Água escassa
25 de março de 2004De 1950 a 2000, a disponibilidade de água em mil metros cúbicos, por habitante e por região, diminuiu de 20,6 para 5,1 na África; de 9,6 para 3,3 na Ásia; de 5,9 para 4,1 na Europa e de 37,2 para 17,5 na América do Norte. Por causa do Brasil, que detém 8% da água… Ver artigo
De 1950 a 2000, a disponibilidade de água em mil metros cúbicos, por habitante e por região, diminuiu de 20,6 para 5,1 na África; de 9,6 para 3,3 na Ásia; de 5,9 para 4,1 na Europa e de 37,2 para 17,5 na América do Norte.
Por causa do Brasil, que detém 8% da água doce mundial, a disponibilidade que era de 105 mil metros cúbicos por habitante em 1950 caiu para preocupantes 28,2 no ano 2000.
Ao mencionar esses dados, em discurso, o senador Tião Viana, do PT do Acre, citou o presidente da Caixa Econômica, Emílio Carazzai, para quem 51% dos domicílios na área urbana no Brasil não contam com rede coletora de esgotos.
Serra e Carrazai
O Ministro da Saúde, José Serra, resolveu jogar areia no programa de privatização das empresas de saneamento básico.
Segundo Serra, vai ser muito difícil controlar as empresas de saneamento privatizadas, pois seus donos só visarão o lucro, o que significa que a água e o esgoto jamais irá para a periferia pobre.
Mas o presidente da Caixa Econômica, Emílio Carrazai é favor, sustentando que bastará a criação de um órgão regulador rigoroso para colocar todo mundo nos trilhos.
Essa postura tem o apoio de muitas lideranças políticas no Congresso.
Olho vivo
Lideranças ambientalistas, daqui de dentro e de fora, estão atentas aos projetos de aproveitamento das hidrovias no transporte de carga pesada a longa distância.
Uma das principais, a Araguaia/Tocantins/Rio das Mortes, fundamentais para escoar a produção agropecuária do Centro-Oeste, está sob fogo cerrado, acusada de depredar o meio ambiente em uma vasta extensão do centro do país.
Mas para o senador do Tocantins, Leomar Quintanilha, tudo não passa de “interesses inconfessáveis” de algumas ONGs.
Pelo sim, pelo não, o Ibama está exigindo um completo estudo do impacto ambiental dessas hidrovias, antes de dar o sinal verde.
Transamazônica
Não faltaram comemorações pelos 30 anos da Transamazônica, a maior aventura do governo militar, que enterrou milhões de dólares em nome do sonho do Brasil potência.
Hoje, são quase 2,5 mil quilômetros de poeira, lama, buracos e pontes quebradas, produzindo um dos mais elevados custos mundiais de transporte por quilômetro rodado.
Os parlamentares da região, como o senador Luiz Otávio, do Pará, querem que o presidente Fernando Henrique Cardoso cumpra o compromisso eleitoral de, até o final do seu governo asfaltar a rodovia.
Desmatamento I
Causou estranheza que um representante do governo – Raul Madrid, do Ministério da Agricultura – tenha defendido, em recente audiência pública na Comissão de Assuntos Sociais do Senado, o desmatamento dos manguezais.
Madrid quer flexibilizar a preservação desse ecossistema para usar as áreas desmatadas para implantação de fazendas de camarão.
Pelos cálculos de Madrid, cada hectare desmatado permite a produção de 1.500 toneladas de camarão por ano e a geração de 500 empregos.
Desmatamento II
Aliás, antes mesmo de autorizado, esse desmatamento já começou, na marra.
Segundo Michel de Almeida, da ONG Rede Mata-Atlântica, manguezais já foram desmatados no município de Nazaré das Farinhas, na Bahia.
No local havia salinas, mas o manguezal cresceu, e agora foi destruído para a produção de camarões.
Os apanhadoras de caranguejos não gostaram.
