Parque Nacional Serra da Capivara

Fósseis Megafauna povoa o sertão

19 de novembro de 2010

O pesquisador toma todos os cuidados para fazer seu trabalho de escavação paleontológica na Lagoa dos Porco, em  São Lourenço do Piauí           Escavação na Lagoa dos Porcos. Uma aula de ciência ao ar livre. Nem as crianças e nem ninguém do povoado imaginaria que um dia aquele lugar teria importância… Ver artigo

O pesquisador toma todos os cuidados para fazer seu trabalho de escavação paleontológica na Lagoa dos Porco, em  São Lourenço do Piauí


 


 


 


 


 


Escavação na Lagoa dos Porcos. Uma aula de ciência ao ar livre. Nem as crianças e nem ninguém do povoado imaginaria que um dia aquele lugar teria importância científica.


 


 


Mapeando a região



Gisele Felice, pesquisadora
da Fundham, segura uma das defesas do
mastodonte. O trabalho de escavação
paleontológica na Lagoa dos Porcos
continua.


 


 


 


Gisele explica que a FUMDHAM tem mapeado os lugares na região onde possivelmente podem ser encontrados os animais da megafauna. Disse que na época a paisagem ali era mista, tinha uma floresta clara e o clima era tão quente como agora embora muito mais úmido e que provavelmente eles morreram por fatores ligados ao clima, competição entre espécies ou pressão humana. 
Segundo Gisele, os paleontólogos responsáveis pelas pesquisas ainda vão começar a estudar os fósseis encontrados para identificar as espécies, o período e as condições em que viveram na região. Quem prestou muita atenção na fala de Gisele, foi à trabalhadora rural, Maria do Socorro Silva, 54 anos, que foi ali pegar água que está minando da lagoa para os bichos beberem. Segundo ela, sua avó contava que no fundo da lagoa havia ossos de índios e de animais gigantes. Mas ninguém acreditava.
 Depois que eles chegaram aqui e encontraram esses esqueletos liguei pros meus filhos que moram em São Paulo para dizer que a Lagoa Feia está famosa mais eles não acreditaram?, contou Maria que ficou horas olhando a peça ancestral.


Fósseis e seca marcam a região
Projeto muda a realidade
de 90 povoados locais


O projeto “A Água e o Berço do Homem Americano”, surgiu como um bálsamo para o sertanejo que sofre com a falta d água desde os tempos remotos. Eles sempre acharam que o problema não tinha solução. Para provar o contrário, a FUMDHAM elaborou o projeto para aproveitar os recursos naturais e promover o potencial científico, ecológico, turístico e cultural.


Além de São Raimundo Nonato, maior cidade da região, os municípios contemplados com água de qualidade foram Coronel José Dias, São Lourenço do Piauí, São Braz, Anísio de Abreu, Jurema e Caracol. Acostumados a enfrentar meses com água racionada, os moradores de mais de noventa povoados estão felizes ao verem que a realidade local está mudando. Gradativamente, o projeto “A Água e o Berço do Homem Americano”, vem recuperando e conservando os reservatórios naturais, implantando uma gestão integrada dos recursos hídricos, protegendo as nascentes do rio Piauí, mapeando os sítios arqueológicos e paleontológico existentes, promovendo a preservação e a valorização dos vestígios milenares tão comuns na região. As primeiras escavações ocorreram na Lagoa do São Vitor, no povoado com o mesmo nome, em São Raimundo Nonato. Ali os arqueólogos encontraram ossadas de animais da megafauna e artefatos líticos. A lagoa foi recuperada, desassoreada e entregue a comunidade.


 



Outra grande atração é a bailarina, especializada em psicologia do corpo e membro do conselho internacional de dança da Unesco, Silvia Wy?a Poty . Ela vai apresentar um espetáculo que reúne dança, água, terra, fogo, ar e um cenário tecnológico que emociona. Além da presença de grandes artistas nacionais, a primeira edição do Festival Cultural Acordais, também reservou uma série de surpresas para o público que comparecer ao Parque Nacional Serra da Capivara no período do evento. Entre esses destaques, está Carlos Daitschman, reconhecido contador de histórias que junto aos alunos do projeto Pro-arte, da Fundação Museu do Homem Americano, apresentará contos indígenas selecionados pela etnóloga paulista, Vilma Chiara. O I Festival Cultural Acordais traz outras apresentações como o grupo de cultura popular Afro Vermelho e Auto do Boi de Reis.


Patrimônio Cultural da Humanidade desde 1991


Este sítio foi preparado para visitação pública como um museu ao ar livre. A importância das descobertas e do acervo cultural do parque levaram a Unesco, em 1991, a integrar os sítios arqueológicos do Parque Nacional da Serra da Capivara na lista do Patrimônio Cultural da Humanidade.
 O parque guarda um tesouro arqueológico valiosíssimo que evidencia a presença do homem na região há pelo menos 60 mil anos. Ali está o maior conjunto de pintura rupestre do mundo.
A descoberta foi realizada pela arqueóloga brasileira, Niéde Guidon no início da década de 70. Em 1979, a pesquisadora conseguiu criar a unidade de conservação para preservar o patrimônio, considerado por ela, o mais antigo que se tem notícia na América.  São mais de 1.000 sítios arqueológicos espalhados no território de 130 mil hectares, numa região em que predomina a vegetação de Caatinga, emoldurada por serras, cânions, paredões e cavernas. Nos sítios estão reunidas coleções de pinturas rupestres que chamam a atenção pela criatividade e diversidade do Homem Pré-histórico. As pesquisas tiveram inicio nos anos 70 e continuam até hoje.


Niède Guidon: luta pelo Parque
Desde o início dos anos 90 que o paleontólogo Frances, Claude Guerin, começou a pesquisar na região do parque. Ao lado da também paleontóloga Martine Faure, descobriram que os fósseis encontrados na Serra da Capivara fornecem dados preciosos sobre a idade e o ambiente no qual viveram os antigos homens americanos. Segundo eles, a ?natureza assim como a abundância das formas desaparecidas e sua riqueza em indivíduos, indica, evidentemente, uma idade pleistocênica superior (mais antiga que 10 mil anos). A professora Niéde Guidon está à frente da Fundação Museu do Homem Americano. Seu trabalho, sua luta e sua dedicação geraram a criação do Parque Nacional da Serra da Capivara. Niéde, 77 anos, luta pelo ideal de tornar a pobre região do Piauí em grande centro turístico. Ela quer mudar o perfil econômico da área com investimentos que dêem ao Brasil um enorme atrativo turístico e cultural.