Caro leitor:

25 de março de 2004

  É muito bom coordenar uma equipe que todo mês faz um esforço grande para produzir um jornal voltado para a valorização da vida. É muito bom buscar os fatos, descobrir as histórias e mostrar o trabalho daqueles que lutam para aumentar a conscientização ambiental e melhorar a qualidade de vida das comunidades mais pobres…. Ver artigo

 


É muito bom coordenar uma equipe que todo mês faz um esforço grande para produzir um jornal voltado para a valorização da vida. É muito bom buscar os fatos, descobrir as histórias e mostrar o trabalho daqueles que lutam para aumentar a conscientização ambiental e melhorar a qualidade de vida das comunidades mais pobres. É bom, também, mostrar aos ricos algum caminho de como parar de desperdiçar e de como não poluir pela ganância. Sim, é muito bom ajudar a diminuir a miséria, na cidade ou no campo, porque ela é perversa. Ela mata o homem e a natureza. Para ter vida é preciso ter ar puro, ter arvoredos, ter água boa, ter saúde, ter emprego e ter esperança. 


E a vida está na capa dessa edição, quando mostramos as duas crianças índias, que nas águas lindas do rio Tocantins, celebram o renascimento da tribo dos Avá-Canoeiro. Uma tribo que foi dizimada pelo homem branco e que, hoje, tem no mesmo homem branco a força para renascer. Mas esse homem branco tem nome e sobrenome: é a antropóloga Eliana Granado e toda equipe do Departamento de Meio Ambiente de Furnas Centrais Elétricas. Eles são os responsáveis por esse quase milagre. 


Milagre que infelizmente ainda não chegou aos índios Pataxó que, como tantos outros índios, ao longo desses 500 anos, trocaram os cânticos de fé e as cerimônias nas matas brasileiras por lamentos e pedidos de socorro. Fica a ameaça de que, nos próximos 500 anos, o 19 de Abril – Dia do Índio – se transforme apenas em uma data para lembrarmos aqueles que, um dia, habitaram por primeiro a Terra de Vera Cruz. 


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Além da matéria de capa sobre os índios, falamos sobre os 500 anos, abrindo com um artigo especial do presidente Fernando Henrique Cardoso “O Brasil e o Desenvolvimento Sustentável” na página 5.


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A Amazônia, que no último levantamento do INPE, perdeu mais 14% da floresta, está na página 7 e, na página 9, um levantamento geral da devastação que o Brasil sofreu nesses 500 anos de ocupação. Uma perda grande, como diz Garo Barmaniann, do WWF, uma situação muito ruim, mas que, como na linguagem do futebol, dá para virar o jogo nesse segundo tempo.


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Ainda nessa edição, uma cobertura especial do seminário “Aguas – 2000 Qualidade de Vida e Desenvolvimento”, realizado pelo Senado Federal, onde se discute o uso e o abuso dos recursos hídricos no Brasil. 


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Meus amigos, é muito bom curtir a natureza e celebrar a vida. Sem vida não há nem como vibrar com o fechamento de mais uma edição da Folha do Meio e, muito menos, torcer para que o homem seja verdadeiramente de boa vontade e vire o jogo nesse segundo tempo dos novos 500 anos.








SUMMARY


Dear Reader:


It is very good to co-ordinate a team that every month makes a great effort to produce a newspaper directed to valuing of life. It is great to search for the facts, to discover our history and to show the work of those that fight to increase environmental awareness and to improve the quality of life of the poor communities. It is also good to show the rich a way to stop wasting and not polluting due to greed. Yes, it is very good to help diminishing misery, whether in cities or fields, because it is perverse. It kills mankind and nature. For life to fully exist it is necessary to have pure air, trees, clean water, good health, a job and hope.


And life is in the front-page of this edition, where we show two Indian children in the beautiful waters of Tocantins River, while they celebrate the renaissance of the Avá-Canoeiro tribe. A tribe who was almost extinct by the white man and that, today, has with help of the same white man the force to be born again. But this white “man” has a name and a last name: she is the anthropologist Eliana Granado and her team, supported by Furnas Power Plants. They are responsible for this semi-miracle.
A miracle that sadly still has not reached the Pataxós indians who, as many other indians, along these 500 years, changed their chants of faith and the ceremonies in the Brazilian bushes for moans and pleads for help. This threat will continue, into the next 500 years, that on April 19th – the Day of the Indian – will become only a date to remember those that, one day, had first inhabited the Land of Vera Cruz. 


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Besides the cover article on indians, we talk about the 500 years, opening with a special article by president Fernando Henrique Cardoso ” Brazil and Sustainable Development ” on page 5.


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The Amazon, that in the last INPE survey lost 14% more of the forest, is on page 7 and, on page 9, with a general survey on the devastation that Brazil suffered in these 500 years of occupation. A great loss, as Garo Barmaniann of WWF says, a very bad situation but as said in soccer slang, it is possible to turn the table in this second half.


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Still in this edition, a special article on the Seminary ” Waters – 2000 Quality of Life and Development “, carried out by the Federal Senate, where if it was discussed the use and abuse of water resources in Brazil.


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My friends, it is very good to enjoy nature and to celebrate life. Without life it is not possible to cheer with the completion of another edition of Folha do Meio and, even less, to hope for mankind to be of truly good will and turn the table this second half for the next 500 years.

Caro Leitor…

24 de março de 2004

  Quando liguei a TV para ver o plantão do noticiário daquela manhã de 11 de setembro, não imaginava que dali a 15 minutos iria ver o pior: como todo o resto do mundo, assistiria, ao vivo e em cores, um segundo Boeing 767 sendo arremessado contra o World Trade Center, meca do capitalismo da… Ver artigo

 


Quando liguei a TV para ver o plantão do noticiário daquela manhã de 11 de setembro, não imaginava que dali a 15 minutos iria ver o pior: como todo o resto do mundo, assistiria, ao vivo e em cores, um segundo Boeing 767 sendo arremessado contra o World Trade Center, meca do capitalismo da maior potência do mundo. Era uma tragédia em cascata: além do grande número de mortos do atentado, havia a imolação de seres humanos, muitos treinados e muitos voluntários, que numa questão de minutos se posicionaram dentro dos prédios para ajudar salvar vidas, mas foram também tragados pela surpresa de um desastre ainda maior: o segundo avião, talvez algumas bombas e o desabamento total das torres gêmeas. Sim, um mutirão de apoio e salvamento sucumbia debaixo da poeira, ferros e concretos. Meu pensamento voou no tempo e no espaço. Aterrissou em Hiroshima, naquele 6 de agosto de 1945. 


Ao visitar Hiroshima, em 1998, me chocou muito saber que além do sacrifício das pessoas atingidas diretamente pela bomba atômica, aquela também era uma tragédia em cascata: imolou seres humanos – muitos treinados e muitos voluntários – que numa questão de horas e dias se dirigiram à cidade para ajudar e salvar vidas, mas foram também tragados pela surpresa de um desastre ainda maior: a até então desconhecida radioatividade que entrava em seus corpos para sempre.


Como as repercussões da primeira bomba atômica jogada sobre alvos humanos ainda não terminaram, também as repercussões dos terríveis e ousados atentados terroristas em solo americano mal começaram. Os milênios passam, mas a violência continua sendo uma realidade banal, a altura de homens comuns, sejam eles assaltantes, guerrilheiros, terroristas, fundamentalistas ou religiosos das cidades, das montanhas ou dos desertos. 


A verdade é que, depois desse trágico dia 11 de setembro de 2001, que nem Hollywood ousou retratar, o sistema político e financeiro do mundo, a globalização, a segurança internacional, as garantias dos Direitos Humanos e as prioridades das nações mudaram irreversivelmente. A única certeza é que a História da humanidade continua sendo escrita e é, inevitavelmente, a soma de tudo que o Homem fez de bem e de mal. 


Valem duas perguntas. Primeira: desde o crime de Caim, passando pelas guerras, pelas ocupações colonialistas na Ásia, América e na África, pelas discriminações raciais, Holocausto, Inquisição, crimes terríveis em nome de Deus e do diabo, bombas atômicas, quantos males poderiam ser evitados? E a segunda pergunta: o homem aprendeu a lição?


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Para lembrar o Dia da Árvore e início da Primavera, nada melhor do que um papo bem descontraído com Harri Lorenzi, o botânico que sabe cuidar das plantas na terra e no papel: seu jardim botânico particular e suas belíssimas publicações falam por si. (pág. 5 a 14)


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Ecoturismo é o novo nome da paz. Duvida? Leia a matéria (pág. 18 a 23) sobre a Conferência de Ecoturismo em Cuiabá e comprove: onde tem ecoturista tem harmonia, amor e paz.

Caro leitor:

24 de março de 2004

Gostaria de voltar à edição de fevereiro, quando lembrei ao amigo leitor que ética e estética são as duas palavras mágicas que farão a diferença neste novo milênio. Dizia que nas atitudes, ações e até mesmo no mundo material do fazer ou fabricar, só haverá qualidade, ordem, amizade, harmonia e paz, onde houver ética e… Ver artigo

Gostaria de voltar à edição de fevereiro, quando lembrei ao amigo leitor que ética e estética são as duas palavras mágicas que farão a diferença neste novo milênio. Dizia que nas atitudes, ações e até mesmo no mundo material do fazer ou fabricar, só haverá qualidade, ordem, amizade, harmonia e paz, onde houver ética e estética. Pois bem, nessa edição, o tema volta com força total. Volta na bela entrevista que o botânico Guillean Prance deu à jornalista Mariana Barbosa, em Londres, onde ele colocou muito bem: ?A difícil e complexa questão ambiental só será solucionada quando houver uma mudança ética e moral na sociedade?. E mais: ?Temos que envolver todas as religiões do mundo para produzir uma ética que diga que o Homem precisa agir como verdadeiro zelador do planeta Terra?. A entrevista de Ghillean Prance está nas páginas 9, 10, 11 e 12 desta edição e vale a pena ser lida e meditada, pois ela mostra a angústia de um ambientalista sério preocupado com os rumos do egoísmo devastador do ser humano.


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O tema ética está também na matéria de capa “O racismo na escola”. Por ser um material didático importante nas escolas brasileiras, a Folha do Meio em todas edições de maio – para lembrar a Abolição da Escravatura – coloca a questão negritude, raça e discriminação em pauta. E aproveitando o lançamento do livro editado pelo MEC “Superando o racismo na escola”, organizado pelo professor Kabengele Munanga, tratamos do assunto com dicas para professores e exemplos de preconceitos até nos livros didáticos. Páginas 5, 13 e 14.


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E a discussão sobre ética, como linguagem desse século, continua e está muito bem explicada pela professora Cosete Ramos, na página 7, onde ela fala sobre o grande desafio deste milênio: justamente a Educação do Caráter. 


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Voltando, caro leitor, ao que disse no início dessa nossa conversa, veja como a ética está presente em todos os outros temas dessa edição: na página 3 o Prêmio Nobel da Paz, Norman Borlaug, fala dos transgênicos e pede um voto de confiança para os cientistas, pois eles devem ter chance de alimentar o mundo. Logo em seguida, o senador Bernardo Cabral (PFL-AM) clama pela ética das ONGs e chega a propor uma CPI para desmistificar as ONGs picaretas; a discussão em torno do Código Florestal é só uma relação de ética entre a produção e a preservação; e o jornalista Arnaldo Jabor amplia o debate, envolvendo inclusive a ética da imprensa, quando discute o espaço que a mídia dedica aos formadores de opinião egoístas e vazios, ilhados nos muitos castelos de Caras de nossa sociedade.


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Está aí, amigo leitor, mais uma edição da Folha do Meio. Temos certeza de que a vida só é vivida quando olhamos para trás, mas ela só pode ser entendida quando olhamos para frente. E é olhando para frente que acreditamos que o apelo de Ghillean Prance será atendido: – Procuram-se bons zeladores para o planeta Terra!








SUMMARY


Dear reader:


We would like to remind you of the February edition, when we mentioned to our reading friend that ethics and beauty are the two magic words that will make the difference in this new millennia. We said that in the attitudes, actions and even in the material world of making or manufacturing, there will only be quality, order, friendship, harmony and peace, where there are ethics and beauty. Well, then, in this edition, the theme comes back with full strength. It returns in the beautiful interview that the botanical scientist Guillean Prance gave to the journalist Mariana Barbosa, in London, where he said so truthfully: the difficult and complex environmental issue will only be solved when there is an ethical and moral change in society. And more: ?We have to involve all the religions in the world to produce the necessary ethics that says that mankind needs to act as the true caretaker of planet Earth?. The interview of Ghillean Prance is on pages 9, 10, 11 and 12 of this edition and it is worthwhile to be read and meditated upon, for it shows the anguish of a serious environmentalist worried about the paths of the devastating selfishness of human beings.


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The theme of ethics is also in the cover story ” Racism in schools “. Since Folha do Meio is an important educational material in Brazilian schools, we will remember the Abolition of Slavery in all May editions, placing the issue of negritude, race and discrimination in our guideline. And by taking the advantage of the release of a book edited by the Ministry of Education and Culture” Surpassing racism in schools “, organized by teacher Kabengele Munanga, we deal with the this subject with tips for teachers and examples of prejudice even in educational books. On pages 5, 13 and 14.


