Nova carteira do Índice de Sustentabilidade Empresarial
17 de dezembro de 2007* 30% das companhias de capital aberto do País estão na nova carteira do ISE Bovespa.* 40 ações emitidas por 32 companhias de 13 setores totalizam R$ 927 bilhões em valor de mercado.* Foram excluídas do ISE Bovespa: ALL América Latina, Celesc, Gol, Itaúsa, Localiza, Tam, Ultrapar e Unibanco. Desde primeiro de dezembro, entrou em… Ver artigo
* 30% das companhias de capital aberto do País estão na nova carteira do ISE Bovespa.
* 40 ações emitidas por 32 companhias de 13 setores totalizam R$ 927 bilhões em valor de mercado.
* Foram excluídas do ISE Bovespa: ALL América Latina, Celesc, Gol, Itaúsa, Localiza, Tam, Ultrapar e Unibanco.
Desde primeiro de dezembro, entrou em vigor a nova carteira do ISE – Índice de Sustentabilidade Empresarial. É o indicador da Bolsa de Valores de São Paulo, Bovespa, composto de ações emitidas por empresas de capital aberto que apresentam alto grau de comprometimento com as preocupações socioambientais e de governança corporativa associadas a um bom desempenho econômico. Foram excluídas ALL América Latina, Celesc, Gol, Itaúsa, Localiza, Tam, Ultrapar e Unibanco consideradas com “problemas mais aparentes”.
Foi a terceira revisão do portfólio, lançado em 2005. É o único com esse perfil na América Latina. Uma de suas inspirações é o Dow Jones Sustainability Index (DJSI), da Bolsa de Nova York.
O ISE foi criado para servir de referência nacional para os chamados fundos SRI (socially responsible investments), que privilegiam empresas com essa conduta. A composição atual da carteira é: 40 ações emitidas por 32 companhias de 13 setores, as quais totalizam R$ 927 bilhões em valor de mercado – vai vigorar até o dia 30 de novembro de 2008.
“Há alguns anos iniciou-se uma tendência mundial dos investidores procurarem empresas socialmente responsáveis, sustentáveis e rentáveis para aplicar seus recursos. No Brasil não é diferente. Tais aplicações consideram que essas companhias geram valor para o acionista e para toda sociedade no longo prazo, pois estão mais preparadas para enfrentar riscos econômicos, sociais e ambientais”, afirma Ricardo Pinto Nogueira, diretor de operações da Bovespa.
Segundo Nogueira, a nova carteira do ISE ficou mais diversificada em relação aos anos anteriores, com presença marcante de setores como energia elétrica – 11 empresas, que em ativos equivalem a 13% das ações – alimentos e papel e celulose. O peso do setor financeiro, que era de 41% do índice em 2006, caiu para 37%.
Para se ter uma idéia, o montante do ISE corresponde a 39,6% da capitalização total da Bovespa, que atualmente é de R$ 2,3 trilhões. A carteira anterior, que vigorou até 30 de novembro, contava com 42 ações de 33 companhias e 14 setores, totalizando R$ 996 bilhões em valor de mercado (42,6% do total do pregão paulista). Esse “encolhimento” é uma situação absolutamente normal.
Oito empresas fora, entre elas TAM, ALL, GOL e Unibanco
Na atual carteira do ISE ingressaram os ativos de sete companhias: AES Tietê, Cesp, Eletrobras, Light, Sabesp, Sadia e Weg. Ao mesmo tempo, outras oito empresas tiveram seus ativos excluídos: ALL América Latina, Celesc, Gol, Itaúsa, Localiza, TAM, Ultrapar e Unibanco. Como se vê, o setor de transportes aéreos e terrestres tiveram as maiores baixas.
“A cadeia de fatores que desencadeou a saída dessas empresas vai dos problemas mais aparentes, apagão e acidentes, atingem a rentabilidade das companhias e passam pelo atendimento aos clientes”, explicou Nogueira. E acrescentou: “Em compensação, Cesp, Eletropaulo e Weg, que haviam saído na última revisão, retornaram. Isso demonstra o esforço das companhias para integrar o índice”.
