Editorial

Caro Leitor

9 de junho de 2005

Esta edição está farta de exemplos de como a preservação ambiental pelas cidades.  Para começar, a grave questão do saneamento básico, poluição dos rios, lagos, mar e do próprio solo está intimamente ligada à vida nos centros urbanos: esgotos e efluentes das indústrias são jogados sem tratamento nos corpos d?água ou, simplesmente, introduzidos no solo…. Ver artigo

Esta edição está farta de exemplos de como a preservação ambiental pelas cidades.  Para começar, a grave questão do saneamento básico, poluição dos rios, lagos, mar e do próprio solo está intimamente ligada à vida nos centros urbanos: esgotos e efluentes das indústrias são jogados sem tratamento nos corpos d?água ou, simplesmente, introduzidos no solo. Em segundo lugar, a ocupação do solo e o adensamento urbano sem planos diretores. Em terceiro, uma realidade cada vez maior: a produção de energia e a busca incessante de recursos naturais são cada vez maior para atender, justamente, os centros urbanos, onde vivem mais de 80% da população mundial. Como bem disse o diretor do Pnuma, Klaus Toepfer, as pessoas têm que ter consciência de que o degêlo polar, a mudança do clima são resultados diretos do estilo de vida e hábitos de consumo de outras pessoas que vivem a milhares de quilômetros de distância. Essa verdade foi bem explicada por Toepfer, nas comemorações do Dia Mundial do Meio Ambiente, em São Francisco-EUA: “As cidades utilizam quantidades enormes de recursos, incluindo água, comida, madeira, metal e estas mesmas cidades exportam grandes quantidades de lixo, dejetos de todos os tipos – tanto domésticos como industriais – e de gases ligados ao aquecimento global”. Daí a conclusão: a luta pelo desenvolvimento sustentável para tornar o mundo ambientalmente mais estável, mais justo e mais saudável será vencida ou perdida em nossas cidades. Aliás, não são apenas os grandes consumidores que vivem nas cidades, lá também estão os políticos, os governantes, os formadores de opinião, a mídia e os tomadores de decisão.  Todas estas questões envolvendo a Semana Mundial do Meio Ambiente fazem parte desta edição e estão nas páginas 08 a 15.
Vale destacar, ainda, nesta edição, três outras matérias: a entrevista com o ex-presidente da ANA e atual presidente da ANEEL, Jerson Kelman, que fala sobre a gestão dos recursos hídricos, a produção de energia, a construção de Angra 3 e do projeto da Transposição do rio São Francisco, com a autoridade e experiência acumuladas na direção das duas agências (páginas 27 a 30). Uma outra matéria tem sua importância pelo resgate que o próprio jornal faz de uma edição especial publicada em junho de 1995: o compromisso solene assinado por 12 governadores e pelo Presidente da República pela revitalização do rio São Francisco (página 23).
Enfim, o estudo que a Embrapa Monitoramento brindou o público brasileiro, durante as comemorações do 320 aniversário da mais eficiente estatal brasileira: um fantástico estudo sobre o Relevo do Brasil. É bom lembrar o que diz o autor do texto, o pesquisador Evaristo Eduardo de Miranda: “O que favorece o meio ambiente, o que alimenta toda essa exuberante biodiversidade da Terra e o que é a razão da própria vida é, justamente, a crosta terrestre cheia de irregularidades, dobras, planaltos, falhas, cadeias de montanhas, vales e depressões”. Portanto, que as comemorações pelo Dia Mundial do Meio Ambiente nos deixem esta velha lição: a Terra é bela, é magnânima e é única. A mais avançada tecnologia não vai fazer outra igual.


SUMMARY


Dear reader
This edition is filled with examples of how environmental preservation begins in the city. Firstly, the serious issue of basic sanitary conditions, pollution of the rivers, lakes, oceans, and the soil itself is intimately related to life in the urban centers. Untreated sewer and liquid residue from factories are thrown into the bodies of water, or simply dumped in the soil. Secondly, the land occupation and concentration of people on urban lands is happening without any development plans. Thirdly, the production of energy and the endless search for natural resources keep progressively growing to supply the demands of the urban centers, which is where 80% of the world population lives. As Klaus Toepfer, director of Pnuma, said, people must become aware that the melting of the ice in the Poles and global warming is a direct result of the lifestyle and consumption habits of other people who live millions of kilometers away. This truth was well described by Toepfer during the celebration of the World Environment Day in San Francisco-USA, when he said: “Cities use large amounts of natural resources, including water, food, wood, and metal, and these same cities produce large amounts of trash and spoiled products, both domestic and industrial, as well as gases related to global warming.” In conclusion, the battle for sustainable development to make the world environmentally more stable, fairer, and healthier will be either won or lost in our cities. Besides, not only big consumers live in the cities, politicians, governors, the media, and decision makers also live there. All of these issues related to the World Environment Week are in this issue, and can be found on pages 08 to 15.
Three other topics, found in this issue, are worthy mentioning here. First, the interview with the prior president of ANA and current President of ANEEL, Jerson Kelman, who talks about hydro resource management, energy production, the construction of Angra 3, and the transposition of the São Francisco River project with the expertise and experience he has acquired as President of both agencies (pages 27 to 30).
The second topic, which reaches back to an article published in a special edition of this newspaper in June of 1995, is the solemn Commitment signed by 13 Governors, and by the President of Brazil for the revival of the São Francisco River (page 23). And the last topic is the study that Embrapa Monitoramento por Satélites (Embrapa Satellite Monitoring) has made available to the Brazilian people, during the 32rd anniversary celebration of the most efficient Brazilian state agency, which is a fantastic study of the geographical features of Brazil (pages 20, 21 and 22). Remembering what the author of the study, researcher Evaristo Eduardo de Miranda, says: “What is good for the environment, what feed all of the exuberant biodiversity of the Earth, and the reason for life itself is exactly this, the earth crust full of irregularities, folds, highlands, canyons, mountain ranges, and valleys.” Therefore, may the lessons from the World Environmental Day teach us this old lesson: the Earth is beautiful, magnanimous, and unmatched. The most advanced technology could not create another one like it.


SG