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The discussion on ethics, as the language for this Century, continues and is well explained by teacher Cosete Ramos, on page 7, where she talks about the great challenge of this millennia: the Education of the Character.


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We return, dear reader, to what we said in the beginning of this edition, see how ethics is present in all the other themes of this edition: on page 3 the Nobel Peace Prize winner, Norman Borlaug, talks about transgenic products and asks for some trust for scientists, for they must have a possibility of helping feed the world. Soon after that, senator Bernardo Cabral (PFL-AM) pleads for ethics in the NGOs and even considers investigations to demystify some ?fake? NGOs; the quarrel about the Forest Code is just a relation of ethics between production and preservation; journalist Arnaldo Jabor extends the debate, also involving the ethics of the press, by discussing about the space that news dedicates to selfish and shallow opinion makers, who are separated from society inside their many castles.


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Here is, reading friend, another edition of Folha do Meio. We are certain that life is only lived when we look backwards, but it only can be understood when we look forward. And by looking forward is that we believe that the pleads of Ghillean Prance will be answered: – Good caretakers for planet Earth are needed!

Caro leitor

22 de março de 2004

  Chegamos ao 2001. E o Homem continua sua busca incessante pelo entendimento e pela Paz. Uma busca sem fim! Um caminho cada vez mais difícil. Sonho impossível? Parece. Se no passado esse entendimento e essa Paz eram conquistas por razões humanitárias e por razões éticas, hoje, meus amigos, apesar de ainda valerem as razões… Ver artigo

 


Chegamos ao 2001. E o Homem continua sua busca incessante pelo entendimento e pela Paz. Uma busca sem fim! Um caminho cada vez mais difícil. Sonho impossível? Parece. Se no passado esse entendimento e essa Paz eram conquistas por razões humanitárias e por razões éticas, hoje, meus amigos, apesar de ainda valerem as razões humanitárias e éticas, há uma outra razão fundamental: a da sobrevivência. No Planeta Terra vivem 6 bilhões de seres humanos e outros trilhões de seres animados e inanimados. Qual é o sonho impossível? É que todos vivam em perfeito equilíbrio. Sabemos que a realidade não é bem essa. E, se a vida terrestre é uma corrente, quando se arrebenta um elo, toda corrente pode se romper. O encontro de Estocolmo, em 1972, deu o sinal de alerta. A RIO}92 mostrou que se a degradação continuasse no mesmo ritmo, o caos estava próximo. A RIO+5 e tantos outros encontros, reuniões de cúpulas, Kyoto, agora Haia são esforços dos líderes políticos mundiais na busca de mudança para o padrão de desenvolvimento. 


Mas, como os homens do passado, as nações do presente não se entendem e os gases tóxicos continuam chegando à atmosfera, os recursos naturais continuam sendo dilapidados, a poluição e desperdício da água crescendo e a pobreza aumentando. Solução? Há que ser encontrada, mesmo que a busca pelo entendimento e pela Paz continue sendo um sonho impossível. O relatório do WWF é claro: se todos os 6 bilhões de seres humanos consumirem os recursos naturais e emitirem dióxido de carbono nos mesmos níveis do cidadão médio dos Estados Unidos seriam necessários, pelo menos, mais dois Planetas Terra. Grave? Pior. Está em jogo a sobrevivência.


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Muita coisa boa e interessante o amigo leitor encontrará ainda nessa edição. Mas, não deixe de ler a entrevista com o sambista, poeta, cientista e zoólogo Paulo Vanzolini, feita pelo cineasta e biólogo Ricardo Dias. Vanzolini fala de Amazônia, de fronteiras, narcotráfico, ONGs e de Exército com a mesma familiaridade com que canta seu grande sucesso musical: Ronda. 


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Dezembro, mês do nascimento de Jesus, mês do assassinato de Chico Mendes. Aproveitando o trabalho da TV Globo (Fantástico) no quadro “A Hora da Verdade” quando colocou frente a frente Ilzamar Mendes, viúva de Chico Mendes, e seu assassino, Darci Alves, fizemos a reconstituição do programa e ainda fizemos uma entrevista exclusiva com o pai de Darci, também preso, Darli Alves. O que há de comum nisso tudo?


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Amigo leitor: e assim se foi mais um ano. Para a Folha do Meio é o décimo segundo. Foi muito bom ter seu apoio e receber a força de nossos parceiros anunciantes. A todos um Feliz Natal e que 2001 seja o início da realização desse sonho impossível, pelo qual todos lutamos. Em nome de toda equipe que faz a Folha do Meio Ambiente, o abraço de Silvestre Gorgulho. 






SUMMARY


We have reached the year 2001. And Mankind continues in the endless search for understanding and Peace. A never-ending search! A path each time harder. Is this an impossible Dream? It seems so. If in the past this quest for understanding and Peace was due to humanitarian and ethical reasons, my friends, even though it still is so, there is another main reason: survival. 6 billion human beings live on Planet Earth together with other billions of life forms and non-living forms. So, what is the impossible dream? It is that all may live in perfect equilibrium. We know that our reality is not exactly a perfectly balanced one. And, if life on Earth is a chain, when a link is broken, all chain may break apart. The Stockholm meeting, in 1972, gave the stress signal. RIO}92 showed that if degrading continued in the same pace, chaos was near. RIO+5 and so many other meetings, such as in Kyoto, and now The Hague are efforts from world political leaders in search for changes in the development pattern. 


But, just like mankind in the past, present day nations have not reached an agreement while toxic gases are still affecting the atmosphere, natural resources are still being wasted, pollution and water wastefulness grow and poverty increases. Solution? Must be found, even if the search for understanding and Peace remains an impossible dream. O report from WWF is clear: if all the 6 billion human beings use up natural resources and emit carbon dioxide in the same levels of an average United States citizen it would be necessary, at least, two other planets as Earth. Serious? Worse. Our survival is at stake.


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Friendly reader, you will find many good and interesting news in this issue. There is an interview with samba musician, poet, scientist e zoologist Paulo Vanzolini, made by filmmaker and biologist Ricardo Dias. Vanzolini talks about the Amazon, borders, drug trafficking, NGOs and the Army with the same ease he sings his great hit: Ronda.


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December, the month we celebrate the birth of Jesus is also the month we remember the murder of Chico Mendes. Making use of Globo TV (Fantástico News program) on the “A Time for Truth” when Ilzamar Mendes, widow of Chico Mendes, and his murderer, Darci Alves, met face to face, we present a summary of program and also show our exclusive interview the father of Darci, who is also arrested, Darli Alves. What is similar in all of this? 


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Dear friend: another year has passed. For Folha do Meio it is the twelfth year. It was great having your support and receiving strength from our partner advertisers. To all a Merry Christmas and may 2001 be the beginning of the accomplishment of this impossible, dream that we all strive for. On behalf of all the staff that makes Folha do Meio Ambiente, warm greetings from Silvestre Gorgulho.

Caro leitor

22 de março de 2004

  O homem é o maior poluidor das águas, é o maior destruidor das florestas e é o maior desperdiçador de recursos naturais. Vale até uma contestação: o homem polui, desmata, usa e abusa dos recursos naturais porque ele precisa gerar riqueza para movimentar suas máquinas, para comer, se vestir e buscar seu bem-estar. Ele… Ver artigo

 


O homem é o maior poluidor das águas, é o maior destruidor das florestas e é o maior desperdiçador de recursos naturais. Vale até uma contestação: o homem polui, desmata, usa e abusa dos recursos naturais porque ele precisa gerar riqueza para movimentar suas máquinas, para comer, se vestir e buscar seu bem-estar. Ele precisa viver. Certo e errado. Certo porque, de fato, o homem – como os animais – precisa usar a natureza para viver. Errado porque o homem pode muito bem usar sua inteligência, sua racionalidade para saber usar e saber aproveitar corretamente o que a natureza lhe oferece. 


Vamos a alguns exemplos: o caso das nascentes dos rios. A matéria das páginas 17, 18 e 19 mostra muito bem como o homem se destrói, destruindo os mananciais. No Rio de Janeiro é assim: o rio Ubatiba agoniza, o rio Maracanã agoniza, o Guandu agoniza, as lagoas agonizam, as praias agonizam e até o grande rio Paraíba do Sul agoniza. De quem é a culpa? Em primeiro lugar do cidadão comum, que não faz sua parte. Além de jogar o lixo por toda parte, poluir sem dó nem piedade, não denuncia as grandes empresas poluidoras, não exige mais da fiscalização, não procura votar com os políticos comprometidos com o meio ambiente e não marca cerrado as autoridades que têm obrigação de promover uma gestão adequada dos recursos hídricos. Se o homem usasse 10% de sua energia para fazer, como cidadão, o que faz como torcedor, a natureza estaria salva. Como torcedor ele se une numa torcida organizada, come o pão que o diabo amassou para brigar pelo seu time: cobra dos jogadores, demite técnicos, encosta a diretoria na parede e provoca mudanças. Por que não fazer isso como cidadão para mudar as cidades, melhorar a educação, diminuir a violência e poluir menos? Será que as pessoas não perceberam que a poluição é uma violência que mata silenciosamente, aos poucos, e muito mais do que o crime comum? 


E os exemplos são vários: a questão da degradação do Cerrado, como mostra a reportagem de capa, no estudo que a Unesco acaba de fazer e está nas páginas 11 a 15; veja a questão dos desperdícios. Quando alguém abre uma torneira e tem uma água pura, não pode imaginar os investimentos e o trabalho que a sociedade fez para que isso acontecesse. O desperdício também é uma forma de violência ambiental. E as sujeiras das praias? Esse é o lugar mais democrático do mundo. Na praia vai o rico, o pobre, o saudável, o doente, a criança e o velho. Ficam lado a lado. Se é um lugar de lazer, para que sujar?


Será que o homem, justamente por saber que é um destruidor e um poluidor potencial , não pode usar um pouquinho mais de sua inteligência para entender que quem não protege a natureza, hoje, por amor, vai ter que fazê-lo amanhã pela dor?


Amigo leitor, que nesse novo Milênio a palavra-chave seja ética. Ética com os homens e com a natureza.

Caro leitor

22 de março de 2004

  Quando a ONU escolheu o dia 22 de março para celebrar mundialmente o Dia da Água, com certeza não o fêz motivada pela obra do grande compositor brasileiro Tom Jobim, que – juntando água e março – criou uma das mais belas canções de sua lavra: Águas de Março. Sim, no Brasil as águas… Ver artigo

 

Quando a ONU escolheu o dia 22 de março para celebrar mundialmente o Dia da Água, com certeza não o fêz motivada pela obra do grande compositor brasileiro Tom Jobim, que – juntando água e março – criou uma das mais belas canções de sua lavra: Águas de Março. Sim, no Brasil as águas de março fecham o verão, com promessas de vida em seu coração… Promessas de vida, só? Muito mais, pois o mundo se conscientizou, finalmente, que água é tudo: é promessa, é compromisso e é realidade de vida. E por que a ONU revolveu criar um dia de reflexão sobre os recursos hídricos? Simples, justamente porque a água é o mais importante, o mais estratégico recurso natural que a humanidade dispõe. E o petróleo? Ah!, ninguém, nem o Homem e animal algum, bebe petróleo. Vive-se sem petróleo, mas não vive-se sem água. Daí o dia de reflexão, num tempo em que os conflitos entre pessoas, empresas e países vão longe. Nestas comemorações, a ONU incentiva países, escolas e organismos não governamentais a lembrarem a data com palestras, seminários, teatros e movimentos de cidadania. O objetivo é sensibilizar a população, sobretudo as crianças, para as três vertentes que devem ser debatidas para serem corrigidas: o abuso, os desperdícios e as contaminações das nascentes e dos rios. Essa edição da Folha do Meio é praticamente dedicada à Água. São 18 páginas para falar das formas de poluição – mineração, densidade demográfica, os poços artesianos e os esgotos – e dos esforços para preservar as nascentes e recuperar as matas de galerias e matas ciliares. De todos esses esforços, duas personagens se destacam: as ações do professor Jacy Guimarães, pela educação, conscientizando moradores da área rural no Centro-Oeste, e do empresário Carlos Schneider, pelo capital, comprando nascentes em Santa Catarina para sua coleção. A verdade é que ninguém nasce para ser apenas predador na vida. E, também, ninguém nasce com a cabeça feita só para defender o meio ambiente. Um e outro comportamento vão sendo modelados. A vida se encarrega de ensiná-los aos homens. Para o bem e para o mal.

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Notícias do Conama – esse é o novo espaço criado pela Folha do Meio para que nossos leitores não só recebam as informações do que já é lei, mas também do andamento dos debates em torno das portarias e resoluções sobre a política ambiental brasileira.

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Amigo leitor: depois de ler essa edição, vale mirar nos exemplos do professor Jacy e do empresário Schneider e guardar para sempre essas duas lições, que Adélia Prado, num verso magistral, soube tão bem sintetizar: "O que a memória amou, ficou eterno".

