As paixões do Velho Lutz

21 de outubro de 2005

“Por que eu sempre nado contra a corrente? Porque só assim se chega às nascentes”. José Lutzenberger Sinfonia Inacabada – a Vida de José Lutzenberger foi lançado dia 21 de outubro, em Brasília, pela jornalista e escritora Lilian Dreyer. O livro descreve a trajetória do agrônomo gaúcho que, aos 44 anos, abandonou o posto de… Ver artigo

“Por que eu sempre nado contra a corrente? Porque só assim se chega às nascentes”.
José Lutzenberger

Sinfonia Inacabada – a Vida de José Lutzenberger foi lançado dia 21 de outubro, em Brasília, pela jornalista e escritora Lilian Dreyer. O livro descreve a trajetória do agrônomo gaúcho que, aos 44 anos, abandonou o posto de executivo de uma indústria química e se transformou em um dos maiores nomes do ambientalismo internacional.
 A maior preocupação do Velho Lutz não era o futuro do planeta Terra, mas a sobrevivência da espécie humana. Como governo, sua grande proposta era converter a dívida externa por projetos ecológicos.
Polêmico – De 1990 a 1992, durante o Governo Fernando Collor, foi Secretário-Especial do Meio Ambiente da Presidência da República. Lutzenberger não gostava de falar sobre essa experiência, mas foi durante sua gestão que os projetos de colonização da Amazônia foram contidos, a proposta de detonar uma bomba atômica na Serra do Cachimbo foi sepultada, que a demarcação das terras indígenas teve realce, que o Brasil firmou o Tratado da Antártica e que aconteceram as reuniões preparatórias para a Rio-92. Ter sido favorável a realização do encontro, no entanto, não fazia com que concordasse com seus pares. Lutz não poupava Gro Bundtland, primeira-ministra norueguesa e uma das mentoras da Rio-92 "Desde quando crescimento pode ser sustentável? Todo crescimento, mesmo que em taxas pequenas, tem de chegar a algum ponto de equilíbrio e de fim", criticava.
Fluente em cinco idiomas, pós-graduado em química, Doutor Honoris Causa da Universität für Bodenkultur Wien, da Áustria e da Universidade de Shandong, província de Jinan, na China, Lutz escreveu 10 livros – onde se destaca Fim do Futuro? – Manifesto Ecológico Brasileiro, de 1976. Foi vencedor de mais de 40 prêmios internacionais (entre eles o The Right Livelihood Award, considerado o Nobel Alternativo.
Depois de ter trabalhado como alto executivo em vários países , Lutz voltou ao Rio Grande do Sul. Abandonar a carreira não foi o suficiente para o ecologista, que passou a denunciar o uso indiscriminado de agrotóxicos nas lavouras do estado. Em 1987 criou a Fundação Gaia, com o objetivo de promover um "desenvolvimento realmente sustentável". Assim,  Lutz difundia a teoria de que Gaia [nome mitológico grego para deusa Terra]  era um ser vivo e o homem, que a habita, um câncer. Um ser capaz de destruir, como a moléstia, o organismo do qual sobrevive. Lutz Faleceu em 2002.
Lilian Dreyer –  Natural de Estrela-RS, Lílian Dreyer é formada em Jornalismo, pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Editou periódicos de cooperativas e da ONG Amigos da Terra, em Porto Alegre. Foi responsável pela edição de dois livros de José Lutzenberger (Do Jardim ao Poder e Gaia – O Planeta Vivo, ambos pela L&PM).
Obras da autora:
"Uma história animal", infanto-juvenil. Mercado Aberto, 2000. "O aniversário do sr. Muxfeld",juvenil. Fumproarte/WS Editor, 2004. Sinfonia Inacabada – A Vida de José Lutzenberger – 518 páginas – Vidicom Audiovisuais.