BREJO DOS CRIOULOS

Quilombolas pedem apoio do Brasil oficial para suas causas

26 de maio de 2011

A comunidade tem origem no período em que as terras do Vale do rio Verde Grande eram inóspitas ou consideradas impróprias para a presença humana. Além do difícil acesso, por causa de sua mata, as doenças tropicais, como a malária, espantava qualquer tipo de aventureiro. A mata era conhecida como Jaíba. O termo jaíba vem… Ver artigo


A comunidade tem origem no período em que as terras do Vale do rio Verde Grande eram inóspitas ou consideradas impróprias para a presença humana. Além do difícil acesso, por causa de sua mata, as doenças tropicais, como a malária, espantava qualquer tipo de aventureiro. A mata era conhecida como Jaíba. O termo jaíba vem do tupi para significar água ruim ou fruta ruim.


Justamente pelo difícil acesso, a região tornou-se área de fuga dos negros de Minas Gerais. Na luta pela liberdade, os negros enfrentavam todo tipo de dificuldades e embrenharam-se por entre as matas do Jaíba para criarem suas famílias e buscarem uma forma de sobrevivência.


Para o pesquisador João Batista Costa, vários grupos negros ocuparam aquela região. Ao traçar a genealogia destes grupos, Costa constatou vínculos entre eles e diversas comunidades negras que permitiu afirmar “existir ali não um grupo ou uma comunidade, mas uma rede de grupos negros, a que ele definiu como Sociedade Negra da Jaíba”.


No século 20, quando a região da Jaíba interessou aos fazendeiros e produtores rurais. Veio a estrada de ferro e, consequentemente, a valorização da terra. Aí toda a região tornou-se alvo de grande interesse econômico. Começou um processo de pressão sobre as comunidades negras para conquistar suas terras ou pela violência ou pela venda por valores insignificantes. Os conflitos foram aumentando.


Em 2003, atendendo as reivindicações dos quilombolas, o Incra abriu processo de regularização do território de Brejo dos Crioulos. Mas a morosidade do Incra e a tensão vivida na região levaram os quilombolas a ocupar, em maio de 2007, a fazenda Vista Alegre, localizada no território tradicional de Brejo dos Crioulos. A ocupação resultou na reação violenta de um dos empregados da fazenda, que disparou tiros e feriu dois quilombolas.


 


“A comunidade negra tem que ser fiel a si mesma, fiel a seus antepassados, fiel à história de nossas lutas, e não deixar-se emprenhar pelo ouvido ao ficar escutando mensagens derrotistas, que se prestam a tirar a força, a energia e o ímpeto que o negro tem para lutar por seus direitos. O direito está a nosso favor.” Abdias Nascimento


 


Memória Negra: Abdias Nascimento *1914 + 2011




Ex-Senador e ex-deputado Federal, Abdias Nascimento morreu dia 24 de maio, aos 97 anos, no Rio de Janeiro. Não dá para falar do Movimento Negro Brasileiro, sem lembrar Abdias Nascimento. Neto de africanos escravizados, filho de pai sapateiro e mãe doceira, Abdias nasceu em Franca (SP) e, desde criança, aprendeu uma lição com sua mãe: nunca deveria deixar sem resposta uma ofensa racial.


 


Escritor, intelectual, ativista, ator, político e escultor, Abdias Nascimento entrou na política partidária e foi deputado federal pelo PDT, de 1983 a 1987. Suplente de Darcy Ribeiro, Abdias exerceu mandato de senador de 1997 a 1999. Poucos nomes se destacaram na defesa dos valores de igualdade e combate ao preconceito contra os afro-descendentes como o de Abdias Nascimento. O cineasta Antônio Olavo deixou a história e as lutas de Abdias registradas no documentário “Memória Negra”. Nos anos 30, participou da Santa Hermandad Orquídea, formada por poetas sul-americanos. Nos anos 40, criou o Teatro Experimental do Negro. Também fundado por ele, o Comitê Democrático Afro-Brasileiro, advogou por direitos para as empregadas domésticas e políticas afirmativas para a população negra, propostas levadas à Assembleia Nacional Constituinte de 1946. Abdias foi ainda titular da Secretaria Extraordinária de Defesa e Promoção das Populações Afro-Brasileiras do RJ e professor benemérito da State University of New York.