Consumidor vai poder monitorar a qualidade

26 de fevereiro de 2004

94% dos esgotos no Brasil não são tratados e 80% das doenças são decorrentes da  falta de saneamento. Segundo a OMS, para cada R$ 1,00 investido em saneamento  o Governo economizaria R$ 5,00 em serviços de saúde.  As empresas de abastecimento de água terão de enviar a todos os seus consumidores um relatório anual sobre… Ver artigo

94% dos esgotos no Brasil não são tratados e 80% das doenças são decorrentes da 
falta de saneamento. Segundo a OMS, para cada R$ 1,00 investido em saneamento 
o Governo economizaria R$ 5,00 em serviços de saúde. 


As empresas de abastecimento de água terão de enviar a todos os seus consumidores um relatório anual sobre a qualidade da água oferecida, permitindo que as pessoas que bebem e dão outras utilizações à água possam monitorar sua qualidade.

A exigência, já em vigor, faz parte da Portaria nª 1.469, do Ministério da Saúde, que estabeleceu novo padrão de potabilidade para a água destinada ao consumo da população.

O texto final da portaria resultou de discussões realizadas por técnicos da Fundação Nacional de Saúde, com o apoio da Organização Pan-Americana de Saúde e de associações de empresas estaduais e municipais, além de profissionais em saneamento.

Também participaram dos debates que levaram à portaria, os Conselhos Nacionais de Saúde e do Meio Ambiente, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Agência Ambiental Americana e a Universidade de Adelaide, na Austrália.

As principais alterações envolvem os seguintes pontos

1) – Definição dos deveres e das responsabilidades do nível federal, estadual e municipal da qualidade da água para consumo humano;

2) – Inclusão de mecanismos que possam impedir o uso de substâncias que, se presentes na água de consumo, mostram-se danosos à saúde humana;

3) – Valorização dos direitos do consumidor por intermédio da divulgação de informações sobre a qualidade da água consumida;

4) – Inclusão de definições de responsabilidades para os sistemas sob gestão pública e privada, com relação ao fornecimento, captação, tratamento, controle e vigilância da qualidade da água de consumo humano;

5) – Retirada do rol de produtos a serem analisados, para detecção de resíduos, de alguns agrotóxicos que não são mais comercializados e outros proibidos de comercialização;

6) – Inclusão na listagem de produtos a serem analisados, para detecção de resíduos, de agrotóxicos desenvolvidos mais recentemente e comercializados, sem que existisse, até o momento, a obrigação do seu controle por parte do Setor Saúde;

7) – Aumento no número de parâmetros do padrão de potabilidade para substâncias químicas que representam riscos à saúde, de 50 para 76,visando à melhoria da qualidade da água para consumo humano;

8) – Estabelecimento de limites de tolerância para o organismo humano das cianobactérias (algas azuis) encontradas na água de consumo humano.

Segundo ainda a portaria, as empresas de abastecimento de água terão um prazo máximo de dois anos para assimilar as novas recomendações.

 


Água é fundamental até na fabricação de carros

Na vida útil de um automóvel muita água também é usada para sua limpeza

Estão equivocados os que imaginam que a relação entre o automóvel e a água se limita ao radiador. Gasta-se muita água para produzir um carro, e o peso desse insumo no custo de produção do veículo pode chegar a 1,5%, o que não é nada desprezível, considerando as dezenas de milhões de veículos produzidos no mundo todos os anos. No Brasil, a produção este ano ficará em torno de 1,5 milhão de automóveis.

Grande parte da água consumida em uma fábrica de veículos destina-se a atividades de produção tais como a armação da carroceria, a pintura e a montagem final.

Com o crescente aumento do consumo de água, especialmente no Sudeste, onde se localizam as principais indústrias automobilísticas, estas passaram a se preocupar com o custo da água na produção de veículos.

General Motors

Em São Caetano, São Paulo, a General Motors reutiliza 90% da água consumida na produção de seus veículos. A água, captada no rio Tamanduateí, é submetida a tratamento através de estações instaladas pela empresa.

Volks

A Volkswagen reduziu em quase cem mil metros cúbicos o consumo de água em sua unidade de São Bernardo, em São Paulo, nos últimos três anos, com a intenção de reduzir a conta mensal de água da fábrica.

A empresa construiu nove poços artesianos, o que lhe permitiu reexaminar os contratos de fornecimento de água mantidos com a companhia paulista de saneamento, a Sabesp, e reduzir o gasto com água potável, de cinco reais para apenas um real por metro cúbico.

Com essa medida, a empresa espera reduzir substancialmente o consumo de água por veículo montado, e ainda diminuir os dispêndios com a manutenção de esgotos.

Fiat

Em Betim, na Grande Belo Horizonte, a Fiat está seguindo o mesmo caminho da montadora alemã, e anuncia o reaproveitamento de 92% da água que consome na produção de seus veículos, índice que até 1998 era de apenas 40%. 

O salto foi o resultado direto de um investimento de R$ 12 milhões em estações biológicas de tratamento, cujo retorno ocorreu em apenas três anos.

O reaproveitamento impede que a água seja descartada após sua utilização. A cada final do ciclo produtivo, toda a água utilizada é plenamente recuperada, o que levou a Fiat a dispensar a compra de 120 mil metros cúbicos de água por mês à Copasa, a companhia mineira de saneamento.