Folha do Meio Ambiente

Tocantins na Praia

O Naturatins mobiliza grande parte de seu pessoal no projeto Tocantins na Praia, executado em três fases diferentes, sempre em parceria com outros órgãos e entidades. A primeira acontece bem antes do início da temporada, com a capacitação de monitores ambientais. Esses monitores são indicados pelas prefeituras dos municípios onde existem praias. Eles aprendem lições importantes sobre acondicionamento de lixo e preservação do ambiente natural. Num segundo momento, essas lições são repassadas aos banhistas. Também cabe aos monitores a fiscalização do lixo jogado na areia e no próprio rio, fazendo a limpeza e distribuindo sacolinhas plástica.
A segunda etapa são reuniões com os barqueiros, que recebem orientação sobre segurança e limpeza nos barcos que fazem travessia dos rios, e com os barraqueiros para que acondicionem corretamente o lixo produzido em seus estabelecimentos, separando também o material orgânico dos recicláveis. As duas categorias são orientadas também quanto à necessidade de estarem licenciadas junto ao órgão ambiental para exercer legalmente as atividades.
A terceira e última etapa é o monitoramento da qualidade da água. Técnicos do Naturatins colhem semanalmente amostras de água em vários pontos dos rios, principalmente nas áreas que concentram o maior número de banhistas, e fazem análise para testar a balneabilidade da água. Este trabalho permite ao órgão ambiental do estado controlar os níveis de poluição da água e tomar as medidas necessárias caso atinja índice considerado fora do normal.
Todo o trabalho é feito com a distribuição de kits com material produzido especialmente para o trabalho nas praias. Todos os envolvidos recebem uma camiseta e um chapéu personalizado com o nome do projeto, uma cartilha com instruções sobre o usufruto pleno da temporada, das belezas naturais e a preservação.

O cuidado com as praias

O ministro do Esporte e Turismo, Caio Carvalho, tem batido numa tecla importante: “As comunidades e habitantes de lugares turístico têm que ter sempre em mente que uma cidade ou uma praia só é boa para os turistas se forem boas também para seus cidadãos”. Daí a responsabilidade das autoridades e dos habitantes locais para com o ambiente.

Resultados

O presidente do Naturatins, Isac Braz da Cunha, explica que o trabalho de conscientização e educação ambiental é, sem dúvida, o mais difícil, pois requer mudanças de hábito. “Quem tem o hábito de jogar no chão o lixo que produz demora a entender que isto é errado e que ele precisa ajudar a preservar o local limpo”, ensina. Mas ele se anima quando lembra dos avanços já alcançados. “O Tocantins na Praia teve início em 1996 e, mesmo sabendo que este trabalho precisa de tempo para apresentar resultados, já tivemos algumas conquistas”, anuncia.
Hoje, as praias terminam a temporada mais limpas e os níveis de contaminação das águas dos rios também é bem inferior aos registrados em anos anteriores ao projeto. “Além do trabalho de educação ambiental, que antecede o início das praias, a equipe de fiscalização trabalha sem parar para evitar outros tipos de agressão, como a pesca predatória e a derrubada de mata ciliar para montagem de acampamentos”, informa Isac.
A procura por licenciamento por parte das prefeituras também aumentou. O presidente do Naturatins informa que não é permitida a instalação de nenhuma estrutura nas margens dos rios ou nas ilhotas sem que o órgão ambiental avalie sua viabilidade e conceda a licença para funcionamento.

Praias permanentes

Alguns municípios passam a ter, a partir deste ano, praias permanentes. Isto está sendo possível por causa do lago da usina hidrelétrica, construída em Lajeado. O lago atinge seis municípios, sendo que em Palmas e Porto Nacional ele fica no perímetro urbano, o que permite um aproveitamento maior para implantação de projetos turísticos e de lazer. Na capital, duas praias permanentes e uma ilha já foram abertas ao público. Nestes municípios, o cuidado é redobrado. O alerta de Isac Braz da Cunha é quanto ao licenciamento. “Nenhuma praia pode ser aberta sem a licença do órgão ambiental, sob pena de ser fechada e seus responsáveis punidos”, explica.
Nas praias permanentes o trabalho da equipe de Educação Ambiental e de Fiscalização do Naturatis será constante. “Temos que ter um cuidado todo especial nesta primeira fase de uso do lago e de suas praias, pois como se trata de um empreendimento novo temos condições de educar os banhistas para ouso racional do local”, acredita Idalto Vespúcio Juliate, coordenador de Fiscalização do órgão.
Juliate informa que a fiscalização das rodovias também está mais rigorosa, com objetivo de evitar o transporte de peixes, vítimas da pesca predatória. “Não queremos prejudicar as férias ou o lazer dos banhistas, mas precisamos tomar estes cuidados para que tenhamos muitas outras temporadas”, comtemporiza.