Caro Leitor

22 de março de 2004

  Certa vez, conversando sobre biotecnologia com o embaixador de um país da África, se não me engano do Egito, com muita ênfase, ele dizia:  – Como ser contra os transgênicos? Eu vejo um povo com fome, agora! Eu encontro uma soja ou um arroz transgênico mais barato, porque teve menos custo na produção. E… Ver artigo

 

Certa vez, conversando sobre biotecnologia com o embaixador de um país da África, se não me engano do Egito, com muita ênfase, ele dizia: 


– Como ser contra os transgênicos? Eu vejo um povo com fome, agora! Eu encontro uma soja ou um arroz transgênico mais barato, porque teve menos custo na produção. E esses produtos vão matar a fome deste povo, agora! Por que vou ficar discutindo se no futuro esse produto vai dar alergia? O que é pior, a fome agora ou a alergia, se acontecer, no futuro? E o embaixador foi ainda mais enfático ao perguntar: – Por que esse pessoal que é contra os transgênicos não faz campanha, não briga, não patrulha quem usa droga? Essa, sim, faz mal agora, no futuro e sempre! 


Está armada a polêmica. E ela é ainda mais forte quando a voz autorizada do cientista Norman Borlaug – Prêmio Nobel da Paz em 1970 – defendeu num artigo aqui mesmo na Folha do Meio, a chance que os cientistas devem ter de alimentar o mundo. E sua conclusão era dura: – Não pensem, nem por um minuto, que nós vamos construir uma Paz mundial permanente sobre estômagos vazios e miséria humana. 


Não há como fugir desta discussão. Como cientistas ou jornalistas, como cidadãos do Primeiro, do Segundo ou do Terceiro Mundo é hora de fazer um balanço sobre os transgênicos e sobre o que as grandes autoridades científicas estão dizendo. Qualquer ação do Homem, neste mundo de Deus, pode ser para o bem ou para o mal. Pode ser para ajudar a vida ou para apressar a morte. Se os produtos transgênicos estão aí já na segunda geração, por que não divulgar aqueles que vieram para a vida? Por que não conhecê-los, para entendê-los melhor? Nesta edição, vamos apostar numa discussão sadia e promover um levantamento dos produtos transgênicos que realmente trazem benefícios aos consumidores, aos produtores rurais e ao meio ambiente.


Para terminar, amigo leitor, gostaria de lembrar uma conferência de Brian Dyson, ex-presidente da Coca-Cola no Brasil. Ele dizia que temos que imaginar a vida como um jogo, no qual cada um de nós vive fazendo malabarismo com cinco bolas. Essas bolas são: o trabalho, a família, a saúde, os amigos e a alma. O trabalho é uma bola de borracha. Se cair, bate no chão e pula. Mas as outras quatro são frágeis. São de cristal. Se caírem, ficarão danificadas. E aí Dyson mostra como conseguir o equilíbrio na vida, fazendo 12 observações muito interessantes. A décima é a seguinte: Nunca tenha medo de aprender. O conhecimento é leve, é ameno, é um tesouro que se carrega facilmente e ninguém pode roubar. 


Se o amigo leitor quiser ler as outras 11 observações de Dyson, é só ir nesta página, na internet, que as encontrará. <www.folhadomeioambiente.com.br>

Caro Leitor

22 de março de 2004

  A crise energética está aí. Quem não fez o dever de casa? Por isso, não há como começar essa carta, sem lembrar das várias matérias que fizemos no decorrer destes últimos anos sobre uma das importantes questões quando se fala em crise de energia: o descaso ambiental com as nascentes e com os rios… Ver artigo

 


A crise energética está aí. Quem não fez o dever de casa? Por isso, não há como começar essa carta, sem lembrar das várias matérias que fizemos no decorrer destes últimos anos sobre uma das importantes questões quando se fala em crise de energia: o descaso ambiental com as nascentes e com os rios brasileiros. A falta de ações integradas para proteção de mananciais, preservação das bacias hidrográficas e gerenciamento dos recursos hídricos, tudo isso é o responsável final pelo rebaixamento de água nas barragens. Como a matriz energética brasileira é hidrelétrica, fácil tirar a conclusão. E a verdade continua sendo dura: quem não protege hoje, por amor, os mananciais e os rios, vai acabar por fazê-lo pela dor. Se não fizer às claras, vai fazer às escuras. 


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O mês de maio começa com as comemorações pelo Dia do Trabalho. E a Folha do Meio, em tempo de globalização, mostra as delicadas relações entre trabalho e meio ambiente, emprego e qualidade de vida e o que diz a Agenda 21 a respeito. Por que a terceirização aumentou a produtividade, mas diminuiu a segurança no trabalho.


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Voltamos aos transgênicos. Dessa feita fomos conversar com o professor Volney Garrafa, da UnB, que nos mostra em sua entrevista o valor da bioética, a única saída para o diálogo e a tolerância. O nó não está na tecnologia, mas no seu controle. 


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Outro tema que merece uma leitura mais atenta é sobre a exploração de petróleo no estuário do Rio Amazonas, pois as prospecções começaram sem o EIA-RIMA e a deputada Socorro Gomes (PCdoB-PA) advertiu da Tribuna do Congresso: “Há que haver um Programa de Gestão Ambiental Integrado abrangendo toda a área do estuário do Amazonas”. A verdade é que o risco ambiental na região é uma realidade. 


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Antes de terminar, caro leitor, vamos passear pelas páginas centrais e conhecer o primeiro Parque Nacional do Brasil: o Parque do Itatiaia, um santuário que corre risco pelo grande número de invasões e pelo comércio ilegal do palmito. Como não lembrar do verso de Vinicius de Moraes sobre o Parque do Itatiaia: “Oh! viajante fatigado / Se no teu passo cansado / Aqui vieres pousar / tu voltarás satisfeito / Com risos claros no peito / E calmas santas no olhar!”

Caro Leitor…

22 de março de 2004

    O Brasil comemorou a Semana do Meio Ambiente em tempo de apagão. E esse terrível apagão coloca todos nós diante de um fato concreto, independente do mau planejamento dos responsáveis: chegou a hora de aprender que o individualismo tem que ceder lugar à cooperação, sem a qual é impossível a vida em sociedade…. Ver artigo

 


 


O Brasil comemorou a Semana do Meio Ambiente em tempo de apagão. E esse terrível apagão coloca todos nós diante de um fato concreto, independente do mau planejamento dos responsáveis: chegou a hora de aprender que o individualismo tem que ceder lugar à cooperação, sem a qual é impossível a vida em sociedade. Evidente que a crise de energia vai atingir em cheio a qualidade de vida dos brasileiros, mas ela servirá muito bem para ilustrar quais os limites que a sociedade impõe ao nosso comportamento.


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Pela via bem clara do apagão, outros temas que envolvem a solidariedade humana, como a defesa do meio ambiente, o combate ao consumismo, o desperdício exacerbado e o combate às drogas podem ser trabalhados (nas escolas e nas famílias) de forma prática, sem descuidar dos princípios fundamentais que regem a vida civilizada. Hoje é apagão da energia, amanhã será o apagão da água. A verdade é uma só: a solidariedade humana é essencial para a felicidade de cada indivíduo. Trazemos amplas matérias sobre como o Brasil comemorou a Semana do Meio Ambiente nas páginas.


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Outro destaque nessa edição: a questão dos resíduos sólidos e a quantidade de projetos de lei que tramitam na Câmara Federal sobre o tema. São 52 projetos e uma comissão especial de deputados tentando colocar ordem nessa discussão. Não está fácil. Enquanto isso os estados, percebendo a omissão federal, vão legislando e criando suas leis. O emaranhado de leis cresce e o que era para ser simplificado, se complica. A reciclagem não caminha, o desperdício aumenta e os lixões crescem. Vale a pena ler essa matéria que está nas páginas 13 a 17 e que traz, inclusive, o telefone e e-mail dos deputados membros da Comissão Especial.


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Floresta Amazônica – mais uma vez acende a luz vermelha do desmatamento e o INPE comprova: mais de 15% da maior floresta tropical do mundo já foram devastados. Além de denunciar os municípios que mais desmatam, a reportagem mostra como o modelo de implantação da cultura da soja na Amazônia está baseado em grandes volu-mes de incentivos oficiais. E mostra ainda como os assentamentos para reforma agrária vão abrindo clareiras e deixam o Ibama tão preocupado que vêm aí duas instruções normativas para regularizar as autorizações de desmatamento de pequeno produtor. Página 22 e 23. Na página 24, as alternativas de mercado para produtos verdes.


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Ao se integrar a todas as comemorações pela Semana do Meio Ambiente, a equipe da Folha do Meio lembra a seus leitores que vale a pena cada um fazer sua parte. A palavra mágica se chama solidariedade, pois vale a pena fazer, mesmo que se possa fazer muito pouco.

Caro Leitor…

22 de março de 2004

  No Brasil é sempre assim: os problemas vão chegando de mansinho e, de repente, viram tragédia. E olha que não é por falta de aviso. Exemplo bem atual e clássico: o apagão. Há muito, os técnicos fazem relatórios, a imprensa repercute e o mundo vai girando normal, até que chega o dia que não… Ver artigo

 


No Brasil é sempre assim: os problemas vão chegando de mansinho e, de repente, viram tragédia. E olha que não é por falta de aviso. Exemplo bem atual e clássico: o apagão. Há muito, os técnicos fazem relatórios, a imprensa repercute e o mundo vai girando normal, até que chega o dia que não dá mais para segurar. Pegos de surpresa, ou não, as autoridades acabam tendo que tomar medidas drásticas: racionam a energia, atropelam direitos constituídos, criam sobretaxas e forçam uma queda no consumo, recolocando na mesa a questão da economia e do desperdício dos recursos naturais.


Motivo de advertência dos técnicos, chegando também de mansinho, outro problema se avizinha e pode acabar virando tragédia, nesta escuridão que é a ganância e a falta de consciência generalizada pela gestão dos recursos hídricos: a preservação dos rios brasileiros. Não existe um rio que passe por qualquer centro urbano que não vire esgoto natural das indústrias e dos habitantes. Os exemplos estão ai aos montes. Só para citar alguns rios até navegáveis: Rio Tietê, rio Paraíba do Sul, rio Uruguai, rio Guaíba, rio Capiberibe, rio das Velhas, rio Grande, rio Canoas e para resumir toda esta triste lembrança, o outrora belo, magestoso e imponente rio São Francisco.


Em 1995 visitei por duas vezes a nascente do São Francisco e bebi sua água cristalina na Casca D}Anta, da Serra da Canastra. Primeiro choque: próximo a São Roque de Minas, no município de Vargem Bonita, uma enorme ferida provocava revolta extrema: 32 garimpos maculavam as águas do Velho Chico com sujeiras várias e o terrível mercúrio. Dizem que dois destes garimpos o Ibama já conseguiu fechar. Deve ser essa a correlação que existe entre os focos de poluição e assoreamento para o que é fiscalizado nos 2.700 km de extensão do rio-símbolo nacional, como o chama o Presidente Fernando Henrique na sua entrevista exclusiva. (páginas 7 a 11) Mas o Presidente FHC, na sua entrevista, vai além do Velho Chico e fala sobre soberania, sobre desenvolvimento sustentável e diz como temos que tirar lições dessa crise de energia.


Mas o leitor pode continuar navegando pelo São Francisco nessa edição e vai encontrar uma ampla reportagem mostrando o mutirão que se arma em Minas e Bahia para revitalizar o Velho Chico, inclusive com o apoio da Unesco. E quem sabe o leitor pode, de alguma forma, também dar sua força para tentar barrar essa insensatez que é o desmatamento das matas ciliares, a pesca predatória, a irrigação desenfreada, o fim das lagoas marginais, os garimpos e tantas outras agressões que estão deixando o Velho Chico senil, triste e à beira da morte. O xará, São Francisco lá do céu, está sempre lembrando: é dando que se recebe. Amém!

Caro Leitor…

22 de março de 2004

  Durante recente congresso de informática, alguém usou um supercomputador para mostrar a explosão de bytes produzidos pelo homem: dos desenhos nas cavernas até 1999, a humanidade produziu cerca de 12 bilhões de gigabytes de informações. Agora bastarão dois anos – 2001 e 2002 – para que se produzam 18 bilhões de gigabytes. É toda… Ver artigo

 


Durante recente congresso de informática, alguém usou um supercomputador para mostrar a explosão de bytes produzidos pelo homem: dos desenhos nas cavernas até 1999, a humanidade produziu cerca de 12 bilhões de gigabytes de informações. Agora bastarão dois anos – 2001 e 2002 – para que se produzam 18 bilhões de gigabytes. É toda a história do homem em menos de 700 dias. É a explosão da informação, devidamente guardada em dados, provocando a explosão do conhecimento. Como a principal coisa na vida é o uso do conhecimento e ter a informação que gera o conhecimento é ter o poder, o homem vai chegando cada vez mais perto dos céus. Faz máquinas que produzem e que destroem, inventa produtos para o bem e para o mal, remédios e venenos, desvenda o mistério da vida, cria plantas e animais, faz dos clones uma realidade que assusta, mexe e remexe com o meio ambiente. Menos de 700 dias significam mais saber do que toda a história da humanidade. Confesso que isto me assusta. Vejo nossas cidades cheias de tecnologias, automóveis de última geração, computadores que ligam cafeteiras e banheiras para chegar em casa e ter as melhores mordomias a tempo e a hora, metrôs velozes, heliportos e resultados das bolsas e das loterias nos painéis eletrônicos. Tudo isso é tecnologia feita de bytes e plásticos. Onde ficarão as praças, os parques, os jardins, as árvores, a vida? Bem diz o professor Ozanan Correia Alencar, jardineiro-mór de Brasília e coordenador do IX Encontro Nacional de Arborização Urbana, a ser realizado em outubro na Capital Federal: o romântico nas cidades não são os shoppings. São os jardins e as flores. Que me perdoem os 18 bilhões gigabytes, mas como seria bom se o homem produzisse menos gigas e mais sorrisos, mais compreensão e mais amor.


