Tecnologia Ambiental

O mercado brasileiro

19 de abril de 2004

O potencial do mercado é de cerca de US$ 30 bilhões. Somente em tratamento de esgotos urbanos serão investidos aproximadamente US$ 8 bilhões nos próximos 3 anos. O mercado ambiental brasileiro é o maior da América Latina, tendo recebido aproximadamente US$ 2,2 bilhões em investimentos em 1997. Especialistas do setor estimam o crescimento anual deste … Ver artigo

O potencial do mercado é de cerca de US$ 30 bilhões. Somente em tratamento de esgotos urbanos serão investidos aproximadamente US$ 8 bilhões nos próximos 3 anos.


O mercado ambiental brasileiro é o maior da América Latina, tendo recebido aproximadamente US$ 2,2 bilhões em investimentos em 1997. Especialistas do setor estimam o crescimento anual deste  mercado em 8% durante os próximos 3 anos. A participação de tecnologias (serviços e produtos) importadas é de cerca de 30% do total do mercado (US$ 660 milhões). Os países que exportam tecnologias de meio ambiente para o Brasil são os Estados Unidos, com 35% do mercado, a Alemanha, com 25%, seguida pela França (15%) e o Canadá (12%). Outros países ficam com os 13% restantes.
Para uma rápida análise do mercado ambiental brasileiro, podemos dividi-lo em três segmentos principais: controle da poluição atmosférica, tratamento de água e efluentes e gerenciamento de resíduos.
Em virtude do 10 Congresso Brasil-Alemanha sobre Energias Renováveis e Recursos Hídricos, que será realizado em Fortaleza, no Ceará, entre os dias 28 de setembro e 2 de outubro, vamos abordar mais especificamente a partir de agora o setor de tratamento de águas e efluentes. Este evento internacional, promovido pela Câmara de Comércio e Indústria Brasil – Alemanha, deve reunir mais de 130 representantes do setor público, privado e de entidades não-governamentais que farão as palestras e cerca de 2.000 participantes. A escolha do Ceará se deve ao fato do Estado ter  se tornado nos últimos tempos o grande pólo de energia alternativa do país.
O setor de tratamento de águas e efluentes é dividido em dois seguimentos: os investimentos realizados pelo setor público (construção e manutenção de estações de tratamento e redes de água e esgoto): e os investimentos realizados pelo setor privado (estações de tratamento de efluentes industrias e demais instalações correlatas). O setor público investiu aproximadamente US$ 900 milhões em 1997, enquanto que empresas privadas investiram US$ 300 milhões, incluindo serviços e equipamentos/ materiais.
O potencial atual deste mercado, segundo estimativas diversas, é de cerca de US$ 30 bilhões. Somente em tratamento de esgotos urbanos serão investidos aproximadamente US$ 8 bilhões nos próximos 3 anos, em cerca de 20 megaprojetos que estão em diversas fases de implantação, tais como: projeto de limpeza do rio Tietê em São Paulo, o projeto de limpeza da baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, e de Todos os Santos, na Bahia. A maior parte destes projetos são financiados por governos estaduais e órgãos internacionais de financiamento, como o Banco Interamericano de Desenvolvimento, o Banco Mundial e a K/W alemã.
Além disso, como conseqüência a Lei de Concessões de 1995, várias cidades de médio porte estão transferindo a prestação de seus serviços de tratamento de esgoto e água para o setor privado. Trata-se de projetos B.O.T. (build, operante and transfer), nos quais a empresa ou consórcio vencedor da concorrência ficam incumbidos de desenvolver o projeto, executar a obra e operar o sistema durante o período de concessão, cobrando a prestação destes serviços da própria comunidade.
Apesar destas iniciativas, ainda restam muitos problemas a resolver no setor de saneamento (esgoto e águas): os recursos alocados pelo BNDES (Banco nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) não são suficientes para atender à demanda por infra-estrutura; os estados e municípios e as companhias estaduais de saneamento estão, em sua grande maioria, operando deficitariamente.
Em setembro, no Ceará, todos estes assuntos vão ser discutidos durante o 10 Congresso Brasil-Alemanha sobre Energias Renováveis e Recursos Hídricos. Será uma ótima oportunidade para buscar alternativas para estes problemas nacionais sempre tendo em vista a questão ambiental.


* Ricardo Rose é gerente de meio ambiente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha.