Pelo Brasil

Japonês com artesãos da Amazônia

9 de junho de 2005

Os moradores das comunidades de Nuquini, Nova Vista e Itapaiuna, na região do rio Tapajós, que fazem parte do projeto das Oficinas Caboclas, do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia – Ipam, receberam no mês passado uma visita inusitada. O artesão, japonês, Morito Ebine, ficou quatro dias conhecendo o trabalho e trocando experiências com os… Ver artigo

Os moradores das comunidades de Nuquini, Nova Vista e Itapaiuna, na região do rio Tapajós, que fazem parte do projeto das Oficinas Caboclas, do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia – Ipam, receberam no mês passado uma visita inusitada. O artesão, japonês, Morito Ebine, ficou quatro dias conhecendo o trabalho e trocando experiências com os moradores.
Ebine foi ensinar  algumas técnicas milenares, ainda usadas na fabricação de móveis artesanais no Japão.  Para o artesão, que mora em Campos de Jordão-SP, onde tem seu ateliê, o trabalho dos caboclos, mesmo com poucas e simples ferramentas, são de excelente qualidade. Entre as dicas passadas pelo artesão japonês estão técnicas que podem tornar as peças produzidas pelas Oficinas Caboclas ainda mais rústicas e com uma identidade ainda mais forte. Para Ebine, os caboclos não devem se preocupar em deixar a madeira lisa e com a aparência uniforme, como a dos móveis comerciais.
Para ele, embora o mercado brasileiro esteja mais acostumado com produtos lisos, os móveis e enfeites feitos manualmente são mais valorizados, justamente, por valorizar as formas assimétricas. “Antigamente não existia lixa e se fazia os acabamento com as plainas e os resultados eram muito bons”, explica Ebine.
O artesão reconhece, entretanto, a dificuldade para se manter esse padrão de produção. Com a mecanização, ferramentas de qualidade são cada vez mais difíceis de se encontrar e utensílios como serrotes especiais, martelos, formões, plainas e enxós (que são fundamentais para entalhar móveis) estão cada vez raros. “A saída que estamos encontrando é mandar fazer as nossas próprias ferramentas. Para isso é preciso o ferro e um bom torneiro mecânico”, afirma Ebine. 
Os artesãos das Oficinas Caboclas aprenderam a fazer “espiga passante” e “borboleta”, que são formas de encaixe de madeira que dispensam o uso de parafusos e de pregos. Essas duas técnicas servirão para aumentar o repertório das comunidades que já produzem os seus móveis encaixando uma peça de madeira na outra. As Oficinas Caboclas fazem parte de um projeto desenvolvido pelo IPAM em parceria com as comunidades da Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns e a comunidades de Pini, Prainha e Itapaiuna na Flona do Tapajós, nos município de Santarém e Belterra.