Nessa edição, além da entrevista com o professor Ozanan, que fala sobre os segredos da arborização urbana (páginas 7 a 10), temos uma grave denúncia de especulação de terra em Alto Paraíso, na bela Chapada dos Veadeiros, que envolve o deputado federal Michel Temer (páginas 11 a 13); uma aula do professor Raymundo Garrido respondendo 18 perguntas de como funciona a Outorga do direito de uso da água (páginas 23 a 26); e uma belíssima aula de educação holística: estudantes que trocaram os gigabytes das cidades pela experiência de usar a sabedoria dos povos primitivos para descobrir na natureza as pegadas dos animais (páginas 20 a 22). 


Amigo leitor, o homem complica tanto a vida que só vai acabar encontrando a felicidade quando voltar aos primeiros bytes. À sua origem. Simplesmente, rastreando suas próprias pegadas.


Obrigado, SG

Caro leitor…

19 de março de 2004

  Vamos falar de vida. E a vida é o que não falta nas Reservas da Biosfera. É bom saber que o Brasil dá um grande salto na gestão das áreas protegidas, especialmente com a criação das novas reservas criadas. A importância essencial das Reservas da Biosfera é que elas são o elemento que faltava… Ver artigo

 

Vamos falar de vida. E a vida é o que não falta nas Reservas da Biosfera. É bom saber que o Brasil dá um grande salto na gestão das áreas protegidas, especialmente com a criação das novas reservas criadas. A importância essencial das Reservas da Biosfera é que elas são o elemento que faltava ao país, para o seu zoneamento ecológico. Elas nos dão diretrizes corretas, baseadas em critérios científicos, e sobretudo a indicação clara dos corredores ecológicos tão necessários à conservação da biodiversidade. Pensando bem, esse é um exemplo do que pode ser feito não só no Brasil, mas também a nível de América do Sul. A verdade é que ao alcançarmos o zoneamento ecológico do continente, estaremos cumprindo a tarefa de liderança que nos cabe num dos assuntos de importância estratégica para a humanidade. Tudo sobre as Reservas da Biosfera está nas páginas 8 a 12. Vale a pena conhecer bem, para preservar melhor.


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Dando seqüência a série que prometemos fazer sobre gerenciamento dos Recursos Hídricos, vamos tratar nesta edição de como fazer e para que serve um plano de bacia. A entrevista com Raymundo Garrido, Secretário de Recursos Hídricos do MMA, está nas páginas 25 a 28.


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E o 2001 tão esperado e cantado vai chegando ao fim, amigo leitor. Dezembro é tempo de balanço, de férias para descansar o espírito e de programar o 2002 que promete chegar com muitas mudanças. Esse final de 2001 está sendo muito trágico para o mundo: atentados terríveis, bioterrorismo, guerra total contra o Alfeganistão e, o que deixa todos mais tristes, a luz no fim do túnel não está fácil de ser vista.


Disso tudo, guardo na lembrança o que aprendi na escola primária, com minha professora D. Maria da Penha Sacramento: “Poder exercido com violência, é difícil de ser exercido por muito tempo”. A História está cheia de exemplos.

Caro Leitor…

19 de março de 2004

  O ser humano evoluiu, criou condições de um viver melhor, ocupou o planeta, expandiu seus domínios para o espaço, enfim, seguiu os ditames dos livros sagrados: cresceu e se multiplicou. Mas, o incrível é que quanto mais o Homem vive, mais a Terra continua sendo uma Torre de Babel. A luta e a coragem… Ver artigo

 


O ser humano evoluiu, criou condições de um viver melhor, ocupou o planeta, expandiu seus domínios para o espaço, enfim, seguiu os ditames dos livros sagrados: cresceu e se multiplicou. Mas, o incrível é que quanto mais o Homem vive, mais a Terra continua sendo uma Torre de Babel. A luta e a coragem fazem um povo nascer e morrer. As disputas fazem com que nações surjam e acabam. A prepotência e a arbitrariedade erguem impérios, mas a História comprova que também os impérios não resistem e fenecem. E quando o Homem perceberá o valor da diversidade e conseguirá conviver harmonicamente com as mais diversas culturas sobre a Terra? E quando todos habitantes da Terra conseguirão dividir sonhos e bens entre si? Definitivamente, para se construir uma Paz duradoura, o Homem tem que aprender muito. Tem que entender que a magnanimidade e a bondade têm que ser maior do que a mesquinhez, a ousadia e a bravura. Tem que compreender que os novos tempos devem ser de tolerância e não de coragem.


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Justamente para entender o valor da paciência e da civilidade sobre a soberba e a maldade, em relação à Terra e aos Homens, é que vale a pena ter um momento de reflexão, lendo a entrevista de Leonardo Boff nesta edição da Folha do Meio. Autor de mais de 60 livros sobre a Teologia de Libertação, Ecologia e Desenvolvimento Sustentável, o último deles “O Casamento entre o Céu e a Terra”, o teólogo e escritor Leonardo Boff apresenta sua visão holística e conclama pela harmonia entre habitantes deste mundo. “O consenso deve ser para a Paz e não para a Guerra”, lembra Boff e alerta: ou mudamos o padrão de desenvolvimento ou morreremos todos, como aconteceu com os dinossauros.


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Soltos nas matas, os pássaros alegram e enfeitam a natureza. Cantam e encantam os homens. Por isso há quem os ame e cria grupos, organizando clubes e associações para melhor curtir esta maravilha de animais que desperta cada vez mais o interesse de observadores. Além do prazer, esta atividade esportiva de Ecoturismo também favorece a formação de uma consciência ecológica. Outubro é comemorado pelos 80 milhões de “Birdwatchers” (Observadores de Pássaros) como o mês das aves. Vamos conhecer um pouco mais esta atividade, aprendendo observar, identificar e curtir as aves.


Está aí mais um edição da Folha do Meio e, ao lê-la, amigo leitor, devemos entender que a vida é precisamente como os pássaros. Pode ser cheia de cor, mas pode ser também escura, pode ser grande ou pequena, pode ser de uma riqueza deslumbrante ou de uma pobreza atroz, pode ter um cantar alegre ou triste, mas a vida é precisamente como uma ave: passa voando.

Caro leitor…

15 de março de 2004

  Como na canção, todo o ano começa e termina sempre igual: com um pouco de pesar pelo que não aconteceu de bom, com muitos agradecimentos pelo que ele nos trouxe de conquistas e sempre com muita expectativa de sorte e saúde pelo novo tempo que se aproxima. Pelo menos por um minuto, romper um… Ver artigo

 


Como na canção, todo o ano começa e termina sempre igual: com um pouco de pesar pelo que não aconteceu de bom, com muitos agradecimentos pelo que ele nos trouxe de conquistas e sempre com muita expectativa de sorte e saúde pelo novo tempo que se aproxima. Pelo menos por um minuto, romper um novo ano significa fortalecer nossa fé, refazer nossos sonhos e realimentar nossas crenças. A verdade é que um novo ano não pode significar apenas um caminho novo. Tem que significar, sobretudo, um novo jeito de caminhar. Sem muita pressa, mas também sem perder tempo. E acendendo os faróis na marcha a ré de 2002, a gente pode tirar pelo menos uma grande lição.


Não há como deixar de valorizar o maior espetáculo de democracia deste planeta que aconteceu em terras brasileiras: as eleições de outubro. Uma eleição que elegeu um nordestino pobre, que adentrou a metrópole de São Paulo num pau-de-arara e que com muito esforço e muita luta venceu na vida. Vencer na vida é pouco. Fez História. O metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva provou que com determinação, honestidade e bom senso se pode ganhar uma revolução. Sem uma gota de sangue derramada. Eis a lição: Lula fundou um partido e fez deste partido um exército de paz. Por três vezes tentou ganhar uma eleição. Por três vezes perdeu. Não recuou. De cada eleição perdida, fez um aprendizado diferente. Manteve seu exército unido para, na quarta tentativa, atravessar o Rubicão. O povo escolheu um líder e esse líder soube construir uma vitória. E a vitória chegou para ganhar o poder de uma nação de quase 200 milhões de habitantes, que tem a oitava economia do mundo. Terrorismo, guerrilha, atentados? Não! Pela força das armas, não! Um brasileiro simples, trabalhador e que veio da pobreza dá a grande lição ao mundo: com fé, honestidade, perseverança, ideal, muita conversa, entendimento e muita paciência se pode se pode tomar o poder. Quantos países, nos cinco continentes, inclusive vizinhos aqui, se digladiam, se matam, dizimam sua juventude num mar de sangue para não chegar a lugar nenhum? Quantos países, os exemplos estão aí, as mudanças no poder são provocadas por guerras, guerrilhas e atentados e eles acabam vivendo num rodízio de conflitos? Se Nelson Mandela deu, ao mundo, o exemplo do século, Lula deu o exemplo da década.


A grande lição que fica deste 2002, vem justamente de Luiz Inácio Lula da Silva e de sua nova ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. É tão simples, amigo leitor, como o vôo de uma sabiá: os homens seriam mais felizes, mais de bem com a vida, primeiro, se não julgassem tantas coisas impossíveis; e, segundo, se lutassem mais no campo das idéias e menos no campo de batalhas. Ganhar o poder no abraço significa não perdê-lo, depois, no laço.
Obrigado por estarmos juntos em 2002. Um Feliz Natal e muitas bênçãos para 2003.SG

Caro leitor…

15 de março de 2004

  Em primeiro lugar, amigo leitor, gostaria de compartilhar com você nossa alegria. Minha, pessoal, e de centenas de jornalistas que nestes quase 14 anos passaram aqui pela redação da Folha do Meio Ambiente. Dia 19 de novembro fui a Belo Horizonte para participar do Imprensa Verde 2, ou como queiram, o Green Press 2…. Ver artigo

 


Em primeiro lugar, amigo leitor, gostaria de compartilhar com você nossa alegria. Minha, pessoal, e de centenas de jornalistas que nestes quase 14 anos passaram aqui pela redação da Folha do Meio Ambiente. Dia 19 de novembro fui a Belo Horizonte para participar do Imprensa Verde 2, ou como queiram, o Green Press 2. Há dez anos, em maio de 1992, foi realizado o primeiro encontro, também em Belo Horizonte: o Green Press 1, um mês antes da RIO}92. Foi prestigiadíssimo. Patrocinado pela ONU, governos e entidades internacionais contou com a presença de profissionais de 30 países. Foram cinco dias de debates. A inscrição foi paga: 80 dólares para jornalistas, 60 dólares para estudantes e 130 dólares para não-jornalistas. Preço que não espantou os interessados: vieram 250 jornalistas do exterior, num comparecimento total de mais de 1.000 participantes. Parecia ser esse o alto preço a pagar para entrar na onda verde do momento. Afinal de contas, a grande mídia começava a se preparar para ter uma editoria de meio ambiente. Mais: alguns jornais, como o Jornal do Brasil, iria publicar uma edição diária sobre ecologia, durante a RIO}92, em inglês. Pois bem, o Green Press 1 foi sucesso de público, de conteúdo e de recomendações, tendo publicado inclusive a Carta de Belo Horizonte.


E como foi o Imprensa Verde 2 ou Green Press 2? Bem, para começar teve poucos patrocinadores. Nenhum de nível internacional. Em segundo lugar, apesar das inscrições serem gratuitas, compareceram menos de 200 pessoas. E em terceiro lugar, a grande mídia ignorou o segundo encontro redondamente. Foi realizado graças exclusivamente à sensibilidade do ministro José Carlos Carvalho, de sua assessora Eliana Lucena e ao altruísmo militante de dois jornalistas: Hiran Firmino e Américo Antunes. E o que teve o segundo encontro melhor que o primeiro? Muita coisa. O Imprensa Verde 2 mostrou alguns pontos fundamentais: primeiro que o jornalismo ambiental nasceu e é uma realidade que está conquistando desde estudantes até profissionais consagrados, independente de ONU, de governos e até de uma certa aleivosia da própria grande mídia. Longe do modismo daquele primeiro momento, hoje esse é um jornalismo consciencioso e bastante aguerrido. E vale lembrar ainda: é um jornalismo que madurece ao sabor da melhor das emoções: amor à natureza, ao Homem e à vida.
Ah! esqueci, amigo leitor, de dizer porque gostaria de compartilhar nossa alegria. Simples, nossa alegria está na página 14 e 15 desta edição. Justamente por ter a Folha do Meio Ambiente participado (era o único jornal ambiental na época) e divulgado o Green Press 1, em 1992, e ter participado e estar divulgando o Green Press 2, agora em 2002. É a alegria de ter dado passos pioneiros, firmes e corajosos há mais de uma década.
E para selar nossa alegria ao despedir, um recado em poesia, de Soares da Cunha, aos consumistas inveterados:


Se o mundo pudesses ter,
Nem ele te bastaria,
Pois nada é capaz de encher
Quem tem a alma vazia.


