe de uma empresa que integrou o Brasil pela valorização da cultura nacional, pela preservação dos monumentos históricos, pela educação e pela informação.
Socialmente me encontrei várias vezes com o dr. Roberto Marinho, mas apenas uma vez, em 1978, estive longamente com ele, almoçando no seu gabinete na TV Globo.
Éramos três: ele, Harry Amorim, ex-governador do Mato Grosso do Sul, e eu. Foi um encontro interessante, pois dr. Roberto, aos 73 anos, estava no auge de sua vivacidade e influência. Contou algumas histórias, queria saber muito sobre o Pantanal e sobre a criação do novo Estado. Mas uma das coisas que guardo até hoje foi quando a conversa, depois de um licor, tomou ares de filosofia e o tema era as virtudes humanas.
Dr. Roberto foi incisivo: – Meus amigos, a maior virtude humana é o bom senso. Sem bom senso, até a maior das virtudes fica chata.
É a pura verdade!


*** TOME NOTA: Goiás será o primeiro estado brasileiro a criar uma Agência Estadual de Águas, nos moldes da Agência Nacional, a ANA. O secretário Paulo Souza Neto, do Meio Ambiente, sabe das coisas. ***