Semana da Água

Por que a ONU criou o Dia Mundial da Água?

1 de abril de 2004

Há onze anos, as Nações Unidas criaram uma data especial para que o mundo inteiro refletisse sobre a importância da água e para que essa fosse uma ocasião especial para se revisitar a agenda da cidadania pela água Desde 1993, o Brasil tem cumprido regularmente essa determinação e faz da penúltima semana de março um… Ver artigo

Há onze anos, as Nações Unidas criaram uma data especial para que o mundo inteiro refletisse sobre a importância da água e para que essa fosse uma ocasião especial para se revisitar a agenda da cidadania pela água Desde 1993, o Brasil tem cumprido regularmente essa determinação e faz da penúltima semana de março um tempo de trabalho, de estudos e de movimentos que buscam
conscientizar crianças e adultos pelo bom uso e menor desperdício de água


O Dia Mundial da Água, comemorado em 22 de março, foi criado pelas Nações Unidas por meio da Resolução A/RES/47/193, de 22 de fevereiro de 1993, procurando refletir as crescentes preocupações com a preservação do meio ambiente e com a finalidade específica de sensibilizar as populações para a importância do uso racional da água, recurso natural que vem, emitindo sinais de escassez e de verdadeira fadiga com os maus tratos que recebe do ser humano. Considerando que o Brasil ostenta a condição de maior potência do mundo em termos de disponibilidade de água, essa data se reveste de uma certa importância para o País, sobretudo levando-se em conta que ainda se constatam episódios de perversa degradação e de mau uso de seus recursos hídricos.






?A água é como as crianças. Requerem ações de cidadania, pois são o futuro do País. É importante ter a vigilância e a participação de todos em todas horas?

Em 2002, Johannersburg adotou a meta de se chegar ao ano de 2015 com a redução para a metade do número de pessoas em todo o planeta sem acesso a água potável e a serviços adequados de saneamento. Nenhuma indicação, entretanto, foi dada quanto aos meios para o alcance dessa meta, nem quanto a financiamento muito menos sobre as grandes linhas dessa retardatária decisão.


O Brasil tem procurado fazer a sua parte, mas ainda é pouco para o que se tem que fazer. O principal problema é o tratamento de esgotos das cidades, cuja cobertura dos serviços é acanhada. Reconhece-se que, mesmo sem uma legislação clara para o saneamento ambiental, as grandes aglomerações urbanas brasileiras vão, pouco a pouco e por meio de diversos programas, vencendo o seu passivo no tratamento desses esgotos.


A Agência Nacional de Águas criativamente desenvolveu o Programa de Despoluição de Bacias – Prodes, de espetacular efeito demonstrativo sobre como se pode rapidamente disseminar a solução.


Quero retomar, entretanto, uma iniciativa que vem de 1995, quando Paulo Romano, então secretário de Recursos Hídricos do MMA, lançou o Movimento da Cidadania pelas Águas. Ele partiu de uma idéia simples: sugeriu que se adotasse, para a água, o mesmo que se fez em relação à criança com a campanha cujo lema a ser perseguido por cada um que nela se engajasse era realizar esforços para colocar uma criança na escola. No caso da água, era apenas protegê-la de mau uso e de maus tratos. E medir, de tempos em tempos, os resultados.


Com grande sensibilidade, Paulo Romano comparou água e criança, observando que ambos são o futuro do País e, indefensos que são, requerem a ação vigilante e participativa de todos, dentro de uma mobilização de toda a hora e de todo o lugar.


O movimento cresceu em alguns estados e cresceu para depois recuar em outros. Precisa ser retomado e aperfeiçoado no que se refere à medição dos resultados, que deve ser feita em pontos notáveis das bacias brasileiras, mediante um cadastro que registre a sua evolução em termos de qualidade e quantidade. Essa retomada pode ajudar bastante, de baixo para cima, a recuperação dos rios, lagos e aqüíferos brasileiros.


O Dia Mundial da Água constitui uma ocasião especial para se revisitar a agenda da cidadania pela água. Vale a pena que cada um medite, nessa data, sobre o que pode fazer em favor das águas do Brasil!