Ecologia & Saúde

Motores sujos

5 de março de 2004

  O leitor atento e a leitora minuciosa já devem ter observado o tanto de veículos pedindo aposentadoria que rodam por aí. Caindo aos pedaços, eles colocam em risco a vida não só dos seus ocupantes, mas dos demais usuários de ruas, estradas e calçadas: podem ficar sem freios, perder rodas e o estimbau, causando… Ver artigo

 

O leitor atento e a leitora minuciosa já devem ter observado o tanto de veículos pedindo aposentadoria que rodam por aí. Caindo aos pedaços, eles colocam em risco a vida não só dos seus ocupantes, mas dos demais usuários de ruas, estradas e calçadas: podem ficar sem freios, perder rodas e o estimbau, causando uma tragédia. Enguiçando à toa, atravancam o trânsito, o que não é apenas um estorvo, como também fator provocativo de acidentes.


Vocês poderão perguntar: “O que tem a Folha do Meio Ambiente a ver com carro do tempo do onça?” Tem, e muito. Acontece que estes veículos também são grandes poluidores do ar, terra e água. Seus motores têm regulagem difícil, e, assim, soltam aquela fumaceira. Com folgas por todos os lados, deixam cair óleo e graxa pelas rodovias. Em decorrência, só servem para tornar o ar irrespirável, a terra contaminada e as águas a caminho da impotabilidade. Assim, atentam contra a segurança do trânsito e a ecologia.


Então, fazer o quê? Dar uma de tiranete, proibindo a circulação desses calhambeques, apreendendo-os e amontoando-os no depósito dos detrans? Claro que não! Se alguém anda numa geringonça dessas geralmente é porque não tem dinheiro para comprar coisa melhor. Portanto, aqui não vale generalizar, chamando esses motoristas de relaxados, pois estamos num país onde o povão vive de cinto apertado, e muitos dependem dessas latas velhas para trabalhar, o que lhes impossibilita até de privar-se do veículo, deixando-o uns dias na oficina, para consertos mais caros do que o valor do carro.


Uma solução seria deixar de blá-blá-blá e implantar o tão-falado programa de renovação da frota automotiva nacional. Isto parece estar sendo emperrado pela queda-de-braço entre as autoridades fazendárias e as montadoras. Uns querem reduzir só uma titica nos impostos e juros incidentes sobre veículos automotores e os fabricantes nem pensam em cortar sua lucratividade, inclusive subavaliando o carro velho para efeito de troca. Espera-se que ambas as partes saiam de cima do muro, para o bem da segurança pública, do meio ambiente e da dinamização da indústria automobilística.


Agora, todo o cuidado é pouco, porque, nessa acomodação de interesses, podem trocar o roto pelo esfarrapado. Ou seja: o Ministério da Fazenda reduz a tributação e as montadoras cortam no preço dos veículos, só que fabricando-os para pouca duração. Se assim o fizerem, é claro que esses carros serão de material fraco e dotados de “motores sujos”, com tecnologia ultrapassada, inclusive desencalhados das matrizes das fábricas, em cujos países-sede as autoridades vigilantes da ecologia proibiram seu uso, por liberarem na atmosfera fumaça altamente poluente e logo pingarem óleo e graxa.


Educação ambiental 


Antes que tudo vire deserto, as pessoas com visão do futuro já se mobilizam para reparar os estragos feitos na natureza pela atual e gerações anteriores. E é inserida neste contexto que a Universa, Editora da Universidade Católica de Brasília, acaba de lançar o livro “Fundamentos de Educação Ambiental”, do professor Genebaldo Freire Dias. Além das livrarias, a obra pode ser obtida pelo telefone (61) 3356-9157 ou e-mail: [email protected]. O autor não só dá aulas sobre o assunto como chefia o Centro de Visitantes do Parque Nacional de Brasília (PNB). Ali, vem sendo desenvolvido um trabalho exemplar de conscientização das pessoas sobre a importância da preservação do meio ambiente e da recuperação dos espaços dagradados. Genebaldo e seus assessores dedicam atenção especial a comitivas de alunos, que saem dali de cabeça feita para respeitarem a natureza e puxarem a orelha de quem fizer o contrário. E o principal ensinamento levado pela garotada é o de que o Parque Nacional de Brasília está diretamente ligado à qualidade de vida na capital do país, seja em termos de ar respirável como de abastecimento d’água, sem falar na revigorante visita do público ao local, para esporte ou lazer, como nadar e percorrer suas trilhas. Então, palmas para o Genebaldo & Cia.


6 por S dúzia


Por falar nessa unidade de conservação do Ibama, mais conhecida como Parque da Água Mineral, seus freqüentadores estão agitando candidaturas a fim de eleger nova diretoria da Associação dos Amigos do PNB, entidade que sempre teve a marca da inutilidade para o público e de serventia para seus dirigentes. Portanto, toda a atenção na hora de votar, para que os eleitos cuidem das coisas do parque e não busquem apenas status e/ou regalias em seus empregos públicos ou em organizações não-governamentais (ONGs) ligadas ao meio ambiente. Caso contrário, essa eleição trocará 6 por S dúzia. 


Globo Rural


Na hora de malhar, ferro no boneco! Na hora de elogiar, palmas! E, agora, é o caso de dizer parabéns! ao pessoal do telejornalismo da Rede Globo, pela decisão de levar ao público diariamente, e não apenas nos domingos, o programa “Globo Rural”. E mais elogios merecerá a emissora se martelar na cabeça dos produtores do campo a importância da preservação do meio ambiente para que, movidos pela ânsia do lucro, não deixem para seus filhos e netos terras desérticas, e ar e rios poluídos para o resto do povo. Amém!