Editorial

Energia & sustentabilidade

21 de fevereiro de 2013

  Ainda bem que as chuvas chegaram fortes. Mas a cada ano, uma espada de Dâmocles paira sobre os gestores que conduzem a questão energética do País. Em dezembro, os níveis dos reservatórios das hidrelétricas, chegaram a patamares críticos. Diante do fantasma do racionamento, em final de outubro de 2012 foram acionadas as usinas térmicas…. Ver artigo

 

Ainda bem que as chuvas chegaram fortes. Mas a cada ano, uma espada de Dâmocles paira sobre os gestores que conduzem a questão energética do País. Em dezembro, os níveis dos reservatórios das hidrelétricas, chegaram a patamares críticos. Diante do fantasma do racionamento, em final de outubro de 2012 foram acionadas as usinas térmicas. Resultado: no final do ano a poluição pelo uso de térmica já era maior que a poluição pelo desmatamento. Em números: Apenas entre outubro e dezembro do ano passado, o total de CO2 despejado pelas termelétricas na atmosfera chegou a 15,3 milhões de toneladas, de acordo com a consultoria WayCarbon.
Para o consultor em sustentabilidade do Ministério do Meio Ambiente, Tasso Rezende Azevedo, além de ser o maior volume de gases de efeito estufa já produzido pelas térmicas em um único ano, as emissões totais de CO2 da geração de energia no país deverão superar, pela primeira vez, em 2012, as emissões provocadas pelos desmatamentos. Pergunta que não quer calar: o Brasil está crescendo igual rabo de cavalo? Prá baixo!?
Os números não mentem. O parque térmico brasileiro dobrou. Tem hoje 1.155 usinas, sendo 145 a gás natural, 999 movidas a óleo diesel e 11 a carvão natural. Há dez anos, eram 600 térmicas. Pensando bem, como admitir esse crescimento poluidor na matriz energética brasileira, num país que tem os maiores potenciais para energia alternativa como a eólica, a solar, a hídrica e a de biomassa do mundo? 
Pelos cálculos do Greenpeace, nos três últimos meses de 2012, o custo da operação das térmicas chegou a R$ 1,6 bilhão. A ONG tomou como base informação do Operador Nacional do Sistema, de que o ativamento emergencial de todas as usinas custou cerca de R$ 400 milhões ao mês. Não seria mais racional aplicar estes recursos na construção de parques eólicos e solares? Segundo Ricardo Baitelo, coordenador do Greenpeace, cerca de 450 megawatts (MW) teriam sido acrescentados a essa matriz, energia suficiente para abastecer mais de um milhão de pessoas. Se fosse investido em placas fotovoltaicas, a geração adicional seria de 300 MW. 
Diante destes números, uma conclusão óbvia: os investimentos deveriam ter sido feitos há mais tempo para que o sistema tivesse energia mais barata e mais limpa. 
Mas como adentrar 2013 sem um planejamento que busque tantas alternativas sustentáveis para mais eficiência da matriz energética brasileira?
O pagamento pelas omissões tem endereço certo: o meio ambiente e o cidadão.
 
SG