Educação ambiental para preservar o rio Araguaia
18 de setembro de 2008Os efeitos causados pelo turismo desordenado e a ocupação indevida das praias acenderam a luz de alerta entre os ambientalistas A situação da bacia hidrográfica do rio Araguaia é preocupante na região Centro-oeste, já que muitos de seus principais rios tributários estão com suas vazões limitadas em conseqüência da insistente ação… Ver artigo
Os efeitos causados pelo turismo desordenado e a ocupação indevida das praias acenderam a luz de alerta entre os ambientalistas
A situação da bacia hidrográfica do rio Araguaia é preocupante na região Centro-oeste, já que muitos de seus principais rios tributários estão com suas vazões limitadas em conseqüência da insistente ação predatória do homem. Desmatamento de matas ciliares, implantação de projetos agrícolas e atividades de mineração são uma constante no rio.
Para minimizar os efeitos causados pelo turismo desordenado e ocupação indevida das praias, equipes de educação ambiental e fiscalização de vários órgãos ambientais de Goiás atuam desde a década de 80 com um trabalho pioneiro de educação ambiental na região. Além de informar e alertar os turistas e comunidade local sobre os impactos causados ao rio, eles dão palestras, distribuem material informativo, sacos de lixo e cartilhas. Este importante trabalho vem despertando nos turistas e população em geral o interesse em conhecer os problemas que afetam o rio. Mas, infelizmente, ainda não causou uma mudança comportamental significativa.
Hábitos e crimes
Alguns hábitos impactantes vêm se prolongando ao longo de todos esses anos, como a deposição do lixo nas margens do rio e a construção de sanitários feitos de tambores de metal, dentre outros.
Alguns animais, inclusive, já estavam sujeitos ao risco de extinção, como a tartaruga-da-amazônia. As atividades no rio Araguaia e seus afluentes prejudicaram consideravelmente os ecossistemas da região devido a ocupação desordenada das praias onde os quelônios costumam desovar.
Ainda há o descumprimento e até mesmo a desinformação das leis que protegem o meio ambiente, a insensibilidade e a falta de respeito com o ecossistema, o que influenciou definitivamente no ciclo biológico de inúmeras espécies de animais silvestres, como os jacarés, as tartarugas, os peixes e as aves que habitam o alto e o baixo Araguaia.
Preocupados com a proteção dos quelônios e todo o ecossistema envolvidos a área técnica de educação ambiental do Centro de Conservação e Manejo de Répteis e Anfíbios – RAN/ Ibama – vem desenvolvendo este trabalho junto aos turistas, ribeirinhos e moradores de municípios próximos ao rio Araguaia envolvendo-os na problemática ambiental do rio.
Com a finalidade de saber as principais características dos frequentadores do rio, para diagnosticar as principais necessidades locais e ainda constatar os impactos causados pela influência do turismo na região, a equipe iniciou o levantamento sócio ambiental da população ribeirinha e da comunidade em geral. O trecho escolhido foi justamente na área de proteção e desova dos quelônios.
Ao mesmo tempo iniciou-se o cadastramento dos acampamentos ao longo do rio. É nessa hora que os educadores têm a oportunidade de repassar orientações aos turistas enquanto realizam o levantamento. Foram detectados muitos problemas, como por exemplo, os “ranchões”, como são chamados os acampamentos feitos nas praias que chegam a acomodar até 200 pessoas!
Práticas de
turismo insustentável
É muito comum as pessoas trazerem todo o conforto que têm nas cidades, ficando entre o ócio, a pesca e festas. Foram vistas poucas formas de contemplação da natureza. Com este projeto de educação ambiental espera-se acabar com algumas práticas lesivas ao meio ambiente, como:
Acampamentos feitos com madeiras retiradas da mata ciliar |
Uso de tambores nas instalações sanitárias, motores geradores de energia e embarcações funcionando no período noturno |
Construção de piso cimentado nos ranchos |
Utilização de foguetes para avisar a chegada dos turistas(o que causa stress aos animais) |
Destinação incorreta do lixo produzido |
Caça e pesca predatórias durante a após a temporada |
Consumo de quelônios e seus ovos por turistas e ribeirinhos |
Com o andamento dessa iniciativa de educação ambiental houve uma maior aproximação com os ribeirinhos e os turistas que começaram a participar no processo de planejamento do projeto em diversas reuniões de entrosamento e repasse de informações.
Os trabalhos de proteção ao longo do rio Araguaia são efetuados pela Superintendência Estadual do Meio Ambiente de Goiás – Semago – em convênio com o Ibama. Desta forma o Núcleo de Educação Ambiental do RAN/Ibama formalizou, a partir de 1997, as “Normas de Convivência” com o Araguaia. Para fortalecer este compromisso foi criado também o certificado de parceiro do Araguaia, destinado ao acampamento que cumprir os critérios de acordo com as questões ambientais. Desde então são ministrados cursos básicos de educação ambiental em municípios no entorno do rio. Após as temporadas no Araguaia, o RAN faz uma avaliação in-loco nas áreas de atuação do projeto, onde observa-se principalmente uma maior limpeza das praias, fator imprescindível para a desova das tartarugas-da-amazônia e, consequentemente, uma maior preservação deste rico ecossistema. Com a transferência da responsabilidade de execução do trabalho para a comunidade, criou-se o GIBA (Grupo Intermunicipal para a conservação da Bacia do rio Araguaia), que conta com o apoio institucional do Ibama e serviu para fortalecer a gestão comunitária e a convivência harmoniosa com o rio.