No ritmo da Rio+20

Os indígenas e a geração RIO+20

8 de junho de 2012

À véspera de realizar a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a RIO+20, o descrédito de uma parcela considerável da população em torno de questões vitais como a conservação e o uso da biodiversidade e o desenvolvimento sustentável é grande. Essa é a arena onde há décadas os povos indígenas buscam sensibilizar representantes de… Ver artigo

À véspera de realizar a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a RIO+20, o descrédito de uma parcela considerável da população em torno de questões vitais como a conservação e o uso da biodiversidade e o desenvolvimento sustentável é grande.
Essa é a arena onde há décadas os povos indígenas buscam sensibilizar representantes de governos, instituições e a sociedade, sinalizando para os efeitos negativos de uma visão de progresso que deixa de lado as preocupações com o verde, enquanto a Economia Global fracassava.
Mesmo vinte anos após a Eco’92, gerações indígenas inteiras permanecem reunindo esforços, conhecimentos tradicionais específicos, saberes e práticas culturais em busca de tomadas de decisões que garantam respostas de sobrevivência às gerações futuras. 
Esta é uma bandeira de luta em comum levada a sério de tal forma pelos povos indígenas, ao ponto de investir à exaustão em seus melhores representantes para que dialoguem em um país cercado por contradições. Um país que alega não ter recursos para demarcar territórios indígenas, mesmo que venham a ser as áreas mais conservadas do país, como de fato ocorre hoje.
A luta pela preservação da biodiversidade no contexto indígena e sua discussão na RIO+20 simboliza a resistência de um povo que não aceita estar alheio ao problema que cedo ou tarde o Brasil terá de enfrentar: servir de exemplo ao mundo através de boas práticas ou perder sua identidade devido às pressões externas em prol de um desenvolvimento irresponsável. 
Aqui reside uma grande lição que a RIO+20 pode ajudar a trazer, uma mudança de comportamento em relação a nós e aos problemas que precisam de uma saída.
Quanto aos participantes indígenas à Conferência RIO+20, a voz de um líder do Povo Tukano (AM) revela a precisão com que estas minorias tratam a maior pauta que a humanidade já discutiu ao afirmar que “os Povos Indígenas sabem o valor da biodiversidade, temos conservado e preservado esses recursos em nossas terras desde tempos ancestrais porque são fonte de vida”, concluiu ele. É a essência que o Brasil e o mundo tentam internalizar para atingir suas metas. 
 

(*) Sônia Kaingang, <(*)   [email protected]> primeira jornalista indígena do Povo Kaingang, considerado o terceiro maior povo em população no Brasil. É web-jornalista do Instituto Indígena Brasileiro para Propriedade Intelectual (Inbrapi).