Editorial

Caro Leitor

22 de abril de 2009

Estamos na Semana dos Povos Indígenas. Durante todo mês, há muitas conferências, seminários e manifestações culturais para celebrar a data e promover uma reflexão sobre este tema tão antigo quanto cada vez mais contemporâneo: a questão indígena. Pelo Dia do Índio, aproveitamos para refletir um pouco mais sobre o voto histórico e holístico dado pelo… Ver artigo

Estamos na Semana dos Povos Indígenas. Durante todo mês, há muitas conferências, seminários e manifestações culturais para celebrar a data e promover uma reflexão sobre este tema tão antigo quanto cada vez mais contemporâneo: a questão indígena.
Pelo Dia do Índio, aproveitamos para refletir um pouco mais sobre o voto histórico e holístico dado pelo ministro Carlos Ayres, do STF, quando defendeu a manutenção do decreto homologatório que destina a cinco etnias indígenas uma área de 1,7 milhão de hectares em Roraima, na Raposa Terra do Sol. (Páginas 9 a 14 )
Esta edição mostra, também, como estão nascendo os bairros ecológicos e os prédios verdes. Brasília, ao completar 49 anos, dá exemplo e parte para o seu primeiro bairro ecológico. Grandes e pequenas ações, como aproveitamento de água da chuva, reuso de água,  coleta seletiva de lixo e temporizadores significam grandes e pequenos ganhos ambientais. São vários os sonhos de sutentabilidade: poluição zero do ar, proteção de lençol freático, reciclagem da água e do lixo, melhorar a mobilidade, economizar energia e pagar menos nas diversas faturas de serviços públicos.
A verdade é que a sustentabilidade passou a freqüentar o dia-a-dia das pessoas e das empresas. Ou seja, o desafio dos gestores públicos e privados – governadores, prefeitos, síndicos de prédios, empresários e donas de casa – é deixar de lado o amadorismo para ganhar ares mais profissionais. Não só os administradores, construtoras e as famílias vão ter que viver opções mais tecnológicas como optar por ações ecologicamente corretas.
A necessidade de reduzir custos se associou à idéia e preservar o meio ambiente. Resultado: chegou a hora de uma gestão e empreendimentos
“verdes”, ou seja, sustentáveis. O Brasil ainda está caminha nesta direção mas já é possível tirar do papel algumas ações simples e viáveis que já são realidades em outras cidades.
Por exemplo: há cidades na Alemanha com experiências pioneiras e definitivas. Cada cidadão tem de levar seu lixo até à central de coletiva seletiva. E mais: o lixo tem 38 diferentes caixas coletoras. Os vidros são separados em 5 tipos. São 7 diferentes tipos de metais. Até o lixo eletrônico, de informática, tem que ser separado em 5 tipos.  E assim, vários tipos de madeira, plásticos, baterias, rolhas perfazem as 38 diferentes caixas coletoras.  O máximo que o Estado faz é colocar um consultor para tirar as dúvidas dos cidadãos. O projeto é vitorioso na consciência e gestão de cada pessoa. Não tenham dúvidas, é nesta direção que o mundo está caminhando. Um bairro mais ou menos ecológico é apenas um começo. (Páginas 15 e 16)
O mundo sustentável está cada vez mais próximo de nossas vidas. Ainda que o caminho seja longo e hoje, ainda, são poucas as ações verdadeiramente sustentáveis, não há outro caminho a seguir. Vale terminar com uma frase do ministro Carlos Ayres, no seu voto sobre Raposa Serra do Sol: “A aculturação é uma estrada de mão dupla. Não é só o índio nos conhecer para aprender conosco. É também a gente conviver com os índios para aprender com eles”.
Boa leitura!


 


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CLARICE LISPECTOR por suas frases
 “Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro”.
 “A palavra é o meu domínio sobre o mundo”.
 “Liberdade é pouco. O que eu desejo ainda não tem nome”.
 “Sou como você me vê. Posso ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania, Depende de quando e como você me vê passar”.
 “Não tenho tempo pra mais nada, ser feliz me consome”.
 “Passei a vida tentando corrigir os erros que cometi na minha ânsia de acertar”.
 “Perder-se também é caminho”.
 “Já menti e me arrependi depois, já falei a verdade e também me arrependi”.
 “Não me dêem fórmulas certas, porque eu não espero acertar sempre”.


Clarice Lispector (1920 – 1977) veio recém-nascida de Tchetchelnik, Ucrânia, direto para Maceió. Depois foi para Recife, Rio de Janeiro e o mundo, casada que era com o embaixador Maury Gurgel Valente.
Clarice  encanta pela simplicidade e metáforas que constrói nos seus textos, poesias e frases. Ela confessa: “Uma vez alfabetizada, tornei-me uma leitora voraz. Eu devorava os livros! Eu pensava que livro era como árvore ou bicho. Coisa que nasce!  Lá pelas tantas, eu descobri que era um autor! Aí eu disse: eu também quero”.



Duas pessoas definem bem Clarice Lispector.
A atriz Maria Esmeralda: “Clarice me fascina e me assusta. Porque ela parece saber mais de mim do que eu mesma”.
E Carlos Drummond:



“Onde estivestes de noite
que de manhã regressais
com o ultra-mundo nas veias
entre flores abissais?
Estivemos no mais longe
que a letra pode alcançar:
lendo o livro de Clarice,
mistério e chave no ar”.