Para Quem Eles Cantam

21 de março de 2011

“O Planeta Terra tem como dar ao homem tudo que ele precisa. Mas não o que ele cobiça”. Mahatma Gandhi   Diz uma lenda, que um imperador gostou tanto do cantar de um pássaro, que o levou e nomeou-o chefe dos músicos do seu palácio. Após ganhar de presente um pássaro mecânico feito de ouro… Ver artigo


“O Planeta Terra tem como dar ao homem tudo que ele precisa. Mas não o que ele cobiça”.


Mahatma Gandhi


 


Diz uma lenda, que um imperador gostou tanto do cantar de um pássaro, que o levou e nomeou-o chefe dos músicos do seu palácio. Após ganhar de presente um pássaro mecânico feito de ouro e brilhantes, desapreciou o nativo, que abandonou o palácio. Com o tempo, o mecânico também foi desapreciado, tendo o imperador adoecido e se recuperado somente com a volta do nativo. Desejando recolocá-lo no cargo, ele recusou, preferindo cantar nas matas do que numa gaiola de ouro.
O homem sempre sentiu atração pelos pássaros de belo canto. Canto citado em mitos e lendas e tendo um significado por vezes diferente daquele interpretado pelo homem. Canto alto, baixo, curto, longo, ingênuo, expressivo, alegre, melancólico e tantos outros timbres que podem atrair ou advertir e são considerados uma função para a existência e continuidade da espécie.  Canto pesquisado, gravado, modificado e aplicado como algum tipo de terapia. Canto que liberta e aprisiona atitudes, fazendo dos pássaros um joguete de interesses comerciais e ilegais. Canto que é um importante exemplo de interação ecológica, responsável pela harmonia entre os sistemas que estão em constante transformação e risco de extinção.
Não é a necessidade do estudo do cantar dos pássaros que irá contribuir para a sua preservação, mas sim, o estudo das atividades e atitudes humanas que possam manter a existência dos biomas e todas as suas diversidades, que estão sendo extintos antes mesmo de serem encontrados. Desejamos uma canção de paz, amor e felicidade e quando a natureza nos fornece esta musicalidade de forma original, destruímos ou aprisionamos seus intérpretes.
Os pássaros não fazem exigência para o seu cantar, espalham generosamente suas notas musicais pautadas numa orquestração impossível de ser desvendada apenas numa sinfonia. E daí, nós ficamos como gênios inquietos, indagando e tentando sentir esta musicalidade através dos cinco sentidos, nem sempre revelada francamente pela falta de um relacionamento mais afetuoso com a natureza. Mahatma Gandhi (1869-1948), patriota e filósofo indiano, nos dá uma idéia global da falta de interação homem/natureza: “O Planeta Terra tem como dar ao homem tudo que ele precisa. Mas não o que ele cobiça”. É preciso que todos os espaços continuem livres e preservados e com acesso às aves canoras, para que a realidade sonora seja uma constante e não um fato raro.