Pelo Brasil

Piauí: desastre ambiental na BR 316

27 de novembro de 2006

No acidente morreram três pessoas, dois motoristas e uma mulher que pediu carona. Seis horas após o ocorrido a Polícia Rodoviária Federal e o Corpo de Bombeiros, tomaram a iniciativa de retirar toda a população do povoado Gaturiano, cerca de 300 pessoas, que moram há 500 metros do acidente. “Quando descobrimos o perigo da carga… Ver artigo

No acidente morreram três pessoas, dois motoristas e uma mulher que pediu carona. Seis horas após o ocorrido a Polícia Rodoviária Federal e o Corpo de Bombeiros, tomaram a iniciativa de retirar toda a população do povoado Gaturiano, cerca de 300 pessoas, que moram há 500 metros do acidente. “Quando descobrimos o perigo da carga tivemos que recuar o povoado”, contou o inspetor Toni Carlos da PRF.
O proprietário do posto de combustível há 200 metros do local, João Fragoso, disse que foram momentos de muita tensão. “Mulheres grávidas, recém-nascidos, doentes, idosos e deficientes tiveram que sair às pressas. O pior é que não havia transporte. As pessoas ficavam vagando pelas ruas enquanto a patrulha da polícia rodoviária circulava mandando todos fugissem de casa”, contou. Segundo ele, o pânico só diminuiu quando chegou o ônibus da prefeitura de Dom Expedito Lopes, a 30km da comunidade, para levá-las dali. “A maioria, sem saber para onde ir, ficou na porta da igreja até o amanhecer”.


Omissão da SEMA
A Curadoria do Meio Ambiente do Piauí entrou em choque com a Secretaria Estadual do Meio Ambiente , mas  não multou a transportadora Ouro Verde que não acompanhou o trabalho de remoção do material tóxico. Também  não esteve com a população atingida para coletar informações e dar assistência. “A Secretaria foi omissa em vários sentidos, entre eles, o de não encaminhar para o local uma equipe multidisciplinar. Por isso, vai responder por omissão”, disse a Curadora do Meio Ambiente, Rita de Fátima Moreira.


Fotos: Francisco Moura


A empresa Ouro verde, por sua vez, até agora não forneceu nenhuma informação sobre o acidente. De acordo com o pesquisador do Centro Brasileiro de Referência e Apoio Cultural DÁlembert de Barros, O TDI-Isocianato, é um produto utilizado na fabricação de inseticidas, fungicidas e herbicidas e altamente perigosos. As pessoas que tiveram mais próxima ao acidente se queixam de estarem sentindo ardência nos olhos, irritação na pele, indisposição estomacal a tontura. Embora assim, o Estado não realizou consultas ou exames na população atingida.
O TDI 80/20 Isocianato é um produto resultante de combustão que inclui entre outros, óxidos de nitrogênio, monóxido e dióxido de carbono e ácido cianídrico. Os riscos à saúde humana levam à irritação gastrointestinal e ulceração, severa irritação das vias respiratórias, sintomas neurológicos, irritação nos olhos que podem causar danos à córnea. A exposição excessiva ao produto pode levar à morte. 


João Fragoso: “As pessoas ficavam vagando pelas ruas
enquanto a patrulha circulava mandando todos fugirem de casa”.