Sustentabilidade marítima

ABROLHOS: DESCOBERTO MAIOR BANCO DE RODOLITOS

22 de maio de 2012

Fotos:  Zaira Matheus e Rodrigo L. de Moura                             Essas algas calcárias ocorrem em algumas partes do mundo e sua característica principal é manter uma grande quantidade de organismos associados a elas. Uma pesquisa feita durante dois anos na plataforma continental no… Ver artigo

Fotos:  Zaira Matheus e Rodrigo L. de Moura
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Essas algas calcárias ocorrem em algumas partes do mundo e sua característica principal é manter uma grande quantidade de organismos associados a elas. Uma pesquisa feita durante dois anos na plataforma continental no Sul da Bahia e Norte do Espírito Santo confirmou que o Banco dos Abrolhos abriga o maior banco contínuo de rodolitos do planeta – 20.900 km², o que equivale a três vezes e meia o tamanho do Distrito Federal. Muitas vezes confundidos com os corais, os rodolitos têm forma arredondada e são formados por várias camadas, principalmente de algas calcárias incrustrantes.
 
 
 
Diversos cientistas de instituições que compõem a Rede Abrolhos realizaram este estudo inédito. Uma das iniciativas do Sistema Nacional de Pesquisas em Biodiversidade (SISBIOTA) e da Conservação Internacional foi publicado na conceituada revista científica PLoS ONE. Com a utilização de sonar de varredura lateral, veículos submarinos de operação remota (VORs) e equipamentos de mergulho, os pesquisadores avaliaram a distribuição, composição e estrutura de rodolitos no Banco dos Abrolhos.

Segundo Rodrigo Moura, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro e co autor do estudo, “Encontrar o maior banco de rodolitos do mundo no Banco dos Abrolhos, aqui no Brasil, evidencia a extrema importância desta parte do Oceano Atlântico. Os rodolitos desempenham papel fundamental em um ecossistema marinho saudável, fornecendo habitat primário que pode abrigar diversas e abundantes comunidades de peixes e invertebrados de elevado valor comercial”.

Por serem estruturas calcárias (CaCO3 – carbonato de cálcio), com uma estrutura rígida e complexa, eles servem de habitats para outros organismos. Os pesquisadores também estimam que os rodolitos do Banco dos Abrolhos são responsáveis por cerca de 5% da produção mundial de carbonato de cálcio (mineral que forma a carapaça de moluscos e crustáceos e o esqueleto dos corais).
 Para o cientista marinho da Conservação Internacional, Les Kaufman, “Bancos de rodolitos como estes são gigantescas biofábricas de carbonato de cálcio e podem desempenhar um papel significativo na regulação do clima global. Mas para entender qual é e quão significativo pode ser o seu papel, temos que aprender mais sobre eles.”
 
Ameaças
Os bancos de rodolitos enfrentam uma série de ameaças, incluindo a acidificação dos oceanos, o aumento da sedimentação de origem costeira e, em grande escala, a dragagem e a mineração. Embora a acidificação dos oceanos não possa ser controlada em uma escala regional, as outras ameaças aos bancos de rodolitos de Abrolhos merecem atenção e podem ser controladas localmente.
O Banco dos Abrolhos se estende por uma área de 46 mil quilômetros quadrados, onde a Conservação Internacional trabalha com organizações governamentais e comunitárias brasileiras para a conservação e gestão dos recursos marinhos.
“Com base na vulnerabilidade relativamente elevada das algas coralíneas à acidificação dos oceanos, é muito provável que os bancos dos rodolitos sofrerão uma profunda reestruturação nas próximas décadas,” disse o autor do estudo, Gilberto M. Amado-Filho, pesquisador do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro. “Considerando a produção de cerca de 25 milhões de toneladas de carbonato de cálcio por ano, a proteção e o estudo continuado da plataforma do Banco dos Abrolhos devem ser priorizados.”
O estudo revelou também enormes áreas de fundo do mar cobertas por algas, depressões no assoalho marinho (“buracas”) povoadas por densas populações de peixes e recifes compostos por corais e algas coralíneas.  
Essas novas descobertas dão uma outra dimensão às áreas marinhas de elevada importância ecológica, como o megahabitat rodolito, ressaltando a importância do Banco dos Abrolhos no contexto da biodiversidade e equilíbrio ecológico da porção sul do Oceano Atlântico.

 Beatriz Fernandes Barros