Folha do Meio Ambiente

Foto: Vinicius Loures

O indiozinho Olavo Bororó participa dos Jogos Indígenas.

Foto:Valter Campanato/ABr

Queima de fogos na cerimônia de encerramento da nona edição dos Jogos dos Povos Indígenas

Jogos dos Povos Indígenas 

Os Jogos dos Povos Indígenas foram criados em 1996 por uma iniciativa indígena brasileira, do Comitê Intertribal – Memória e Ciência Indígena (ITC), com o apoio do Ministério do Esporte do Brasil. O criador e responsável pela articulação junto aos povos indígenas é o líder indígena Marcos Terena, que também é fundador e presidente do ITC. Seu irmão, Carlos Terena, é o organizador executivo dos Jogos. Em nove edições dos Jogos, já participaram cerca de 150 etnias de todo o Brasil, tais como Pataxó, Pareci, Bororo, Gavião, Xavante,Guarani dentre outros.  Delegações estrangeiras indígenas vindas do Canadá e da Guiana Francesa também participaram desta festa esportiva.  Esse evento é considerado um dos maiores encontros esportivos e tradicionais da América. A filosofia dos Jogos é fomentar a cultura da paz e incentivar e valorizar a prática de esportes tradicionais. As principais modalidades são: arco e flecha, canoagem, arremesso de lança, cabo-de-força, natação, corrida de tora e futebol. Em sua sabedoria milenar, a cultura indígena valoriza muito o celebrar. Suas festas são manifestações de amor à vida e a natureza. Têm como referência em suas tradições a espiritualidade, que é a dimensão da vida criada por um ser superior, tendo nos elementos da natureza – árvores, animais, rios, lagos, cachoeiras, florestas – a grandeza da vida.  O clima de paz e amizade dos Jogos sempre fortalece a integração entre as diversas etnias, além da cultura indígena com a do “homem-branco”. (VL)

Marcos Terena, diretor do Memorial dos Povos Indígenas e coordenador das festividades, destaca a importância do evento: “A semana dos Povos Indígenas é o primeiro passo para que Brasília seja a capital indígena, principalmente no coração das pessoas”. O Memorial expôs quatro mostra: 1) A história do desbravador em suas expedições e contatos com povos indígenas; 2) Soldados indígenas da Amazônia, com demonstrações de técnicas indígenas de sobrevivência na selva, interação, e vivência em acampamento do Exército; 3) Coleções etnográficas e aspectos culturais da etnia Kalapalo (MT); 4) Fotografias sobre o IX Jogos dos Povos Indígenas/2007.
Os Jogos dos Povos Indígenas foram realizados em Recife e Olinda, no final de 2007. Os alunos da Universidade Católica de Brasília, do curso de Comunicação Social, participaram do evento e entrevistaram, fotografaram e filmaram indígenas de várias etnias durante oito dias. Segundo os alunos, foi uma experiência única conhecer um pouco mais sobre a cultura desses povos.  Durante a exposição no Memorial, o pequeno Pedro Oliveira, 11 anos, da Escola Classe 407 Norte, que não conhecia nada sobre os Jogos, foi enfático: “Eu não sabia que os índios também tinham olimpíadas. A foto do arco-e-flecha foi a que mais gostei.”  Crianças de diversas escolas do DF visitaram o local durante os três dias. Foram agendados 9.300 alunos. Para Aureni Funiô, índio natural de Pernambuco, a importância dessa interação entre indígenas e as crianças é significativa. “É importante que essas crianças conheçam melhor nossa cultura. Assim, eles nos respeitarão, sem preconceitos.”