Premios Ambientais

Prêmio Nobel da Paz, Rolex premia ambientalista brasileiro, Premio von Martius 2004

20 de outubro de 2004

Prêmio Nobel da Paz Ambientalista do Quênia ganha Nobel da PazDe tanto plantar árvores, Wangari Maathal colheu o prêmio mais importante do mundo A bióloga queniana Wangari Maathal acaba de provar que não é só quem evita as guerras é quem promove a paz. Também quem cuida do meio ambiente, planta árvores, defende as águas… Ver artigo

Prêmio Nobel da Paz


Ambientalista do Quênia ganha Nobel da Paz
De tanto plantar árvores, Wangari Maathal colheu o prêmio mais importante do mundo


A bióloga queniana Wangari Maathal acaba de provar que não é só quem evita as guerras é quem promove a paz. Também quem cuida do meio ambiente, planta árvores, defende as águas e conscientiza seu povo para o valor da natureza é promotora da paz. Wangari Maathal, 64 anos, fundadora em 1977 do Movimento Cinturão Verde, um programa que proporcionou o plantio de mais de 30 milhões de árvores no Quênia, foi escolhida pelo Comitê Nobel Norueguês para receber a mais importante comenda do mundo: o Prêmio Nobel da Paz. Além do valor político e social da premiação, há o valor material de US$ 1,36 milhão. A ONG de Wangari Maathal atua em nove regiões do Quênia e a partir do incentivo ao plantio de árvores por mulheres pobres, busca desenvolver entre os quenianos uma consciência de luta pela melhoria das condições de vida, sempre associada aos cuidados com o meio ambiente.


 








Foto  –  Reuters


Foto: Em 2002, Wangari Maathal foi eleita para o parlamento do Quênia com 98% dos votos, sendo então escolhida pelo governo para ser a vice-ministra do Meio Ambiente


Na sua primeira entrevista, depois de comunicada sobre a escolha do Prêmio Nobel, Maathal tomou duas atitudes: primeiro fez questão de plantar mais uma árvore no jardim do hotel Outspan, onde recebia os cumprimentos, e declarar para os jornalistas presentes que “quando plantamos árvores, plantamos a paz!”.
Para o Comitê Norueguês do  Nobel, Maathai está na vanguarda da luta pela promoção de um desenvolvimento social, econômico e cultural ecologicamente viável no Quênia, e em toda a África. Ela tem uma visão holística do desenvolvimento sustentável, que abrange a democracia, os direitos humanos, especialmente, os direitos da mulher. Maathai faz o típico trabalho recomendado em todas as Conferências de Cúpula das Nações Unidas: “pensar em termos globais e agir em termos locais”.


Política
Maathai tomou posição corajosa na luta contra o antigo regime opressor no Quênia. Seu modo único de ação contribuiu para chamar a atenção para a política de opressão, tanto a nível nacional como internacional. Ela tem sido fonte de inspiração para muitos na luta pelos direitos democráticos, encorajando as mulheres, especialmente, a melhorar sua situação. A verdade é que a ativista queniana sabe combinar ciência, engajamento social e política. Mais do que simplesmente proteger o ambiente existente, sua estratégia visa assegurar e fortalecer a base de um desenvolvimento sustentável.
Wangari Maathal fundou o Movimento do Cinturão Verde (Green Belt Movement), pelo qual, por quase 30 anos, tem mobilizado mulheres pobres a plantarem 30 milhões de árvores. Seus métodos foram adotados também por outros países.
Proteger as florestas contra os processos de desertificação é um ponto crucial na luta para fortificar o meio ambiente e a vida em nosso planeta. Atuando em quatro direções (educação, planejamento familiar, alimentação e luta contra a corrupção) o Movimento do Cinturão Verde tem pavimentado o caminho para o desenvolvimento.
O Comitê Norueguês do Nobel, ao escolher Maathai para receber o Nobel da Paz, ratificou sua posição de que a líder queniana é porta-voz das melhores forças da África, para promover a paz e boas condições de vida no continente. “Ela serve como exemplo e fonte de inspiração para todos aqueles  que lutam pelo desenvolvimento sustentável, democracia e paz”. O Prêmio será entregue no dia 10 de dezembro, em Oslo, quando é lembrado o aniversário da morte de Alfred Nobel.
(Leia Editorial na página 4)


FRASES de Wangari Maathal


“O prêmio vai ter um grande efeito no aumento da conscientização e do número de pessoas preocupadas com o meio ambiente. E deve aumentar também os direitos dos ecologistas porque agora os governos dos diversos países verão mais concretamente a importância do trabalho de quem luta pelo meio ambiente”.


“Eu já fui presa várias vezes. Recebi muitas pancadas pelo meu trabalho. Não quero revolução, quero apenas defender o meio ambiente, plantar árvores, porque com
o equilíbrio da natureza aumentamos as nossas chances de sobrevivência”.


“Como vice-ministra do governo quero promover uma luta pelas árvores, pela natureza, pelos animais, pelo direito das mulheres e das minorias”.


