Uma Árvore no Rio

25 de maio de 2009

Pássaros em vôos rasantes, após beliscarem dádivas nas águas, pousam serenos nos galhos expostos e sua quietude observativa sugere lembranças da árvore ainda com vida. Principalmente quando a folhagem abundante aconchegava ninhos e várias espécies vegetais, numa biodiversidade expressiva.  Flores, sementes e frutos serviam de alimento inclusive para a fauna aquática, ao despencarem por madureza… Ver artigo

Pássaros em vôos rasantes, após beliscarem dádivas nas águas, pousam serenos nos galhos expostos e sua quietude observativa sugere lembranças da árvore ainda com vida. Principalmente quando a folhagem abundante aconchegava ninhos e várias espécies vegetais, numa biodiversidade expressiva.  Flores, sementes e frutos serviam de alimento inclusive para a fauna aquática, ao despencarem por madureza ou outro motivo qualquer. Beneficiava com o seu sombreado quem se acercava, chegando até o rio pelo movimento do sol e as águas pareciam menos caudalosas quando por ela passavam.
No período das chuvas, ela ficava quase submersa quando o rio galgava as margens e tudo alagava. Mesmo assim, servia de refúgio para os animais ilhados.


“A natureza, além de maravilhosa,
 preserva mistérios ainda não revelados e quando conhecidos,
 pouco compreendidos.”



Quando as águas baixavam, voltava tudo ao normal e ela continuava forte em sua estrutura, mantendo com suas raízes um contato sigiloso com o rio. Parecia um namoro antigo, tanto que a correnteza quando em fúria, a conservava sempre erguida.  A união definitiva somente aconteceu quando ela ficou isenta de sua utilidade. O rio a acolheu e a sustenta caprichosamente no mesmo lugar, dificultando qualquer acesso abusivo sobre ela. Mesmo desprovida de suas características habituais é fator importante junto ao rio. A aglomeração de peixes naquele lugar é maior que nos outros pontos, servindo inclusive para a reprodução e desova de algumas espécies. As águas correm notificando a propriedade da árvore e a proibição de sua retirada do leito. Algum dia, ela poderá ser molestada e não haverá estranheza se enciumado, o rio erguer sua correnteza e deslocá-la para outra estância. A natureza, além de maravilhosa, preserva mistérios ainda não revelados e quando conhecidos, pouco compreendidos. Ela nos apresenta muitas advertências, dando-nos instruções para não sermos abusivos e criarmos problemas que custarão a serem solucionados.
Baseado nestas advertências o poeta e prosador francês Voltaire (1694-1778), escreveu: “O homem é demasiadamente fraco para querer dominar a natureza”.