Águas Maltratadas

21 de março de 2011

 O rio dá de beber à cidade. Dá mais:beleza e umidadeaos ares da cidade. Mas a cidade – incivil – dá descarga de seus intestinos no leito do rio. A cidade – moderna – distrata o riocomo se ele fosseum ser-vil para levar e lavar delaseu lixo, sua merda. Porém, a cidade – notável – tem sua estação de tratamentopara tornar a água potável…. Ver artigo

 O rio dá de beber à cidade. Dá mais:
beleza e umidade
aos ares da cidade.
 
Mas a cidade – incivil –
dá descarga
de seus intestinos
no leito do rio.
 
A cidade – moderna –
distrata o rio
como se ele fosse
um ser-vil
para levar e lavar dela
seu lixo, sua merda.
 
Porém, a cidade – notável –
tem sua estação de tratamento
para tornar a água potável.
 
Ora já se vil,
coisa mais imbecil
do que mijar e cagar
no pote em que se bebe?
 
Por que o cidadão – nobre usuário –
não se serve
da água do vaso sanitário?
 
Seria mais fácil,
barato, imediato.
 
E entre outras coisas,
ele poderia, então,
sentar-se num bar
beber cerveja e
dialogar
com ratos.



O poeta Wilson Pereira é mineiro de Coromandel, mas se considera um brasiliense de corpo, alma e poesia.
Participou de 15 antologias poéticas. Escreveu:
“Escavações no Tempo” – “Menino sem Fim” e “Pedras de Minas” (poemas] – “Pé de Poesia” – “Riozinhos de Brinquedo” – “A Rãzinha que queria ser Rainha” e “Vento Moleque” (literatura infantil) “Amor de Menino” (contos).