Tragédia da Baía
Saiu das preocupações da mídia o desastre ambiental na baía da Guanabara, provocada por um vazamento de óleo da Petrobras.
Pescadores ainda trazem peixes com óleo do fundo da baía, mas a estatal reduziu a menos da metade a indenização que dava inicialmente aos que deixaram de pescar.
Uma comissão de cinco senadores visitou recentemente a região afetada, inclusive a refinaria Duque de Caxias, e pretende convidar para uma audiência pública os ministros das Minas e Energia, Rodolpho Tourinho, e do Meio Ambiente, Sarney Filho.
Justiça ambiental
Já está em pleno funcionamento a 1a Vara de Justiça Ambiental em operação no País.
Ela tem sede em Corumbá, no Mato Grosso do Sul, e começa a julgar os atentados ao meio ambiente – que são muitos – registrados na região.
Segundo o senador Ramez Tebet, do PMDB do Mato Grosso do Sul, a abertura da Vara foi precedida de um encontro que reuniu mais de 100 juízes de São Paulo e do Mato Grosso do Sul para discutir meio ambiente e indigenismo.
Apoio ao extrativista
Se depender de apoio do Senado, o trabalhador extrativista vegetal terá o benefício do seguro-desemprego durante o período em que estiver impedido de exercer a sua atividade.
Dois projetos, um da senadora Marina Silva, do PT do Acre, e outro do senador Nabor Júnior, do PMDB do mesmo Estado, dispõem sobre a mesma providência.
Trata-se de estender aos seringueiros os benefícios de uma lei federal que está em vigor desde dezembro de 1991, garantindo o seguro-desemprego aos pescadores artesanais durante o período do defeso.
Tocantins
Sem grandes recursos técnicos e financeiros, mas com muita determinação, o professor Guido Ranzani, da Universidade do Tocantis – Unitins – dá o exemplo.
Utilizando fotos de 1:60.000 de cobertura efetuada pela USAF nos idos de 1996, Ranzani, com seus alunos, acaba de elaborar uma Carta de Solos dos municípios de Porto Nacional e Ipueiras, no Estado do Tocantins.
Os mapas permitem identificar em detalhes o melhor uso agrícola das terras, as áreas efetivamente produtivas e as que devem ser preservadas.
Segundo o senador Eduardo Siqueira Campos, do PFL do Tocantins, o professor Guido Ranzani, oriundo da equipe do INPA – Instituto de Pesquisa da Amazônia – percorreu milhares de quilômetros de jipe e, em certos casos, a pé, com seus alunos, para realizar o trabalho.
WWF: Amor e ódio
A publicação do primeiro relatório de atividades da WWF no Brasil mostrou as relações de amor e ódio que as lideranças políticas mantêm com aquela organização não-governamental.
O senador cearense Lúcio Alcântara, elogiou sua atuação “decididamente marcante em determinados momentos” e seu “quadro técnico de sólida formação”.
Mas senadores como Gilberto Mestrinho e Leomar Quintanilha, vêm na WWF (e em todas as ONGs estrangeiras) pontas de lança para a espionagem internacional e a pilhagem dos recursos da biodiversidade brasileira.
Menos filhos
A presença cada vez maior da mulher no mercado de trabalho, disputando palmo a palmo cada centavo de salário com o homem, é a principal causa da acentuada redução da taxa de fecundidade das mulheres.
Essa taxa, que era de 6,3 filhos por mulher, em 1970, caiu para 2,4 filhos em 1997, e tende a reduzir-se ainda mais nos próximos anos.
Segundo dados levantados pela senadora Luzia Toledo, do PSDB do Espírito Santo, quanto maior é o nível de instrução das mulheres, menor é sua taxa de fecundidade.
Mesmo entre as menos instruídas do interior do Nordeste, tradicionais parideiras, a taxa de fecundidade caiu pele metade nos últimos vinte anos.