ESPAÇO CRIANÇA

O sentido da vida

8 de junho de 2012

  Seja de barro, pedra, grama ou outra superfície, qualquer caminho torna-se uma pista onde a velocidade é delineada pela sensação que os pés, na maioria das vezes despidos, sentem e suportam. O importante é percorrer os espaços desfrutando sensações. Caso haja uma queda, a ascensão é rápida e um joelho ralado ou choro emergido… Ver artigo

 

Seja de barro, pedra, grama ou outra superfície, qualquer caminho torna-se uma pista onde a velocidade é delineada pela sensação que os pés, na maioria das vezes despidos, sentem e suportam. O importante é percorrer os espaços desfrutando sensações. Caso haja uma queda, a ascensão é rápida e um joelho ralado ou choro emergido está dentro dos prognósticos. Braços abertos ou movimentados parecem planar ou esvoaçar o corpo junto com a passarada, cujo murmurar de sons e vozes balburdia as alturas. Uma poça torna-se um lago ou imenso mar e qualquer pedaço de papel ou graveto navega como uma embarcação.
A vegetação torna-se uma floresta com duendes e fadas. A ferocidade dos animais queda-se diante da pureza de sentimentos. Subir em árvores, balançar nos galhos ou colher frutos maduros está na ingenuidade de quem tem a natureza por companheira. Cortar flores está no ato incensurável e na possibilidade criativa de novas decorações em nome da beleza.
Num tempo variado e de acordo com a evolução progressista, tudo isto é desfigurado quando a criança adentra o espaço dos adultos. Um espaço menor e dominado pela realidade consumista, agrilhoada por leis e ordens que em muitos casos perdem-se na violação dos direitos. Direitos criados para favorecimento e não para a justiça social. Caminhos diversificados na insegurança e as quedas provocam feridas mais dolorosas e choros mais compulsivos. Poças tornam-s inundações afundando embarcações, deslizando morros e arrastando residências. Pássaros engaiolados escasseiam qualquer gorjeio e voar torna-se perigoso. A vegetação é derrubada e os duendes, fadas e animais são extintos gradativamente.  Cortar flores é uma condição técnica e social para ornamentar as comemorações e a morte.
Neste contraste de espaços fica a vontade de retornar ao passado, ser criança novamente, andar descalço pelo chão, ferir os pés nas pedras e lavá-los no límpido riacho. De abandonar a cidade, buscar a natureza, preservando-a do progresso e deixar o corpo viver livre, puro e forte.