Editorial

18 de julho de 2013

O Jardim Botânico do Rio e as manifestações populares   Como relacionar a questão das invasões do Jardim Botânico com o que vem ocorrendo nas crescentes manifestações de protesto da população por esse Brasil a fora? O protesto contra o aumento de passagens é apenas a última gota que fez transbordar o copo. Até o futebol,… Ver artigo

O Jardim Botânico do Rio e as manifestações populares
 
Como relacionar a questão das invasões do Jardim Botânico com o que vem ocorrendo nas crescentes manifestações de protesto da população por esse Brasil a fora?
O protesto contra o aumento de passagens é apenas a última gota que fez transbordar o copo. Até o futebol, que antes era uma prática espontânea e não meio de controle e dominação, perdeu seu efeito sedativo sobre a sociedade. Foi o que se viu na Copa na Confederações. 
Por não ter olhos senão para si mesmo, por ocupar-se exclusivamente da imagem esquecendo-se do conteúdo, o poder acabou iludindo-se mais do que conseguiu iludir o povo. Uma pessoa idosa não vê favor nenhum em não pagar ônibus. Uma lei obriga as empresas a conceder gratuidade. Por que não se preocupa antes com as boas condições de vida, não só do aposentado como de toda população?
Fazer bonito com o chapéu alheio, comprar votos dando bolsas com dinheiro público é fácil, não difere de outras formas de corrupção: estimular invasões em áreas públicas, privilegiar minorias às custas da herança coletiva, é tão grave quanto aceitar suborno.
O mundo mudou. A mídia impressa e eletrônica não é mais fonte exclusiva de informação do cidadão. Pelas redes sociais pode-se saber de tudo imediatamente, em sincronia com o mundo inteiro. 
Pode-se convocar, em qualquer local do mundo, uma manifestação contra nossos direitos fundamentais. A maior parte das pessoas já vive no terceiro milênio, os governantes continuam simulando atitudes democráticas sob uma máscara democrática que os impede de ouvir o clamor dos justos. 
Desdenham a opinião dos opositores. 
Chega de paternalismo stalinista: é chegado o momento de nos tornamos fraternos. 
Vamos ao caso do Jardim Botânico do Rio de Janeiro que não pode e não deve ser privilégio de alguns moradores invasores. O Jardim Botânico, assim como todas as unidades de conservação, é herança histórica, cultural e botânica de toda a nação!
A Folha do Meio e o paisagista Carlos Fernando de Moura Delphim voltam novamente ao tema, pois o JBRJ é mais do que um museu a céu aberto.  (Ver páginas 9, 10 e 11). O JBRJ é um espaço fundamental ao equilíbrio ambiental da cidade. Um santuário de beleza e importância sem iguais, onde pessoas de má fé e atreladas a um fisiologismo político foram se aninhando para ocupar um bem público. 
Os invasores são oportunistas. A verdade é que farejaram a feliz possibilidade de se instalar em um bairro paradisíaco sem qualquer ônus com o beneplácido de políticos inescrupulosos e da fiscalização omissa. Na origem do problema está a velha forma de ganhar votos favorecendo a invasão de terras públicas.
Se o Jardim Botânico do Rio, na cara do poder, é alvo de tanta ganância e crimes, o que dizer das remotas UCs espalhadas por esse Brasil a fora?
 
 
SG