Desarmonia

20 de novembro de 2013

  De como o imperfeito quer corrigir o perfeito    Jurandir Schmidt, de Joinville A natureza não é uma propriedade particular humana. Ela é um abrigo coletivo contendo leis e ordens, idênticas a todos os outros fatores da nossa existência.     Somos seres eternamente insatisfeitos. E isto já ocorre desde os primórdios. Ao invés de… Ver artigo

 
De como o imperfeito quer corrigir o perfeito
 
 Jurandir Schmidt, de Joinville
A natureza não é uma propriedade particular humana. Ela é um abrigo coletivo contendo leis e ordens, idênticas a todos os outros fatores da nossa existência.
 
 
Somos seres eternamente insatisfeitos. E isto já ocorre desde os primórdios. Ao invés de nos adequarmos ao mundo, é ele que deve moldar-se às nossas necessidades. Não é uma questão de progresso, mas de sustentabilidade. O imperfeito querendo corrigir o perfeito. As coisas de mundo se apresentam para serem usufruídas compartilhadamente. Numa observação abrangente, não vemos a natureza querendo prejudicar o ser humano ou invadir a sua privacidade. Isto somente acontece, quando alguma parte dela é apropriada indevidamente ou transgredida. Daí, os diferentes ecossistemas se reorganizam contra as estratégias irrefletidas do progresso.
Tal como as pessoas que estão perdendo a arte do contato social, a relação homem e natureza se afastam cada vez mais. Neste relacionamento adverso e quase sempre conturbado, os prejuízos são catastróficos. A natureza não é uma propriedade particular humana. Ela é um abrigo coletivo contendo leis e ordens, idênticas a todos os outros fatores da nossa existência.  Não há necessidade de desarmonia entre ambos, já que um descontrole de relacionamento os levará, cedo ou tarde, a uma extinção. Nenhum trabalho é tão difícil para a preservação da natureza que nos rodeia, independente da superfície apresentada. Mesmo sabendo que parte dela será aniquilada por princípios especulativos, o pouco de esforço que demonstramos em seu benefício permitirá que não haja uma destruição precipitada de seus ecossistemas, que também afetará a existência humana.
As pessoas continuam não sabendo usufruir os benefícios da natureza e rebelam-se constantemente contra os seus recursos. É incompreensível (ou não é?) o sacrilégio da desatenção praticada contra os meios que nos são oferecidos gratuitamente. Destruímos boa parte deles e depois os buscamos novamente, para deleite pessoal ou coletivo. Deveríamos ter um pouco mais de veneração para com a natureza, que condiciona nossa existência na Terra. Existe uma consciência ecológica, com pessoas procurando fazer apelos ou trabalhos através de suas aptidões, sempre procurando auxiliar a preservação. 
Ações e medidas que causam resultados positivos ou reboliços negativos.  Uma conjunção de procedimentos que, mesmo fracionados, revelam a existência de uma preocupação quanto à longevidade existencial no planeta. Em qualquer condição de extermínio que esteja algum setor da natureza ou da humanidade, não se pode de maneira alguma olvidar esforços para a sua recuperação. 
As catástrofes diminuirão radicalmente a partir do momento em que a nossa ganância der lugar à integração com a natureza. 
Martin Luther King (1929-1968), pacifista americano que forjou as armas da paz que resistiram à ferocidade da segregação, disse em certa ocasião: “O que me assusta não são as ações e os gritos das pessoas más, mas a indiferença e o silêncio das pessoas boas”.