Uma novidade introduzida neste terceiro ISE: as empresas poderão ser excluídas da carteira antes da próxima revisão, caso não consigam comprovar, as afirmações sobre suas práticas socioambientais. Essa conferência será feita até março de 2008.
A nova carteira
As 32 empresas participantes do ISE foram selecionadas dentre as 62 companhias que responderam, em 2007, ao questionário desenvolvido pelo Centro de Estudos em Sustentabilidade da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da FGV. Hoje há 137 companhias de capital aberto que poderiam integrar o ISE ( são emissoras das 150 ações mais líquidas da Bovespa) mas a composição atual do ISE, 32 empresas, induz uma conclusão: menos de 30% teriam condições, de fato, de atender aos requisitos da carteira.
“A permanência da Energias do Brasil desde a primeira carteira do ISE, em 2005, retrata a forte atuação e a consolidação das nossas atividades na área de desenvolvimento sustentável”, disse o diretor de Meio Ambiente e Sustentabilidade, José Lopes Alves. Controlada pela Energias de Portugal (EDP), a Energias do Brasil consolida ativos de energia elétrica nas áreas de produção (Energest, EDP Lajeado e Enerpeixe), comercialização (Enertrade) e distribuição (Bandeirante, Escelsa e Enersul). A CCR, operadora de rodovias com 18% de suas ações detidas pela portuguesa Brisa, é a única empresa do setor de concessão de auto-estradas que também compõe o ISE desde seu lançamento.
A estreante Light vê o ISE como um importante diferencial. “O foco em sustentabilidade contribui para ganhos de eficiência, mitigação de riscos e geração de valor para a companhia”, ressaltou José Luiz Alquéres, diretor-presidente da Light.
Petrobras: protesto não sensibiliza
Pelo segundo ano consecutivo no ISE, as ações da Petrobras foram alvos de protestos. Ainda em novembro, as secretarias de Meio Ambiente da cidade e do Estado de S. Paulo em parceria com o PV e ONGs, como Greenpeace e SOS Mata Atlântica, pediram a exclusão da companhia do portfólio.
A alegação é que a Petrobras desrespeita o meio ambiente por vender óleo diesel com alta concentração de enxofre, desobedecendo resolução do Conama, amparada por lei federal, que prevê a oferta de óleo diesel menos poluente a partir de janeiro de 2009. O movimento, porém, não sensibilizou a Bovespa.
“O conselho do ISE avaliou que a Petrobras, que prometeu colocar no mercado diesel com menos enxofre, era elegível”, explicou Nogueira. Não dá para perder de vista que, isoladamente, a Petrobras representa 25% da grandeza do ISE. Sua eventual saída provocaria, com certeza, mudanças importantes no portfólio.
Diesel e o enxofre
O ex-deputado federal Fábio Feldmann, atual secretário do Fórum Paulista de Mudanças Climáticas Globais e de Biodiversidade, ressaltou que veículos que utilizam diesel no Brasil representam apenas 10% da frota em circulação, mas respondem por metade das emissões de material particulado fino.”O óleo diesel processado no País continua com teores de enxofre muito acima dos padrões internacionais”, asseverou Feldmann.
Para ter uma idéia, atualmente o teor de enxofre no diesel fornecido pela Petrobras – que responde por 90% desse mercado no Brasil – é de 500 a 2 mil partes por milhão (ppm) de enxofre. De acordo com a resolução do Conama, esse nível precisa cair para 50 ppm a partir de 2009, mas a estatal tornou público no fechamento desta reportagem que só se enquadrará à nova regra a partir de 2013.Feldmann lembrou que o enxofre tem propriedades cancerígenas e em muitas pesquisas está associado a graves problemas respiratórios. Segundo um estudo feito pelo Laboratório de Poluição Atmosférica Experimental da Faculdade de Medicina da USP, manter a alta concentração do componente nos combustíveis por mais quatro anos pode provocar mais de 8 mil mortes precoces no País. Além disso, informa Feldmann, o nível de enxofre no diesel permitido nos EUA e na União Européia é de 15 e de 10 ppm, respectivamente.