Obrigado,SG

Caro leitor…

15 de março de 2004

  Lula aqui e Sabiá lá. Ambos chegaram ao poder. Lula, aqui, tem a responsabilidade dos milhões de votos que recebeu e não pode frustrar um eleitorado que pediu mudanças, mas sinalizou que não abre mão da harmonia e da paz. O Sabiá, lá, por decreto assinado por Fernando Henrique Cardoso foi oficializado como a… Ver artigo

 


Lula aqui e Sabiá lá. Ambos chegaram ao poder. Lula, aqui, tem a responsabilidade dos milhões de votos que recebeu e não pode frustrar um eleitorado que pediu mudanças, mas sinalizou que não abre mão da harmonia e da paz. O Sabiá, lá, por decreto assinado por Fernando Henrique Cardoso foi oficializado como a Ave Nacional. Dois símbolos de um Brasil que busca obstinadamente representar uma nação livre, respeitada e justa. Lula, presidente da República, é agora o todo poderoso que pode alavancar ou derrubar mercados e que pode realizar ou destruir sonhos. Mais modesto, o Sabiá quer apenas ser livre para habitar as matas e quintais das casas brasileiras e para, com seu canto, continuar inspirando nossos compositores e poetas. Lula está aqui. E Sabiá está lá.


Por falar em símbolo, um outro símbolo brasileiro pede socorro: o Pau-Brasil. O escritor Eduardo Bueno lançou o belíssimo livro Pau Brasil e resgata um momento crucial do nosso passado: o ciclo econômico do Pau-Brasil, uma riqueza que sempre foi nossa e nunca pôde ser nossa. A árvore-símbolo brasileira que agoniza.


Nesta edição tratamos de um dos mais importantes temas para a saúde do homem: a qualidade dos alimentos. Antes, o homem comia o que plantava. No máximo, o que o vizinho plantava. Hoje, o pão nosso de cada dia percorre uma cascata invisível de transformações: os alimentos têm nomes sofisticados, estão expostos em embalagens mais sofisticadas ainda, vêm de lugares inimagináveis, são manipulados na colheita e na industrialização e são expostos com todo charme e apelo de marketing nas gôndolas de supermercados. Mais: a globalização está profundamente presente na questão dos alimentos. Como monitorar a qualidade das frutas, do leite, da carne, das bebidas e dos hortigranjeiros? Em tempo de tanta violência, não seria oportuno pensar também na segurança alimentar? Por ocasião das comemorações do Dia da Alimentação, a Folha do Meio Ambiente aborda os esforços dos pesquisadores brasileiros no sentido de garantir o contínuo melhoramento da qualidade e da oferta de alimentos.


Sabiá, Pau-Brasil e tantas outras espécies de nossa flora e fauna que se vão. Passados 502 anos, continuamos sem valorizar essa dádiva que Deus nos deu, a exuberante biodiversidade de nossas florestas. A partir desta edição, em parceria com a Renctas, a Folha do Meio passa a divulgar sistematicamente a grande luta para acabar com o terrível tráfico de animais silvestres que explora os mais pobres, enriquece os intermediários e dizima nossas mais belas mostras de pássaros e bichos.


E, em nome da nossa biodiversidade, deixo para o amigo leitor essa beleza de trova do Soares da Cunha:


Qual menino sonhador
Eu fico às vezes pensando
Que a borboleta é uma flor
Que gosta de andar voando…


SG

Caro leitor

15 de março de 2004

Cada conferência, cada encontro e cada workshop – sejam eles promovidos pelas Nações Unidas ou patrocinados por um simples município do mais pobre país do mundo – cumpre um papel importante na mudança dos padrões de desenvolvimento da sociedade. Mais do que um simples seminário ou um grande evento de estudos sócioeconômico-ambientais, cada discussão é… Ver artigo









Cada conferência, cada encontro e cada workshop – sejam eles promovidos pelas Nações Unidas ou patrocinados por um simples município do mais pobre país do mundo – cumpre um papel importante na mudança dos padrões de desenvolvimento da sociedade. Mais do que um simples seminário ou um grande evento de estudos sócioeconômico-ambientais, cada discussão é parte de um processo contínuo de aprendizado e de aperfeiçoamento pelos diversos setores de atividades na busca de corrigir rumos, buscar opções saudáveis e viáveis para um novo padrão de desenvolvimento. Como? Conscientizando, minimizando os desperdícios, supervalorizando os recursos naturais, promovendo o reuso e a reciclagem da matéria-prima, introduzindo práticas de correção das distorções que agridem a biosfera, desenvolvendo tecnologias limpas e criando alternativas de financiamento, através do crédito e benefícios fiscais, para o desempenho industrial e comercial vantajoso na relação com o meio ambiente.



E a Conferência Mundial de Johannesburgo 2002 se situa neste conceito. É mais uma oportunidade para os humanos repensarem sua ocupação no planeta Terra. Por quê? Simplesmente porque o sucesso fantástico do desenvolvimento científico-tecnológico dos humanos como raça significa, infelizmente, o insucesso fantástico de todos os outros tipos de vida – animal, mineral e vegetal – sobre a Terra. O homem se revelou o maior beneficiário, o maior explorador e o maior predador dos recursos naturais do planeta. Gostaria de lembrar aqui o escritor Carl Sagan, quando ele muito bem diz que a Terra é uma anomalia.
“Em todo o sistema solar, ao que se saiba, é o único planeta habitado. Nós, humanos, somos uma, entre milhões de espécies que vivem num mundo em florescência, transbordando vida. No entanto, a maioria das espécies que existiram não existem mais.
Depois de prosperarem por 180 milhões de anos, os dinossauros foram extintos. Todos, sem exceção. Não sobrou nenhum. Nenhuma espécie tem garantido seu lugar neste planeta. E estamos aqui há apenas 1 milhão de anos, nós, a primeira espécie que projetou os meios de sua autodestruição.



Somos raros e preciosos porque estamos vivos, porque podemos pensar dentro de nossas possibilidades. Temos o privilégio de influenciar e talvez, controlar o nosso futuro. Acredito que temos a obrigação de lutar pela vida na Terra – não apenas por nós mesmos, mas por todos aqueles, humanos e de outras espécies, que vieram antes de nós e a quem devemos favores. E por todos aqueles que, se formos inteligentes, virão depois de nós.



Não há nenhuma causa mais inteligente, nenhuma tarefa mais apropriada do que proteger o futuro de nossa espécie.
Quase todos os nossos problemas são provocados por nós mesmos e podem ser resolvidos por nós mesmos. Nenhuma convenção social, nenhum sistema político, nenhuma hipótese econômica e nenhum dogma religioso é mais importante.”
Para concluir, vale dizer: se a Terra é única e é uma anomalia, tenho certeza que é uma anomalia para o bem e para a vida. Que nossa passagem por ela seja também uma anomalia para o bem e para a vida. Amém!

Caro leitor

15 de março de 2004

  Cada conferência, cada encontro e cada workshop – sejam eles promovidos pelas Nações Unidas ou patrocinados por um simples município do mais pobre país do mundo – cumpre um papel importante na mudança dos padrões de desenvolvimento da sociedade. Mais do que um simples seminário ou um grande evento de estudos sócioeconômico-ambientais, cada discussão… Ver artigo








 



Cada conferência, cada encontro e cada workshop – sejam eles promovidos pelas Nações Unidas ou patrocinados por um simples município do mais pobre país do mundo – cumpre um papel importante na mudança dos padrões de desenvolvimento da sociedade. Mais do que um simples seminário ou um grande evento de estudos sócioeconômico-ambientais, cada discussão é parte de um processo contínuo de aprendizado e de aperfeiçoamento pelos diversos setores de atividades na busca de corrigir rumos, buscar opções saudáveis e viáveis para um novo padrão de desenvolvimento. Como? Conscientizando, minimizando os desperdícios, supervalorizando os recursos naturais, promovendo o reuso e a reciclagem da matéria-prima, introduzindo práticas de correção das distorções que agridem a biosfera, desenvolvendo tecnologias limpas e criando alternativas de financiamento, através do crédito e benefícios fiscais, para o desempenho industrial e comercial vantajoso na relação com o meio ambiente.



E a Conferência Mundial de Johannesburgo 2002 se situa neste conceito. É mais uma oportunidade para os humanos repensarem sua ocupação no planeta Terra. Por quê? Simplesmente porque o sucesso fantástico do desenvolvimento científico-tecnológico dos humanos como raça significa, infelizmente, o insucesso fantástico de todos os outros tipos de vida – animal, mineral e vegetal – sobre a Terra. O homem se revelou o maior beneficiário, o maior explorador e o maior predador dos recursos naturais do planeta. Gostaria de lembrar aqui o escritor Carl Sagan, quando ele muito bem diz que a Terra é uma anomalia.
“Em todo o sistema solar, ao que se saiba, é o único planeta habitado. Nós, humanos, somos uma, entre milhões de espécies que vivem num mundo em florescência, transbordando vida. No entanto, a maioria das espécies que existiram não existem mais.
Depois de prosperarem por 180 milhões de anos, os dinossauros foram extintos. Todos, sem exceção. Não sobrou nenhum. Nenhuma espécie tem garantido seu lugar neste planeta. E estamos aqui há apenas 1 milhão de anos, nós, a primeira espécie que projetou os meios de sua autodestruição.



Somos raros e preciosos porque estamos vivos, porque podemos pensar dentro de nossas possibilidades. Temos o privilégio de influenciar e talvez, controlar o nosso futuro. Acredito que temos a obrigação de lutar pela vida na Terra – não apenas por nós mesmos, mas por todos aqueles, humanos e de outras espécies, que vieram antes de nós e a quem devemos favores. E por todos aqueles que, se formos inteligentes, virão depois de nós.



Não há nenhuma causa mais inteligente, nenhuma tarefa mais apropriada do que proteger o futuro de nossa espécie.
Quase todos os nossos problemas são provocados por nós mesmos e podem ser resolvidos por nós mesmos. Nenhuma convenção social, nenhum sistema político, nenhuma hipótese econômica e nenhum dogma religioso é mais importante.”
Para concluir, vale dizer: se a Terra é única e é uma anomalia, tenho certeza que é uma anomalia para o bem e para a vida. Que nossa passagem por ela seja também uma anomalia para o bem e para a vida. Amém!

Caro leitor

15 de março de 2004

Há 13 anos saiu a primeira edição da Folha do Meio. E, nesse tempo, todo mês de junho fazemos uma cobertura mais ampla sobre o Dia Mundial do Meio Ambiente. Aliás, a sociedade encampou tão bem essa iniciativa da ONU e fez desta data um ponto de reflexão tão importante nas escolas, nos governos e… Ver artigo






Há 13 anos saiu a primeira edição da Folha do Meio. E, nesse tempo, todo mês de junho fazemos uma cobertura mais ampla sobre o Dia Mundial do Meio Ambiente. Aliás, a sociedade encampou tão bem essa iniciativa da ONU e fez desta data um ponto de reflexão tão importante nas escolas, nos governos e nas empresas que as comemorações passaram a ser feitas durante toda a semana. Em muitos lugares, durante todo o mês. Antes, a data era lembrada apenas por governos e escolas, hoje a iniciativa privada, indústrias e empresas, também aderiram a esta reflexão, como podemos ver na reportagem principal desta edição.

Todo este movimento ambiental e toda esta luta pela melhoria da qualidade de vida têm desafios fantásticos pela frente. O primeiro deles é evidente e agride a consciência humana: erradicação da pobreza. O sucesso do homem como povo, como gente, como um ser racional que consegue desvendar segredos da vida, viajar pelo espaço e vencer doenças cria dois gravíssimos problemas: o primeiro é que essas vitórias da raça humana beneficiam apenas uma minoria, uma a elite da raça humana; segundo é que na vitória do bem-estar, o homem acaba usando e abusando dos recursos naturais e prejudicando muitas outras formas de vida do planeta.

Foi justamente no início da Semana do Meio Ambiente que, aqui no Brasil, tivemos a terrível notícia da morte de um jornalista que investigava e tornava público as mazelas de nossa sociedade. A ausência do Estado, o aumento da pobreza, a corrupção desenfreada, a droga, a péssima atuação dos políticos e a consagração da lei do mais forte foram as causas da morte do repórter Tim Lopes e de muitos outros inocentes. Aliás, todos estes motivos acabaram consagrando três verdades:

Primeira: os bandidos, os traficantes e os corruptos temem muito mais o jornalismo investigativo, do que a polícia e a justiça. 

Segunda: a imprensa é a última taboa de salvação dos excluídos, dos oprimidos e dos injustiçados.

Terceira: no vácuo da inércia, da omissão e da impunidade do Estado, os jornais e as televisões sérias ocupam o único espaço na defesa dos direitos humanos e da cidadania.

