FILATELIA E ECOLOGIA

Preservação dos Manguezais e Zonas de Maré

22 de julho de 2004

SOBRE OS SELOSA mini-folha apresenta a vegetação típica do manguezal, destacando, também, espécies de aves e de crustáceos que vivem de forma harmônica nesse ambiente. Em segundo plano, encontram-se as estruturas vegetais projetadas sobre o lodo, como o conglomerado de raízes, dando uma idéia de profundidade ao conjunto, no qual as cores foram estrategicamente posicionadas,… Ver artigo


SOBRE OS SELOS
A mini-folha apresenta a vegetação típica do manguezal, destacando, também, espécies de aves e de crustáceos que vivem de forma harmônica nesse ambiente. Em segundo plano, encontram-se as estruturas vegetais projetadas sobre o lodo, como o conglomerado de raízes, dando uma idéia de profundidade ao conjunto, no qual as cores foram estrategicamente posicionadas, proporcionando luminosidade, harmonia e movimento. Foi utilizada a técnica de aquarela, tratada por computação gráfica.


O manguezal é um tipo singular de vegetação litorânea, que coloniza as áreas costeiras onde ocorre o encontro das águas do rio e do mar, promovendo a mistura de sais e sedimentos. O solo é lodoso, e durante a maré alta o mangue mostra-se alagado. Na maré baixa, exibe uma lama fina, rica em raízes trançadas. Devido à grande quantidade de matéria orgânica e por ser uma região abrigada de embate das ondas, o mangue é escolhido por muitas espécies de crustáceos e de outros organismos (dulcícolas, marinhos, estuarinos e terrestres)  como local de desova, crescimento e alimentação.
O Brasil tem uma das maiores extensões de mangue do mundo: desde o cabo Orange no Amapá até o município de Laguna em Santa Catarina. Hoje em dia, o manguezal ocupa uma superfície total de mais de 10.000 km² , a grande maioria na Costa Norte. O Estado de São Paulo tem mais de 240 km² de mangue.
Ao contrário de outros ecossistemas, os manguezais não são muito ricos em variedade de espécies, porém, destacam-se pela  abundância das populações que neles vivem e, por isso, são considerados um dos mais produtivos ambientes naturais do Brasil.  Além de fornecer uma vasta fonte de alimentação protéica para a população litorânea brasileira, contribuem para a subsistência dessa população, pela possibilidade de pesca artesanal de peixes, camarões, caranguejos e moluscos.
No passado, a extensão dos manguezais brasileiros era muito maior. Muitos portos, indústrias, loteamentos e rodovias costeiras foram desenvolvidos em áreas de mangue e a integridade ecológica das zonas de maré foi pressionada pelo crescimento dos grandes centros urbanos, pela especulação imobiliária sem planejamento, pela poluição e pelo enorme fluxo turístico. A ocupação predatória vem ocasionando a devastação das vegetações nativas, afetando diretamente os manguezais, colocando em perigo espécies animais e vegetais, além de destruir um importante “filtro” das impurezas lançadas na água, as raízes das árvores dos mangues. Essa destruição gratuita é a grande inimiga dos manguezais que, aliada à expulsão das populações caiçaras (pescador ou caipira do litoral), está acabando com uma das culturas mais tradicionais e ricas do Brasil.
Esta emissão refere-se à “Série América 2004”, que tem como principal objetivo, desde 1989, integrar e divulgar as diferentes realidades do universo ecológico e sociocultural dos povos que integram a UPAEP – União Postal das Américas, Espanha e Portugal.
Os Correios do Brasil têm apoiado as ações desenvolvidas por órgãos e entidades ambientais, procurando, com as emissões de selo, conscientizar a comunidade para a importância de preservar o rico patrimônio ecológico nacional.
(*)Mônica Maria Pereira Tognella De Rosa
oceanógrafa, professora e pesquisadora do CTTMar (Centro de Ciências Tecnológicas da Terra e do Mar) da Universidade do Vale do Itajaí-SC