“Quando falava com as mulheres simples do campo – aqui no Quênia as mulheres são as principais responsáveis pelo trabalho na agricultura – elas reclamavam que não tinham mais lenha  porque não havia mais árvores. Aí pensei comigo: e se todos nós começarmos a plantar árvores? Resolvemos esse problema e melhoramos a qualidade do solo, combatendo a erosão, e melhoramos também o ar que respiramos. Até hoje, já conseguimos plantar 30 milhões de árvores, não só no Quênia, mas também em alguns países vizinhos que aderiram a Movimento Cinturão Verde”.


“Cada região do mundo tem uma luta diferente. Mas todos têm a preocupação ecológica. Acompanhei o que acontecia na Europa, de onde tiramos inspiração
para criar o nosso Partido Verde. No Brasil, acompanhei também o trabalho
de Chico Mendes, que lutou pela preservação da floresta Amazônica.
Chico Mendes também mereceu o prêmio. E acompanhei também, com
satisfação, a democratização do Brasil, um país que admiro, e gostei muito de ver um partido de esquerda e defensor dos direitos humanos chegar ao poder”.


“As guerras no mundo são sempre guerras por disputa de recursos naturais.
Ao defender o meio ambiente, plantamos a paz!”


 


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Rolex premia ambientalista brasileiro
Laury Cullen quer recompor mais de 20% da Mata Atlântica


O fantástico trabalho de transformar agricultores em conservacionistas para preservar a Mata Atlântica e a sua fauna deu ao engenheiro
florestal brasileiro, Laury Cullen Jr, o cobiçado prêmio The Rolex wards for Enterprise, promovido pela Rolex. O prêmio foi anunciado no final de setembro, em Paris, pelo presidente diretor geral da Rolex, Patrick Heiniger, que dirige, hoje, as atividades de aproximadamente seis mil
empregados mundialmente distribuídos.
A Rolex foi fundada em 1906 e só em Genebra, Suíça, tem cerca de 4.000 mestres relojoeiros empregados em sua sede.


 


ENTREVISTA Laury Cullen, 38 anos, é
 coordenador de pesquisas do
IPÊ – Instituto de Pesquisas
Ecológicas. Faz PhD no Instituto Durrell de Conservação
Ecológica, na  Universidade de Kent, e Ashoka Fellow.
O brasileiro receberá um cheque de US$ 35,000 e um cronômetro Rolex de aço e ouro. Cullen
fala sobre seu trabalho:


Nos últimos nove anos, Laury Cullen Jr tem focado seus esforços para conservar fragmentos remanescentes da Mata Atlântica. Ele trabalha com pequenos proprietários de terras e está provando que as técnicas agroflorestais podem reanimar o solo degradado, enquanto preserva a floresta e sua excepcional fauna. Seu sonho é aumentar o número de corredores reflorestados no estado de São Paulo e ajudar mais de 400 novas famílias a viverem do agroflorestamento. Laury Cullen explica que o projeto vai acarretar benefícios para todos.


Como é possível que tanta Floresta Atlântica tenha sido destruída? Não havia tentativas precedentes de parar a destruição?
Laury Cullen – Tanto foi destruído principalmente por causa da maneira como a terra foi ocupada nesses 80 ou mais anos. Os pecuaristas e as usinas de açúcar são a razão principal de tanta floresta ter sido perdida. Há outros esforços para conservar a Mata Atlântica, mas somente nós e talvez umas duas ONGs estamos trabalhando nessa grande escala.


Como você convence pessoas pobres e sem-terras que eles devem se importar com a floresta e o ambiente?
Laury – Nós temos experiência em trabalhar com os sem-terras que ocupam terras já degradadas. Por essas pessoas terem um solo muito pobre, a única maneira de fazer com que ele seja produtivo é através da atividade agroflorestal. Nós os ensinamos a respeito e mostramos a eles como essa atividade é boa para produzir sombra e reter a água.
Qual o maior desafio deste trabalho?
Laury – Há aproximadamente 6 mil famílias estabelecidas no Pontal do Paranapanema. Estamos trabalhando com umas 500 famílias. Nosso maior desafio é manter uma equipe para ajudar a dar suporte e envolvê-las mais ainda na atividade correta.


A destruição do meio ambiente deprime ou incentiva mais o seu trabalho?
Laury – Sim e sim! Não é sempre fácil fazer com que as pessoas comecem a adotar seus esforços de conservação, especialmente em uma região muito pobre. As pessoas têm que pensar, em primeiro lugar, como podem encontrar o alimento. Nós temos que ter essas pessoas do nosso lado para ter sucesso na conservação ambiental. Temos que mostrar e provar que se adotarem o modelo agroflorestal elas vão poder ter mais sucesso e melhorar o seu sustento.