E essas três verdades fizeram do repórter investigativo Arcanjo Antonino Lopes do Nascimento – Tim Lopes – o mais novo mártir do crime ambiental organizado no Brasil. Quem matou Tim Lopes e quem continua matando muitos outros inocentes anônimos é o tráfico, braço armado da pobreza, da corrupção, da droga, da falta de saneamento, do desemprego e da omissão do Estado. A sociedade continua sendo a grande responsável pelos criminosos que tem. A mudança pode vir em duas formas de participação política: pela luta armada ou pelo voto. Acho que pelo voto é menos doloroso e mais civilizado. E esse é ano de eleições no Brasil, portanto é hora de fazer um bom uso do voto. 

Como dizia sabiamente Arnold Toynbee, o maior castigo para aqueles que não gostam de política, que não se preocupam com seu voto, é saber que um dia serão governados por aqueles que gostam muito da política, fazendo da busca do voto uma profissão.

Caro Leitor…

15 de março de 2004

  Abro esta carta mostrando a importância de se ter um espaço que seja realmente participativo na sociedade organizada. Esse é o cerne da democracia. Nada mais salutar do que discutir, debater, votar e vencer a maioria. Está aí o segredo que facilita a vida em sociedade. Miramos no exemplo do Congresso Nacional. Existem problemas,… Ver artigo

 


Abro esta carta mostrando a importância de se ter um espaço que seja realmente participativo na sociedade organizada. Esse é o cerne da democracia. Nada mais salutar do que discutir, debater, votar e vencer a maioria. Está aí o segredo que facilita a vida em sociedade. Miramos no exemplo do Congresso Nacional. Existem problemas, existem parlamentares que se vendem por interesses escusos, existem posições até anti-democráticas, mas são justamente as posições conflitantes e sua divulgação aberta pela imprensa livre que fazem do Congresso Nacional a Casa da Democracia.


Mas o ponto que quero chegar é o caso do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). Tanto na iniciativa privada como no serviço público, há que se compreender a importância dos espaços participativos de decisão. Há uns quatro anos, escrevi aqui mesmo na Folha do Meio um texto que virou referência “Os 7 pecados capitais do Conama”, onde eu mostrava o esvaziamento político e técnico do órgão. Não tanto pelo meu artigo e mais pela situação real que vivia o conselho, houve uma tomada de posição e o renascimento do Conama. A diretoria executiva do novo conselho facilitou a comunicação. Buscou dissolver resistências e articulou os interesses dos dirigentes, para que o Conama fosse ao mesmo tempo democrático e produtivo. Aqui vai um tento para o ex-ministro José Sarney Filho, para o secretário-executivo (hoje ministro) José Carlos Carvalho e para o homem que promoveu essa revolução competente e silenciosa: Maurício Andrés, que está deixando a Diretoria Executiva do Conama para assumir um posto na ANA. Veja nas páginas 30 e 31 a nova estrutura que tornou o Conama democrático e produtivo.


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A Amazônia está bem representada nesta edição de maio. O lado bom: a secretária Mary Alegretti debate durante quatro horas com parlamentares sobre as ações do governo na Amazônia e abre o jogo: há que ter mais coordenação nas políticas governamentais para a região e até hoje não foi feito um debate mais sério sobre a agência que substituiu Sudam. Páginas 24 e 25. O lado ruim: madeireiras fantasmas estão desmatando a floresta. Páginas 26 e 27


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Ainda nesta edição temos outro assunto muito importante: como a cidade de Johannesburgo se prepara para receber cerca de 65 mil participantes da RIO+10 e mais de 10 mil jornalistas. Detalhes sobre as conferências, locais dos encontros, dicas para os visitantes, shows e até os problemas potenciais que podem acontecer. Páginas 12 e 13.


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Enfim, mais uma edição está na rua e começamos a preparar a edição do Dia Mundial do Meio Ambiente que coincide também com o aniversário da Folha do Meio: são 13 anos percorridos. A primeira edição saiu em junho de 1989. Que o treze da sorte nos ajude a vencer tantos obstáculos e nos dê ânimo para continuar nesta luta. Aos amigos leitores e às empresas anunciantes, a equipe da Folha do Meio agradece pelo apoio e pela força.

Caro Leitor…

15 de março de 2004

  Confesso que fechei esta edição com gosto. Quatro temas em quatro reportagens distintas valem uma leitura mais atenta. A primeira é sobre a comemoração maior deste mês: o Dia do Índio. Há doze anos, todos os meses de abril, temos discutido e escrito sobre a realidade indígena brasileira. Uma realidade ampla, complexa, aberta em… Ver artigo

 


Confesso que fechei esta edição com gosto. Quatro temas em quatro reportagens distintas valem uma leitura mais atenta. A primeira é sobre a comemoração maior deste mês: o Dia do Índio. Há doze anos, todos os meses de abril, temos discutido e escrito sobre a realidade indígena brasileira. Uma realidade ampla, complexa, aberta em vários cenários e em vários estágios. Enquanto tem muito índio querendo apito, tem muitos outros querendo diploma universitário. Querendo o conseguindo. Para comemorar esta Semana do Índio, trabalhamos no patamar do futuro. No patamar da esperança: estamos discutindo o índio universitário, o índio empresário do turismo, o índio artesão e, sobretudo, o índio resgatado pela igreja na Campanha da Fraternidade 2002: é possível a terra sem males, onde aconteça a plena libertação e a justiça, amém! (páginas 7 a 12).


O segundo tema importante é a entrevista com o ministro do Meio Ambiente, José Carlos Carvalho. O novo ministro abriu a alma e usou de sua capacidade e inteligência para colocar na mesa um debate atual e certeiro sobre a política ambiental: o Brasil já lançou todos os comandos e ações para implementar um verdadeiro desenvolvimento sustentável. Agora chegou a hora de buscar a participação efetiva da sociedade e de fazer mudanças na política tributária e de crédito, para favorecer as indústrias ecologicamente corretas. O desafio está lançado. Vale a pena conferir nas páginas 13, 14, 15 e 16)


O terceiro tema que gostaria de salientar ao amigo leitor é sobre o encontro ocorrido no BNDES, no Rio de Janeiro, em que, alto e bom som, os banqueiros deram a mão à palmatória: ninguém mais escapa da responsabilidade social e ambiental. A pergunta continua sem resposta: como os bancos vão incorporar a temática ambiental em suas negociações financeiras? A resposta do sociólogo Rubens César Fernandes é dura: o sistema de micro-créditos, para o setor financeiro, no mundo inteiro ainda é um playground de crianças! Todo o debate está nas páginas 18 e 19.


Por fim, uma luz no fim do túnel: empresas descobriram que é uma boa ser parceiros do Ibama para promover educação ambiental, repovoar os rios e recuperar as matas ciliares. Isso no Paraná. Talvez outros estados podem imitar esta iniciativa. Unir responsabilidade social à capacidade técnica, muitas vezes é só uma questão de oportunidade (Páginas 20 e 21). Caro leitor, o Cláudio A. Silva, autor da matéria, fez muito bem em me relembrar que “quem é belo, é belo aos olhos. E basta! Mas quem é bom, é subitamente belo”. A natureza é bela, mas precisa da bondade do homem para continuar bela.

Caro Leitor…

15 de março de 2004

  Quando as coisas não vão bem numa grande empresa, quando a empresa não consegue alcançar seus objetivos, os acionistas se reúnem e trocam a diretoria. É questão de sobrevivência no mercado, uma arena em que quem não tem competência não se estabelece. Assim também deveria funcionar nos municípios. Quando as contas não batem, quando… Ver artigo

 

Quando as coisas não vão bem numa grande empresa, quando a empresa não consegue alcançar seus objetivos, os acionistas se reúnem e trocam a diretoria. É questão de sobrevivência no mercado, uma arena em que quem não tem competência não se estabelece.

Assim também deveria funcionar nos municípios. Quando as contas não batem, quando os funcionários públicos não recebem, quando o lixo se espalha pelas ruas, quando falta o saneamento básico, quando os rios e lagos são poluídos, quando as áreas verdes, as florestas e os parques não são cuidados também chegou a hora dos cidadãos se reunirem para mudar a administração. E como mudar uma administração de uma cidade? Pelo voto. Quando se escolhe um prefeito ou um governador, se escolhe também a qualidade de vida que se quer ter.

E o que acontece hoje na grandíssima maioria dos municípios brasileiros? Os prefeitos são escolhidos para fazer uma política partidária, clientelista e muitas vezes um populismo barato. Muitas vezes, vão administrar uma cidade e não conseguem administrar a própria empresa, a própria família e nem a própria vida. São totalmente descompromissados com as questões mais importantes como o orçamento, o plano diretor e as questões ambientais.

Esquecem que a violência ambiental mata muito mais do que a violência comum. E as provas estão aí: mais de 70% das pessoas que procuram os hospitais, têm como causa a poluição da água, a falta de saneamento.

Está aí a epidemia da dengue. As conseqüências todos sabem, mas quando vão combater definitivamente as causas? Não basta colocar a culpa na comunidade, pois o que falta mesmo é gerência na condução dos serviços públicos: falta de controle sanitário, falta de gerenciamento ambiental das cidades e falta vontade política para resolver o problema.

Culpar apenas a falta de recursos é passar um atestado de incompetência. Um administrador tem que ser criativo, tem que saber como e onde buscar recursos, tem que saber fazer uma mobilização da comunidade para melhorar a educação, melhorar a saúde e melhorar a qualidade de vida. A RIO}92 definiu muito bem: o bom administrador pensa globalmente, mas age localmente. A dengue está aí para comprovar.

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A preservação dos recursos hídricos e o uso inteligente da água está na ordem do dia. É tema de debates, reuniões e encontros, sobretudo agora em março, pelo Dia Mundial da Água. Em abril, a Unesco lançará dois livros sobre o tema, que prometem reacender o debate em torno do desenvolvimento sustentado e da gestão dos recursos hídricos. Vale a pena conferir a reportagem especial sobre água.

Caro Leitor…

15 de março de 2004

  O tempo não pára e 2002 corre célere! A vida vale pelo que se faz, pelo que se aprende, pelo que se agrega de amizades e pelo que se contribui para melhorar a qualidade de vida nossa e das pessoas que nos cercam. Quanto mais se vive, mais sabedoria acumulamos e mais oportunidades temos… Ver artigo

 


O tempo não pára e 2002 corre célere! A vida vale pelo que se faz, pelo que se aprende, pelo que se agrega de amizades e pelo que se contribui para melhorar a qualidade de vida nossa e das pessoas que nos cercam. Quanto mais se vive, mais sabedoria acumulamos e mais oportunidades temos de construir e fazer o bem. Mas como entender essa escalada de violência?


Crimes há contra o homem e contra a natureza. Sempre existiram e parece que sempre vão existir. Mas o que não se pode aceitar é a escalada de seu crescimento.


Como explicar os requintes de crueldades com que o ser humano consegue tratar outro ser humano? Pior, consegue tratar um outro ser humano com o qual ele não tem nenhum relacionamento, nunca viu antes e tão somente para tirar proveito, como no caso dos seqüestros?


Ainda, mais terrível: como explicar essa mesma violência com vítimas que mal conseguem falar e não podem nem entender o que está acontecendo por serem ainda crianças?


Mas aí vem a questão: o Estado do bem vem tolerando o crescimento do “estado” do mal, do “estado” paralelo, do crime organizado que também manda, prende, solta, julga, desafia e mata?


Como tolerar esse “estado” paralelo que governa milhões de pessoas nas favelas, mas têm parcerias nos palacetes dos bairros grã-finos das cidades?


Como suportar esse “estado” do mal que pressiona a sociedade e consegue se infiltrar no Estado do bem, ou seja, consegue estabelecer ligação com homens públicos, por meio de deputados que elegem, de policiais que corrompem, de funcionários que subornam, de juízes que seduzem e de empresários com os quais se associam?


É a tolerância e a convivência do Estado do bem com o “estado” do mal, que tomou conta das ruas. E a questão é simples: o custo/benefício do crime passou a compensar. Virou meio de vida.


E os exemplos são variados: é a droga que mata, mas arrecada; é o futebol, alegria do povo, que enriquece ilicitamente dirigentes; é a Internet que cria sites usando e abusando de crianças e mulheres; é o combustível que trouxe a máfia da falsificação para dentro do tanque de seu carro; é a tevê que ensina a matar e a explorar as virtudes e os pecados humanos; é, enfim, a igreja da esquina que chantageia seus fiéis em nome de Deus e do diabo.


E assim, vão se relaxando os costumes, acabando com os valores de família e, como dizia Rui Barbosa, agigantando-se os poderes dos maus. O resultado é por demais conhecido: impunidade, crimes cada vez mais audaciosos e contabilidade a favor.


E o que tanta violência tem a ver com o meio ambiente? Tudo, caro leitor. É justamente o mesmo custo/benefício que garante o crime comum que vai garantir também a violência contra a natureza: os desmatamentos na Amazônia, Cerrado e Mata Atlântica continuam acontecendo porque dão lucros; o tráfico de animais não acaba porque movimenta 10 bilhões de dólares/ano; a poluição dos rios e do solo é uma triste realidade porque há omissão e tolerância com os garimpeiros e com a falta de saneamento das cidades. Enfim, a violência ambiental pode ainda ser muito pior do que a violência comum, porque ela mata aos poucos e em maior quantidade.