Por meio de sua assessoria de imprensa, a Petrobras soltou um comunicado em que afirma que a resolução do Conama legisla sobre o nível de emissão veicular e não sobre a qualidade dos combustíveis, que é atribuição da ANP. “A resolução determina o nível de emissão dos veículos para 2009, mas não especifica o teor de enxofre que os combustíveis devem ter”, diz trecho do comunicado.
Em resolução recente, a ANP entendeu que o enquadramento à norma do Conama, em 2009, está fora da realidade brasileira, pois exigiria investimentos da ordem de US$ 3 bilhões, além da importação de diesel mais limpo.
Indutor de boas práticas
Polêmicas à parte, o diretor de Operações da Bovespa insiste que o ISE reflete uma carteira composta por ações de empresas com os melhores desempenhos em todas as dimensões que medem a sustentabilidade empresarial. “O ISE foi criado para se tornar benchmark, ou uma marca de referência para o investimento socialmente responsável e também indutor de boas práticas no meio empresarial brasileiro”, destaca Nogueira.
O ISE é calculado pela Bovespa em tempo real ao longo dos pregões diários. As ações integrantes do ISE são selecionadas entre as mais negociadas na bolsa em termos de liquidez e ponderadas na carteira pelo valor de mercado dos ativos disponíveis à negociação. De acordo com o especialista em responsabilidade social da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais, entidade que integra o Conselho do ISE, Roberto Gonzalez, é perceptível o aumento do interesse dos investidores de varejo pelo ISE como ferramenta para suas aplicações financeiras.
“Há seis corretoras independentes que, notando a crescente demanda por investidores pessoas físicas interessados em conhecer melhor as empresas e diferentes setores do ISE, têm ido à Apimec”, conta. “Esses investidores querem análise fundamentalista com qualidade. A Apimec deve divulgar em 2008 um manual sobre o assunto”, adiantou Gonzalez.
Atividades de mineração ou extração, que são importantes para a economia brasileira, fazem parte de um setor que pode ser reconhecido como poluente ou ambientalmente impactante. É o ISE que vai mostrar se o comportamento dessas empresas está adequado”
Ricardo Pinto Nogueira
Critérios de inclusão e exclusão do ISE
Anualmente, a carteira do ISE é avaliada. Se atenderem a certos critérios, as companhias de capital aberto são incluídas. Da mesma forma, há exclusão das empresas que não atendem certas exigências. Estes são os critérios de inclusão do ISE:
a) Ser uma das 150 ações com maior índice de negociabilidade apurados nos doze meses anteriores à reavaliação.
b) Ter sido negociada em pelo menos 50% dos pregões ocorridos nos doze meses anteriores à formação da carteira;
c) Atender aos critérios de sustentabilidade apurados no questionário preenchido anualmente.
As companhias ALL América Latina, Celesc, Gol, Itaúsa, Localiza, Tam, Ultrapar e Unibanco foram excluídas do ISE porque esbarraram nos seguintes critérios:
a) Se a empresa emissora entrar em regime de recuperação judicial ou falência.
b) No caso de oferta pública que resultar em retirada de circulação parcela significativa de ações da empresa do mercado.
c) Se algum fato alterar significativamente os níveis de sustentabilidade e responsabilidade social da empresa.
d) Se na revisão anual a empresa não atender aos critérios de sustentabilidade apurados no questionário.
O que dá base ao ISE
Quatro critérios: Políticas (indicadores de comprometimento),
Gestão (planos e monitoramento), Desempenho (indicadores de performance) e Cumprimento Legal (cumprimento de normas ambiental, trabalhista e junto ao consumidor).