A Mata Atlântica ainda tem futuro ou é tarde demais? Qual o objetivo final do seu projeto?
Laury – Nosso objetivo é restaurar pelo menos 20 a 30% do interior da Mata Atlântica original. Achamos que trabalhando com fazendeiros e donos de terras é possível conseguir isto. Nossa experiência mostra que encontramos uma maneira de aumentar a consciência ambiental e fazer as pessoas adotar métodos eficazes na atividade agroflorestal. Agora é apenas uma questão de tempo e de apoio.


O prêmio


Foto: Laury Cullen atuando no seu ambiente de trabalho


O Rolex Awards for Enterprise foi criado em 1976 e é promovido a cada dois anos. Tem um objetivo básico: dar apoio financeiro a projetos relevantes. O comitê julgador é formado por especialistas de renome internacional e premia pessoas independente da nacionalidade ou idade. Nas últimas edições, três brasileiros figuraram entre os contemplados: o engenheiro Fernando Eduardo Lee (1981) e o biólogo Manuel Pereira de Godoy (1987). Com menção honrosa, o terceiro a ganhar o prêmio, entre os cinco primeiros principais laureados, em 2002, foi o ecologista florestal  José Márcio Ayres, que criou a reserva de Mamirauá. Ele concorreu com mais de 1.400 candidatos de todo o mundo, tendo sido premiado na categoria de Meio Ambiente. O projeto de Ayres foi idealizado para preservar o corredor de maior florestas tropicais  do mundo fazendo dos habitantes protagonistas de sua conservação na  região da Amazônia.
Entre as categorias julgadas no prêmio estão: de Ciência e Medicina; Tecnologia e Inovação; Exploração e Descoberta; Meio Ambiente e Patrimônio Cultural.
Como o prêmio Rolex é dado de dois em dois anos, as inscrições para o The Rolex Awards for Enterprise 2006 já estão abertas e vão até 31 de maio de 2005.


Mais informações: www.rolexawards.com


 


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Premio von Martius 2004


Câmara Brasil-Alemanha anuncia vencedores do Prêmio


Da redação
A Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha acaba de anunciar os vencedores do Prêmio Ambiental von Martius 2004, para as categoria Humanidades, Natureza e Tecnologia. Segundo Ricardo Rose, diretor de meio ambiente da Câmara, neste ano de 2004, o prêmio na sua qinta  edição foi novamente um sucesso, com 122 participantes de todas as partes do Brasil. Os vencedores nas três categorias receberão um belo diploma e um troféu, no dia 2o de novembro. A Câmara Brasil-Alemanha mandará uma carta oficial a todos os que inscreveram seus trabalhos. Dia 15 de outubro, os jurados se reuniram na Câmara Brasil-Alemanha, em São Paulo, para a avaliação final dos trabalhos. (Leia Carta)


 


A constituição da Comissão Julgadora


Adalberto Marcondes – do Terramérica e Agência Envolverde
Carla Pereira – gerente-executiva da InWEnt Brasil
Edgar Horny – presidente da Voith Siemens
Hayrton Rodrigues do Prado Filho – diretor da Editora EPSE
Marcelo Donnini Freire – auditor da PricewaterhouseCoopers A.I.
Maria das Graças R. Lara – diretora da Ambiente Global
Rogério Ruschel – Ruschel & Associados, Marketing Ecológico
Silvestre Gorgulho – Folha do Meio Ambiente
Sofia Jucon – Revista do Meio Ambiente Industrial
Vilmar Berna – Jornal do Meio Ambiente
Weber Porto – presidente da Degussa Brasil Ltda.


Os premiados


 Categoria Humanidade
1º lugar – Projeto Reciclagem Integrada na CEAGESP
Participante: CEAGESP (Luciano Legaspe)
2º lugar – Projeto Castanha
Participante: IBENS (Renata Toledo)
3º lugar – Policultura no Semi-Árido – Sistemas agro-florestais da Caatinga
Participante: Instituto de Permacultura da Bahia (Patrícia Freitas)


 Categoria Natureza
1º lugar – Brasil das Águas
Participante: Safari Air Empreendimentos (Margi e Gérard Moss)
2º lugar – Projeto Arara Azul
Participante: Universidade para o Desenvolvimento do Pantanal (Fernanda Gomes de Araújo)
3º lugar – Livro Vermelho da Fauna Ameaçada de Extinção no RS
Participante: Museu de Ciências&Tecnologia UBEA/PUCRS – (Francisca Dilma Oliveira Leite)
Menção honrosa
1) Educar para Transformar (Gênesis Empreendimentos (Pedro Sérgio Bicudo Filho)
2) Parque Copesul de Proteção Ambiental – Ninho de Vida e Educação (Carmem Langaro)


 Categoria Tecnologia
1º lugar – Sistema integrado de produção agroecológica
Participante: Embrapa Agrobiologia (Eduardo Campello)
2º lugar – Inovação em uma Tecnologia Milenar
Participante: Instituto do Bambú – Inbambu (Edmílson Gomes Fialho)
3º lugar – Controlador Sensitivo para Irrigação
Participantes: Edvaldo Alves dos Santos e Genghis Khan R. Junior