Aí o alerta, caro leitor: como esperar que o ser humano faça um pacto de nãoagressão ao meio ambiente, que ele tenha mais atenção com a água, com a flora e com a fauna se o homem não tem respeito nem mesmo com o seu semelhante?


A razão perece estar com Albert Schweitzer, quando diz: a violência prosperou e o mundo se tornou perigoso porque os homens aprenderam a dominar a natureza antes a si próprios.

Caro leitor…

15 de março de 2004

  Abrimos o novo século de uma maneira formidável: com muitas vitórias, com muitas esperanças e uma triste derrota: o homem ainda não aprendeu a viver em Paz. As vitórias e as esperanças ficam por conta da questão ambiental que está cada vez mais presente no dia-a-dia de governos, de empresas e dos cidadãos. E… Ver artigo

 

Abrimos o novo século de uma maneira formidável: com muitas vitórias, com muitas esperanças e uma triste derrota: o homem ainda não aprendeu a viver em Paz. As vitórias e as esperanças ficam por conta da questão ambiental que está cada vez mais presente no dia-a-dia de governos, de empresas e dos cidadãos. E a triste derrota fica por conta dos extremismos que levam a autodestruição, marcada pelos terríveis acontecimentos do 11 de setembro, em Nova York, a escalada da guerra no Afeganistão e a eterna intolerância entre árabes e judeus.


Pela conscientização e pela luta em prol do meio ambiente, podemos antever dias melhores. A economia se misturou com a ecologia e podemos pressentir a chegada de uma nova era: a era da eco-eficiência para as empresas e a era da responsabilidade cidadã para os homens. Esse novo tempo pressupõe o início da mudança do padrão de desenvolvimento. Uma idéia, ou melhor, uma pauta que a Agenda 21 consolidou e está muito bem expressa nos seis documentos finais do Ministério do Meio Ambiente (Subsídios à elaboração da Agenda 21 Brasileira) quando diz que desenvolvimento e conservação do meio ambiente devem constituir um binômio indissolúvel, que promova a ruptura do padrão mantido de crescimento econômico, tornando compatíveis duas grandes aspirações deste início de milênio: o direito ao desenvolvimento e o direito ao usufruto da vida em ambiente saudável pelas futuras gerações.


Nesta última edição do ano, além da bela matéria sobre Alter do Chão, fizemos um balanço ambiental de 2001. Nas páginas 10 e 11 os grandes eventos que marcaram o início deste século.


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Não é provocação, mas um debate honesto, baseado na mudança de padrão de desenvolvimento e de consumo. O tema é o comércio e o manejo de animais da fauna brasileira como opção de desenvolvimento sustentável. A reportagem sobre criatórios de aniamais silvestres está nas páginas 7 e 8.


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Uma outra notícia que vamos dar na frente da grande mídia é o caso do maior controle da radiação de celulares e torres, a ser promovido pela Anatel – Agência Nacional de Telecomunicações. Vem aí, além da padronagem de radiação um maior controle de torres de celular. Basta olhar para as nossas praças, prédios e avenidas para entender logo que não existe nenhuma ordem pública para levantamento de uma torre de tevê ou celular. Páginas 23, 24, 25 e 26.


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E ainda, como prometemos, uma entrevista com o secretário de Recursos Hídricos do MMA sobre o impacto ambiental das grandes barragens. Páginas 29, 30, 31 e 32.


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Amigo leitor, você que esteve com a gente neste ano de 2001 e que, Deus queira, estará com a gente também em 2002, o nosso muito obrigado. Vamos continuar sonhando juntos. Vamos sonhar sempre, pois quando se para de sonhar é o fim.

Editorial

Caro Leitor

5 de março de 2004

Diplomacia e Meio Ambiente

 


Há pouco lembrei aos amigos leitores que existe uma grande diferença entre o habitat dos homens e dos animais. Os animais estão condenados a viver e a se reproduzir onde o clima, a vegetação e as condições de solo e água lhes são favoráveis. Já o homem é diferente. Por ser racional, o homem pode desvendar a ciência e, assim, dominar a natureza, desenvolvendo tecnologias para suas conquistas e seu bem-estar. É justamente neste ponto que o ser humano tem que ter seus cuidados: ao inventar máquinas para abrir caminhos ou para se locomover, ele compromete os ecossistemas; ao prover seu celeiro com alimentos, sua casa com eletrodomésticos e seu bem-estar com energia, ele agride o ar, o solo e os rios. Eis o desafio: de qualquer maneira e em qualquer situação, o homem tem que continuar produzindo para viver, mas o importante é que tem que saber poupar, tem que saber explorar corretamente, tem que saber reciclar e tem que saber reutilizar para continuar vivendo e se desenvolvendo sempre e melhor. Isso se chama desenvolvimento sustentável.


Para conseguir essa sustentabilidade, existe o bom senso e existem as leis. Bom senso vem com a educação e conscientização ambiental. E as leis – para incentivar quem usa bem os recursos naturais e para penalizar quem agride o ambiente – são feitas pelos legisladores no Congresso Nacional, nas Assembléias Legislativas e na Câmara de Vereadores.


E como se incentiva ou penaliza? Simples, com menos ou mais tributos, com menos ou mais impostos e com menos ou mais taxas. É justamente isso que está sendo discutido hoje no Congresso Nacional do Brasil: a reforma tributária.


Não se faz política ambiental apenas com sonhos, com história ou poesia. Política ambiental se faz com regras constitucionais, incentivos fiscais e tributações pesadas num jogo que pune os poluidores e valoriza o trabalho de quem preserva.


Veja a dimensão política e econômica que tomou a questão ambiental: das 466 emendas apresentadas à proposta da reforma tributária em tramitação na Câmara dos Deputados, 10% – ou seja, 46 delas são relacionadas ao meio ambiente. Isso revela a nova compreensão da sociedade e dos parlamentares sobre a importância dos instrumentos econômicos para a consecução dos objetivos da política ambiental.


Entre as constituições modernas, a do Brasil é a que apresenta o mais avançado capítulo sobre meio ambiente. Dispomos de uma legislação infraconstitucional – leis, decretos, resoluções, portarias – também das mais completas. Falta-nos, no entanto, um instrumental que estimule as instituições, as empresas e as pessoas a atuarem no meio ambiente, por meio de uma visão econômica e patrimonial.


A atual reforma tributária busca essa articulação e essa interação entre a política de meio ambiente e as demais políticas públicas.


Essa, amigo leitor, é a única fórmula que vai nos permitir colher todos os dias os ovos de ouro sem matar a galinha que os põe.

Caro Leitor:

5 de março de 2004

  Todo dia tem dono. Quando não é dia de santo, de uma data cívica, com certeza será dia de homenagear alguém, algum movimento ou, mesmo, é sempre dia de dar graças aos céus pela vida. Nesse sentido, você, amigo leitor, eu e todos os habitantes deste mundo de Deus, somos todos dono de cada… Ver artigo

 


Todo dia tem dono. Quando não é dia de santo, de uma data cívica, com certeza será dia de homenagear alguém, algum movimento ou, mesmo, é sempre dia de dar graças aos céus pela vida. Nesse sentido, você, amigo leitor, eu e todos os habitantes deste mundo de Deus, somos todos dono de cada dia que vivemos. Dia 5 de junho, por exemplo, é o Dia Mundial do Meio Ambiente. E é um dia tão importante que é comemorado em praticamente todas as nações do mundo, durante todo o mês de junho com palestras, estudos e atividades de cidadania. Nas escolas, nas empresas e nos órgãos públicos. É dia de refletir sobre o planeta Terra que habitamos e as conseqüências de nossas ações sobre o mundo em que vivemos. A Folha do Meio abre, nesta edição de maio, as comemorações pelo Dia Mundial do Meio Ambiente.


Outro tema que destacamos é a exploração de Água Mineral no Brasil. E a discussão nasceu justamente em São Lourenço, MG, onde está uma das mais importantes fontes de água medicinal do mundo. A empresa que comercializa a água extraída em São Lourenço está sendo acusada pelos ambientalistas e pelo promotor da 1ª Vara de São Lourenço, Pedro Paulo Barretos Aina, de captar ilegalmente água mineral do Poço Primavera, no Parque da Cidade. O promotor apresentou como base para a denúncia inquérito civil público, motivado por um abaixo-assinado de 1.700 moradores. Todo este debate, motivado por uma audiência pública, está também nesta edição e desde já podemos tirar duas lições: primeiro, os ecossistemas, por mais generosos que sejam, têm limites. Se estes limites são infringidos ao ponto de retorno possível, eles podem ser revertidos, restabelecendo o equilíbrio. Caso contrário, é preciso que o homem interfira para restaurá-los; segunda lição: a Água Mineral é um recurso hídrico tão nobre que há necessidade de ser tratada em código próprio. Nem apenas de recurso hídrico e muito menos no código dos minerais, regido pelo DNPM.


E, para finalizar, voltemos àquela velha história: falta de saneamento é a maior violência ambiental no Brasil e mata mais do que a violência comum, pois mata aos poucos e muito mais gente. Numa entrevista sobre a relação do saneamento com os recursos hídricos, o professor Raymundo Garrido mostra que sem saneamento qualquer programa social é paliativo e que as perspectivas não são nada boas para o Brasil, dada a importância social, econômica e ambiental do setor e o pouco investimento projetado.


Amigo leitor, se todos os dias têm dono e se neste 5 de junho o dono é o meio ambiente, vamos aproveitar para fazer uma reflexão. Quem sabe refletir melhor esta frase que nasceu aqui na redação da Folha do Meio e vive a alimentar nossos sonhos: ninguém deve deixar de fazer, por só poder fazer muito pouco.
Obrigado,




Dear Reader:


Every day has an owner. When it is not a saint’s day, or a civic date, certainly it will be a day to homage someone, some movement or, as a matter of fact, everyday is a day for giving thanks to the heavens above for life. In this sense, you, reading friend, myself and every inhabitant of God’s world, we are all responsible for each day we live. On June 5th, for example, is the World Environment Day. And it is such an important day that it is practically celebrated in just about every nation around the world, during all the month of June with lectures, studies and citizenship activities. In schools, in companies and in public offices. It is a day to reflect about the planet Earth that we live in and the consequences of our actions on this very same world that is our home. Folha do Meio opens up, in this May edition, the commemorations for the World Environment Day.


Another theme that we bring to your attention is the exploitation of Mineral Water in Brazil. This quarrel actually first came up in São Lourenço, Minas Gerais state, where one of the most important medicinal water springs of the world is located. The company which commercializes the water extracted in São Lourenço is being accused by environmentalists and by the promoter of the 1st Jurisdiction of São Lourenço, Pedro Paulo Barretos Aina, of illegally extracting mineral water from Primavera Well, in the town’s City Park. The promoter presented as base for the public civil accusation charges, motivated by a signed petition from 1.700 local people. All this debate, motivated by a public hearing, is also in this edition and since now we can already learn two lessons: first, the ecosystems, no matter how large, they have limits. If these limits are broken to the point of possible return, them they can be reverted, reestablishing the balance. Otherwise, it is necessary for man to intervene in order to restore them; the second lesson: Mineral Water is such a noble water resource that it needs to be dealt with under its own laws. Not only as water resource nor under mineral laws, carried out by the DNPM (National Department of Mineral Production).


And, to wrap up, let us go back to that old tale: lack of sanitation is the biggest environmental violence in Brazil which kills more than daily violence, because it slowly kills many more people. In an interview on the relation of sanitation with water resources, professor Raymundo Garrido proves that without sanitation any social program is merely palliative and that the perspectives are not so good for Brazil, given the social, economic and environmental importance of the sector and the limited planned investment. (Pages 30 the 34)
Reading Friend, if every day has its owner and if in this June 5th the owner is the environment, lets take advantage of the date for a reflection. Why not to further reflect on this phrase that was born here in the editorial of Folha do Meio and is always feeding our dreams: one must not give up on good deeds, no matter how small we believe them to be.
Thank you,


Caro leitor

5 de março de 2004

  Há 13 anos, em todos os meses de abril, convocamos nossos jornalistas e colaboradores para juntos fazermos, com nossos leitores, uma reflexão sobre a causa indigenista. Primeiros habitantes de terras brasileiras, a imensa nação índia da Terra de Vera Cruz viu suas cerimônias e seus cânticos de fé nas tabas serem, pouco a pouco,… Ver artigo

 


Há 13 anos, em todos os meses de abril, convocamos nossos jornalistas e colaboradores para juntos fazermos, com nossos leitores, uma reflexão sobre a causa indigenista. Primeiros habitantes de terras brasileiras, a imensa nação índia da Terra de Vera Cruz viu suas cerimônias e seus cânticos de fé nas tabas serem, pouco a pouco, substituídos por lamentos e pedidos de socorro. Isso, desde quando foram avistados pelas primeiras expedições portuguesas, há precisamente 503 anos. De lá para cá, mais do que a ambição dos brancos por suas terras, os índios começaram a ser contaminados por doenças, pela derrubada de suas floresta, pela falta da caça e da pesca, pela desnutrição, pelo alcoolismo e pelo desamor à sua cultura. De exímio caçador, o índio virou presa fácil dos interesses do homem branco. E, das muitas culturas indígenas, restou uma tenra lembrança.


