Folha do Meio Ambiente

Meio ambiente está muito próximo ao conceito de paisagem cultural. E Paisagem Cultural é hoje uma realidade nas instituições públicas do Brasil. O Iphan acaba de publicar uma portaria que chancela e detalha todos os passos do procedimento específico para declarar um bem como paisagem cultural. Meio ambiente é algo tão amplo e tão abrangente que dentro dele cabe tudo. Até a busca do prazer e da felicidade. Não há como ser feliz, num ambiente degradado, triste e caótico. Meio ambiente e cultura são conceitos indissociáveis. De nada vale investir em um, sem se considerar o outro. É um novo conceito da Unesco para áreas protegidas, portadoras de pontos de interesse geológico, paleontológico e de importância científica e cultural. Valorizar uma paisagem cultural significa valorizar o meio natural ao qual o ser humano imprimiu marcas de suas ações e formas de expressão.   Páginas 12 e 13
Outro assunto desta edição é sobre o Dia Mundial do Meio Ambiente que se comemora no próximo 5 de junho. As cerimônias oficiais do Dia Mundial do Ambiente de 2009 serão no México e as celebrações já tem um tema fixado: “O planeta precisa de você. Todos juntos contra as mudanças climáticas. A escolha da cidade símbolo das comemorações é feita pelo Pnuma. Em parte, reflete o crescente empenho e o papel político do país latino-americano na luta socioambiental. O Pnuma reconheceu o progresso do México no apoio à biodiversidade através de redes de áreas protegidas e corredores de fauna e da adoção de medidas de apoio aos recursos hídricos.  Páginas 6 e 7.
Enfim, o Congresso Nacional deve reconhecer a Caatinga e o Cerrado como biomas ameaçados e vai votar uma Emenda à Constituição (PEC-115) que modifica o parágrafo 4º do art. 225 da Constituição, onde figuram apenas a Amazônia, o Pantanal e a Mata Atlântica como biomas ameaçados. Esta PEC é parte da agenda positiva do Congresso depois de tantas denúncias de castelos, farra das passagens aéreas, contratações irregulares, contratos superfaturados e a triste história de “não estou lixando nem um pouquinho para a opinião pública”.  Páginas 8 e 9.
Boa leitura!

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Thiago de Mello, Poeta da Vida

Cidadão do mundo e poeta da floresta, Thiago de Mello é a mais forte expressão contemporânea em poesia e na luta pelos direitos humanos e do meio ambiente. Amadeu Thiago de Mello nasceu em Barreirinha-AM, em 30/março/1926. Tem sua obra traduzida em 35 idiomas. Foi preso pela Revolução de 64, exilado no Chile, morou ainda na Argentina, Portugal, França e Alemanha sem nunca tirar sua alma da floresta amazônica. Traduziu e foi traduzido por Pablo Neruda. Suas utopias estão ancoradas em três causas: a preservação da floresta, a integração cultural da América Latina e a luta por um mundo livre, justo e solidário. Seu livro “ABC da Floresta” é dedicado aos “adolescentes e adultos que ainda não aprenderam a soletrar as sílabas do amor à floresta”. O Poeta mostra o caminho mais sensato e legítimo para se entrar numa floresta: o do coração.

ARTE DE AMAR
Faço poemas como quem faz amor.
É a mesma luta suave e desvairada
enquanto a rosa orvalhada
se vai entreabrindo devagar.
A gente nem se dá conta, até acha bom,
o imenso trabalho que amor dá para fazer.   (…)

FRASES
   “Não tenho um caminho novo. O que eu tenho é um jeito novo de caminhar.”
   “Da poesia não poderei, jamais, me separar: ela nasceu comigo, aconchegada no meu ser: um dom.”

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A B C   DA   FLORESTA  AMAZÔNICA
A – É preciso que o Amor nos acompanhe ao coração ferido da floresta. (…)
B – Bondade – Tudo que a floresta inventa – nuvem, tucano, bromélia, pupunha (…) –  é para dar contentamento a quem vive nela.
C – Criança (…) Quem trabalha para
salvar a floresta está ajudando a vida
da criança que ainda vai nascer.

OS ESTATUTOS DO HOMEM
Artigo I.
Fica decretado que agora vale a verdade,
que agora vale a vida e que, de mãos dadas,
trabalharemos todos pela vida verdadeira.
Artigo II.
Fica decretado que todos os dias da semana,
inclusive as terças-feiras mais cinzentas,
têm direito a converter-se em manhãs de domingo.
Artigo III.
Fica decretado que, a partir deste instante,
haverá girassóis em todas as janelas,
que os girassóis terão direito
a abrir-se dentro da sombra
e que as janelas devem permanecer, o dia inteiro,
abertas para o verde onde cresce a esperança.
(…)