A FLOR QUE NÃO DESABROCHAVA

20 de junho de 2013

  A flor sempre simboliza alguma coisa. Desta feita, simbolizava o sonho de um momento em que as pessoas conheceriam um pouco mais sobre a beleza da natureza.     Foi num destes recantos quaisquer que ele encontrou a flor dos seus sonhos, aquela que havia desabrochado para a sua vida. Única entre as milhares… Ver artigo

 

A flor sempre simboliza alguma coisa. Desta feita, simbolizava o sonho de um momento em que as pessoas conheceriam um pouco mais sobre a beleza da natureza.

 

 

Foi num destes recantos quaisquer que ele encontrou a flor dos seus sonhos, aquela que havia desabrochado para a sua vida. Única entre as milhares ali existentes. Sem titubear arrancou a planta e acomodou-a numa sacola. Sorriso no rosto, felicidade no coração, seus pensamentos viajavam rapidamente para espaços inacreditáveis. Aquela flor faria sucesso no jardim de sua casa. Nunca uma planta teve um espaço de terra tão bem preparado como aquela. Poderia até dizer-se que a inveja aflorou entre as espécies circundantes.

Os dias cercados de dedicação se acumulavam numa expectativa que a planta não compartilhava. Seria mau-olhado das outras plantas? Não, não era. Uma planta não lança feitiço para outra, numa natureza onde todas cumprem finalidades através de suas virtudes, Quem sabe, ela apenas sentira saudades do seu habitat natural. O fato é que a flor não desabrochava e quando formava botão, murchava e caía. Exames detalhados não acusavam ataques por insetos, doenças ou contaminações químicas.
 Um misto de preocupação e alegria tomava conta dos seus dias. Preocupação por não ver a flor em seu esplendor e alegria, por saber que quando isto acontecer, haverá um registro de glória e beleza. Para muitos poderá não despertar qualquer atrativo, mas para ele será uma realização em vida.
E mais um tempo permitiu que a planta formasse botão. E mais uma vez, o coração dele encheu-se de alegria e esperança. A flor sempre simboliza alguma coisa. Desta feita, simbolizava o sonho de um momento em que as pessoas conheceriam um pouco mais sobre a beleza da natureza.
E tudo aconteceu de maneira rápida e misteriosa. A flor desabrochou numa manhã em que ele não acordou do seu sonho. Um sonho que se fechou em botão quando estava desperto e abriu-se em flor quando dormiu para sempre. Não acordou para a realidade de que sempre é possível o desabrochar de uma flor, mesmo que seja simplesmente para enfeitar a morte.
Alguém cortou a flor e depositou-a no caixão. As pessoas foram testemunhas, no desenrolar do funeral, que aquela era realmente a flor da sua vida.
Jurandir  Schmidt