Ecologia & Saúde

As crianças são a esperança

28 de janeiro de 2004

Confesso que já estava meio descrente na salvação do meio ambiente brasileiro, depois de observar o tanto que nossos recursos naturais foram degradados e continuam sendo pela ação predadora de adultos insensíveis, que parecem não atinar para o fato de que estão abrindo caminho para a desertificação de grandes áreas de nosso País. É uma… Ver artigo

Confesso que já estava meio descrente na salvação do meio ambiente brasileiro, depois de observar o tanto que nossos recursos naturais foram degradados e continuam sendo pela ação predadora de adultos insensíveis, que parecem não atinar para o fato de que estão abrindo caminho para a desertificação de grandes áreas de nosso País. É uma herança maldita que estão deixando para filhos e netos que, neste aspecto, nada terão para reverenciar a memória de seus antepassados. Mas meu idealismo ecológico retomou o fôlego depois de acompanhar o noticiário, principalmente da TV, durante a Semana do Meio Ambiente deste ano, quando foram mostradas crianças agindo e falando de forma ecologicamente corretas.


E não eram as crianças embasbacadas de outrora, recitando poeminhas de amor às plantinhas e de carinho pelos bichinhos. Eram meninos e meninas parecendo e falando como gente grande sobre a problemática da degradação do meio ambiente. É claro que se notava estarem sedimentados, por detrás do que diziam, os ensinamentos bem dados pelas professoras e os colhidos em leituras e observação das ações de agressão aos nossos recursos naturais. Portanto, parabéns aos mestres, pelo empenho em introduzir na sociedade brasileira um nova geração de futuros dirigentes que, ainda crianças, já estão puxando as orelhas dos adultos poluidores e predadores, e que, quando estiverem em posição de comando, certamente irão promover a recuperação das áreas degradadas pela exploração desenfreada de gerações passadas.


A propósito da importância da escola e professores na preservação dos recursos naturais, vale aqui uma consideração sobre a absurda extinção, no Ministério da Educação, da Coordenação de Educação Ambiental, logo que Lula assumiu a Presidência da República, para que a verba ali gasta viabilizasse empregos em outros órgãos. Mas o governo petista caiu na real e já reativou aquele órgão, porque seria o fim-da-picada deixar o ensino fundamental privado de um órgão normativo de uma questão vital para a sobrevivência da população num meio ambiente degradado em decorrência da ignorância e ganância das pessoas. Mas só a reativação da Coordenação de Educação Ambiental do MEC não basta: é preciso dar ao órgão mais condições humanas e materiais para que a educação ambiental chegue às escolas de forma a fazer ainda mais a cabeça da criançada para a importância da preservação do meio ambiente, sem o que as condições de vida no futuro sejam as de fim do mundo, com poluição generalizada da água, ar e terra.


De olho nas domésticas – Há um programa de uso racional da água que, de bom, pode ficar ótimo se for estendido para todo o país, principalmente objetivando reeducar as empregadas domésticas, para que deixem de desperdiçar esse líquido tão precioso e que chegará às nossas casas a preço exorbitante devido à escassez e se os cursos d’água continuarem sendo poluídos, demandando gastos cada vez maiores para a potabilização. Refiro-me a programa desenvolvido no Nordeste pela ONG Redeh (Rede de Desenvolvimento Humano) que, partindo da constatação de que são as mulheres as maiores usuárias de água, elas devem ser o alvo preferencial das campanhas de economia da água que chega às residências. Então, que se conscientize particularmente as empregadas domésticas, por exemplo, mostrando a elas que a água que elas pouparem na casa das patroas poderá viabilizar o abastecimento onde moram seus familiares.


Exemplo brasiliense – Em Brasília, então, a crise no abastecimento d’água já se avizinha. Acontece que a nova capital do País foi construída num planalto que só tem pequenos rios, cujas nascentes estão minguando devido aos desmatamentos, proliferação de poços artesianos e impermeabilização do solo com asfalto e concreto, impedindo a infiltração da água da chuva para recarga dos aqüíferos. Se o Distrito Federal tivesse crescido segundo a meta idealizada por Juscelino Kubitschek, o fantasma do desabastecimento d`água não assombraria, porque JK queria uma cidade-admistrativa de no máximo 500 mil habitantes. Mas os governantes pós-JK perderam o controle sobre os grileiros e os especuladores imobiliários e, hoje, o DF passa dos 2 milhões de habitantes. Agora, tenta-se resolver o impasse do abastecimento d`água aproveitando o lago de uma hidrelétrica em construção nas cercanias da capital. Só que será uma água que os consumidores pagarão caro, devido aos gastos com tubulações, bombeamento e tratamento, visto que o rio represado (o Corumbá) é o receptador do esgoto das fazendas, chácaras e núcleos residenciais da região.


Turismo verde-amarelo – Nestas férias de meio do ano (e também em todas as outras), vamos parar com esta mania de achar que só há boas atrações no exterior. Está na hora de olharmos para nosso próprio umbigo, viajando por este brasilzão, inclusive porque, se gastarmos nosso dinheiro aqui, daremos condições financeiras para a melhoria da infra-estrutura do turismo nacional, em termos de hotéis, restaurantes etc. Podemos fazer turismo de lazer e principalmente ecoturismo para sentir como é encantadora a natureza de nosso País. Então, quem tem filhos terá a oportunidade de aumentar nas crianças o amor pela terra onde nasceram e desenvolvendo nelas o espírito de preservação ecológica. Assim, que tal levar a galera ao Pantanal, Amazonas, Fernando de Noronha, ao Itaimbezinho, que deu os maravilhosos cenários da novela “A casa das sete mulheres”? Isto para citar um pouco dos muitos locais encantadores para fazermos ecoturismo verde-amarelo.