O ISE – Índice de Sustentabilidade Empresarial, foi lançado pela Bovespa em dezembro de 2005. Em sua base de formulação está o conceito internacional do Triple Botton Line (TBL), o qual avalia, de forma integrada, elementos ambientais, sociais e econômico-financeiros. Aos princípios do TBL foram adicionados outros três indicadores: governança corporativa, características gerais e natureza do produto.
As dimensões econômico-financeira, social e ambiental das empresas foram abordadas num questionário (disponível em www.bovespa.com.br , a partir de quatro conjuntos de critérios: Políticas (indicadores de comprometimento), Gestão (planos, programas, metas e monitoramento), Desempenho (indicadores de performance) e Cumprimento Legal (cumprimento de normas nas áreas ambiental, trabalhista, de concorrência, junto ao consumidor entre outras).
O Conselho do ISE é composto pelas seguintes entidades: Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar, Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais, Associação Nacional dos Bancos de Investimento, Instituto Brasileiro de Governança Corporativa, Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, International Finance Corporation, PNUMA, além da Bovespa e do Ministério do Meio Ambiente.
SUMMARY
ISE Bovespa – Sustainability
New Corporate Sustainability Index Portfolio Fewer than 30% of publicly traded companies in the country are in the new ISE Bovespa portfolio
The new São Paulo Stock Exchange, Bovespa ISE – Corporate Sustainability Index, comprising stocks issued by publicly traded companies came into effect on December 1, reflecting a high degree of commitment to social, environmental concerns as well as corporate governance signaling good economic performance.
This was the third review of the portfolio introduced in December 2005 and is the only one with this profile in Latin America. One of its “inspirations” is the Dow Jones Sustainability Index (DJSI) sponsored by the New York Exchange. The ISE was created to be used as a domestic referenced for so-called SRI (socially responsible investments) funds that uphold this type of operations.
This portfolio in currently made up of 40 stocks issued by 32 companies from 13 industrial sectors totaling R$ 927 billion at market value and will remain in effect until November 30, 2008.
“For a number of years now, there has been a worldwide investor trend toward investing money in socially responsible, sustainable and profitable companies and Brazil has reacted likewise.
These investors have presumed that these companies generate value to the shareholder over the long term because they are better prepared to meet economic, social and environmental challenges and overcome risks,” stated Ricardo Pinto Nogueira, Bovespa operations director.
According to Nogueira, the new ISE portfolio is more highly diversified than in prior years and notably includes sectors such as the power industry, which had 11 companies listed, which in terms of assets account for 13% of the stock, as well as food industries and pulp and paper manufacturers.
The weight of the financial sector represented 41% of the index in 2006 but dropped to 37%.
The 32 company participants in the new ISE portfolio were selected from among the 62 companies who responded in 2007 to a questionnaire prepared by the Sustainability Studies Center of the Fundação Getúlio Vargas São Paulo Business Administration School.
It is remarkable that today, there are 137 publicly traded companies that could be included in the ISE, since they have issued 150 of the most liquid stocks traded on the Bovespa. However, the ISE currently only encompasses 32 companies, thus inferring that fewer than 30% of them are in fact in a position to meet the portfolio requirements.
“Energias do Brasil has been included among these companies since the first ISE portfolio was first announced in 2005, which reflects its strong commitment to and strength of our operations in the area of sustainable development,” José Lopes Alves said.
The ISE – Corporate Sustainability Index was introduced by Bovespa in December 2005. It is based on the international Triple Bottom Line (TBL) method which rates environmental, social and economic financial aspects as a whole. In addition to the TBL principles three other indicators have been added: corporate governance, overall characteristics, and nature of the products. The Bovespa Operations Director emphasized that the ISE reflects a portfolio made up of the top performing company stocks in all aspects that measure corporate sustainability. “The ISE was created to become a benchmark, i.e., a reference mark for socially responsible investments as well as an indication of good practices within the Brazilian corporate scenario,” remarked Nogueira.