É verdade que o jeito de ser brasileiro, promovendo também essa miscigenação fantástica entre negros, índios, brancos, europeus e asiáticos, faz com que hoje o sangue indígena – que correu e ainda corre abundantemente pelas matas nas emboscadas dos exploradores – também corre pelas veias de muitos cidadãos ilustres deste País, em todas as profissões, em altas e baixas posições na sociedade.


Corajosos, lutando sempre por seus direitos, os índios também acreditam nas mudanças que nasceram nas urnas de outubro de 2002. Cabe a cada um de nós – com sangue indígena ou não – reconhecer nossa dívida e sanar um pouco das dores que no passado e no presente provocamos a eles.


Que saibamos valorizar essa diversidade tupiniquim; que compreendamos os valores e a contribuição de cada cultura, de cada povo e de cada raça; que nesse turbilhão de diversidade e nesse cadinho onde está sendo forjada uma civilização bem brasileira possamos, verdadeiramente, construir um Brasil mais solidário, mais justo e mais digno.
A crônica de uma tragédia anunciada abateu duas vezes sobre Minas Gerais. Em Cataquases e em Ouro Preto. Na primeira, a catástrofe veio pela água e na segunda o desastre foi pelo fogo. As águas do rio Pomba e da bacia do Paraíba do Sul que abastecem nove municípios, inúmeras fazendas, mais de 600 mil pessoas e cerca de 14 mil empresas formam um patrimônio de vida que pressentiu a morte. E o patrimônio colonial de 200 anos de um dos mais ricos casarios de Ouro Preto virou fumaça em poucas horas. São patrimônios deteriorados pelo descaso, pela negligência e, por que não, pela irresponsabilidade de uma fiscalização fraca e obsoleta que não coaduna com uma legislação ambiental severa e moderna. A fiscalização precisa ser mais ágil e estar mais comprometida. Fica a lição: não basta punir os poluidores, há que prevenir as tragédias.


Obrigado,

Editorial

Caro leitor

5 de março de 2004

  Cientistas, pesquisadores e astronautas correm todos os riscos ao mergulhar no espaço sideral para estudar e desvendar os mistérios do universo. E nessas andanças cósmicas por galáxias, planetas, satélites e estrelas a primeira coisa que procuram não é ouro, nem diamante e muito menos petróleo: é água, o elemento da vida. É a água… Ver artigo

 


Cientistas, pesquisadores e astronautas correm todos os riscos ao mergulhar no espaço sideral para estudar e desvendar os mistérios do universo. E nessas andanças cósmicas por galáxias, planetas, satélites e estrelas a primeira coisa que procuram não é ouro, nem diamante e muito menos petróleo: é água, o elemento da vida. É a água que faz a diferença. Diferencia a Terra de todos os outros astros celestes.


O próprio planeta Terra tem mais água do que terra. O corpo de todos os animais tem mais água do que sangue. A água também seu valor espiritual: todas as religiões do mundo têm apenas uma coisa em comum: a água como fonte de purificação e de batismo para intronização de seus seguidores.


Usada para tudo, desde o embalar placentariamente o feto, produzir alimentos e saciar a sede dos seres vivos, a água é também usada para lavar os pecados dos homens. O que deveria ser protegido e venerado, é atacado por todas as frentes: na água a humanidade lança seu lixo mais fedido, mais sujo e mais tóxico, como os esgotos das casas e das indústrias e a química de pesticidas e adubos da agricultura.


Por que tanta agressão? Por que tanto desperdício? Por que ainda são raros os movimentos de proteção se a crise da água chegou para ficar? Sendo o recurso natural mais estratégico e mais precioso deste mundo, a água tinha que merecer muito mais atenção e uma defesa muito mais contundente de cada um dos seis bilhões de humanos que hoje apropriam diretamente mais do que a metade de toda água doce do mundo. Os organismos internacionais já fizeram a conta: 70% da água doce é usada para a agricultura, 23% pelas indústrias e apenas 8% para uso diretamente dos cidadãos na alimentação, na limpeza e em outras atividades domésticas.
A disputa é ferrenha entre nações, entre estados, municípios e entre fazendeiros. Ainda não está declarada, mas podem ter certeza que a guerra da água existe. E nesta guerra não haverá vencedores, apenas perdedores. Por que cada vez mais a água é disputada, é retirada dos mares, dos rios, dos córregos, dos lagos e dos aqüíferos para alimentar homens com sede, campos com sede, animais com sede, plantas com sede e indústrias com sede.
Nesta edição comemorativa pelo Dia Mundial da Água, além de mostrar que a crise de água doce afeta hoje cerca de 2,3 bilhões de pessoas, vamos conhecer algumas ações de cidadania pela água. Ações que por serem iniciativas de crianças aumentam muito nossa esperança de que esses movimentos sejam exemplos para serem espalhados por esse mundo afora. Mesmo porque, amigo leitor, a vida tem pressa. A vida corre perigo. A vida tem sede. E tem sede zero!
Obrigado,




Dear Reader:


Scientists, researchers and astronauts take all their chances when diving into space to study and to unveil the mysteries of the Universe. And in those cosmic travels through galaxies, planets, satellites and stars the very first thing which is searched for is not gold, diamonds or oil: it is water, the life giving element. It is water that makes the difference. It sets Earth apart from all other heavenly bodies.

Our very planet Earth has more water than land. The body of every animal has more water than blood. Water also has a spiritual value: all religions in the world have only one thing in common: water as a source of purification and baptism for spiritual elevation of its followers.


Used for everything, from packing the embryo in the placenta, producing food and to satisfy the thirst of living organisms, water is also used to wash the sins of humanity. What should be protected and venerated, is under attack from all sides: mankind disposes its dirtiest, most fetid, most toxic garbage, through the sewers of houses and industries as well as chemicals in the form of agricultural pesticides and fertilizers.


Why is there so much aggression? Why is there so much wastefulness? Why are the protection movements still few if the water crisis is a clear and present danger? Since it is the most strategical and most precious natural resource in this world, water had to deserve much more attention and a much more forceful defense from each one of the six billion human beings who today directly make use of more than half of all fresh water of the world. The international organizations have already done the math: 70% of the fresh water is used for agriculture, 23% for industries and only 8% for the direct use for human consumption, cleaning and other domestic activities.
It is a harsh dispute among nations, among states, among cities and among farmers. It has not been declared yet, but you can be certain that the water war does exist. And in this war there will be no winners, only losers. For more and more water is being disputed, removed from seas, rivers, streams, lakes and springs to feed thirsty humans, thirsty fields, thirsty animals, thirsty plants and thirsty industries.


In this commemorative edition for the World Water Day, besides showing that the fresh water crisis affects today about 2,3 billion people, we will meet some citizenship actions for water protection. Actions which, for being initiatives from children, highly increase our hopes that these movements will become examples to be spread throughout the entire world. Moreover because, reading friend, life is in a hurry. Life is in danger. Life is thirsty. And it has zero thirst!


Thank you, SG

Caro Leitor

4 de março de 2004

Lembro-me bem de uma entrevista que fiz com o antropólogo, professor e senador Darcy Ribeiro. Ele, já com os cabelos bem ralos pelo tratamento forte que sofria, nunca perdia o bom humor e nem seus delírios intelectuais. Em tudo que falava ou escrevia, mostrava sua verve de educador. Quando, então, falava de Brasil, seus olhos… Ver artigo

Lembro-me bem de uma entrevista que fiz com o antropólogo, professor e senador Darcy Ribeiro. Ele, já com os cabelos bem ralos pelo tratamento forte que sofria, nunca perdia o bom humor e nem seus delírios intelectuais. Em tudo que falava ou escrevia, mostrava sua verve de educador. Quando, então, falava de Brasil, seus olhos brilhavam: “Quando eu morrer, gostaria de ficar na memória das pessoas pedindo que sejam mais brasileiras”. A frase nunca saiu de minha cabeça. Saber ser mais brasileiro. Ajudar a ser mais brasileiro. Entender melhor o Brasil com suas realidades e fantasias. Conhecer melhor os Símbolos brasileiros para melhor amá-los. Quando fiz a matéria sobre os Símbolos Nacionais – Retratos Vivos do Brasil, na edição da Folha do Meio de dezembro de 2003, a frase do autor de O Povo Brasileiro continuava me perseguindo.
Acho que esta reportagem ajudou, de alguma forma, muita gente a ser mais brasileira. Foram muitas as manifestações recebidas por telefone, por email e por carta. Ao agradecer cada um de nossos leitores pela força e apoio, tiramos também uma conclusão: verdadeiramente, a Pátria é uma grande família. E, como família, nossa pátria é onde nos sentimos bem.


E 2004 chegou célere. Trazendo esperanças, mas também obrigando todos nós a colocar os pés na realidade. A luta continua. Nesta primeira edição do ano, estamos abordando um tema muito importante: a relação do automóvel com o meio ambiente. O foco principal é o Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores – o Proconve. Vale a pena conhecer o programa, saber o papel dos catalisadores na questão ambiental e um pouco mais sobre essa incrível facilidade de se falsificar coisas neste País: tal qual a gasolina, também no Brasil rodam mais de três milhões de carros com catalisadores falsificados.


A água e o setor industrial – é o tema da 23a entrevista sobre recursos hídricos que fizemos com o professor Raymundo Garrido, ex-secretário Nacional de Recursos Hídricos do Ministério do Meio Ambiente. Ainda faltam sete temas para completar a série. A riqueza de conteúdo, o interesse dos leitores, especialmente das universidades, e a forma didática com que o professor Garrido coloca todas as questões modernas relacionadas aos recursos hídricos, deixam claro o sucesso de um livro com todas as entrevistas que tem lançamento previsto para o final deste ano.


Antes de terminar esta carta, amigo leitor, gostaria de voltar a Darcy Ribeiro, um grande brasileiro que sempre injetou alegria, coragem e vida em tudo que fazia: “A quem fica aí vivendo essa vida insossa, só digo: Coragem! Mais vale errar, se arrebentando, do que poupar-se para nada. O único clamor da vida é por mais vida bem vivida…”
Bom demais…


 

Caro Leitor

4 de março de 2004

  Nesses 14 anos fazendo a Folha do Meio aprendemos muito. Aprendemos a conhecer melhor o Brasil e sua gente, encontramos uma juventude fascinante que faz um trabalho ecovoluntário fantástico, aprendemos a superar crises, a dividir problemas e a multiplicar esforços para levar, mensalmente, o jornal até nossos leitores. Sobretudo aprendemos que produzir cada edição… Ver artigo

 


Nesses 14 anos fazendo a Folha do Meio aprendemos muito. Aprendemos a conhecer melhor o Brasil e sua gente, encontramos uma juventude fascinante que faz um trabalho ecovoluntário fantástico, aprendemos a superar crises, a dividir problemas e a multiplicar esforços para levar, mensalmente, o jornal até nossos leitores. Sobretudo aprendemos que produzir cada edição com carinho, com dedicação e com seriedade também é uma forma de ser feliz. Até mesmo porque são muitos os depoimentos, cartas e e-mails que recebemos diariamente com incentivos e nos dando a maior força pelo trabalho. Assim, chegamos ao final de 2003 sem deixar transparecer as dificuldades que passamos neste ano. Mas, agora neste final de ano, temos que confessar, não foi possível fazer a edição de novembro absolutamente por falta de anunciantes. Por falta de patrocínios. Por isso, queremos pedir desculpas aos nossos leitores e assinantes por ter que juntar novembro e dezembro numa mesma edição. Aos nossos assinantes garantimos que receberão religiosamente as 12 edições que contrataram.


Nesta edição, duas matérias fantásticas e que serão muito úteis nas escolas: primeiro uma explicação geral sobre o tempo da piracema e o defeso que o Estado impõe para que os recursos pesqueiros não fiquem comprometidos. O homem, como dominador da natureza, quer a todo custo promover uma superexploração dos recursos naturais e se, na época da piracema, ele não respeitar a reprodução dos peixes, não terá mesa farta na colheita. Vale a pena saber mais sobre a piracema, o defeso e as leis – de Deus e dos homens – que regem a multiplicação dos peixes.


Outra matéria que vai encantar nossos leitores e que as escolas vão gostar muito são as 12 páginas que fizemos sobre os Símbolos Nacionais do Brasil. Como é bom escrever sobre a Bandeira brasileira, sobre as Armas da República, sobre o Selo Nacional, sobre o Hino Nacional e outros símbolos como o Sabiá e o Pau-brasil! Como é bom saber o respeito que os estrangeiros têm pela história do nosso Hino? Além da beleza da música, é dos poucos hinos nacionais que não fala em derramar sangue pela Pátria, em ir para a luta e fazer guerra. Nosso Hino Nacional canta as belezas de nossos campos floridos e de um Céu que, como é bom dizer, parece guardar um Deus bem brasileiro.


Amigo leitor, como esta edição é também de dezembro, que esse Deus bem brasileiro proteja o Brasil e todos aqueles que de alguma forma têm dado sua força e seu apoio a esse projeto cidadão chamado Folha do Meio Ambiente.
Feliz Natal e um 2004 de muitas esperanças e realizações.