Editorial

20 de novembro de 2013

Lição dos naturalistas viajantes   Cada vez que publicamos uma reportagem sobre os Naturalistas Viajantes, nesta série escrita pelo Miguel Flori, fico com mais certeza ainda: o Brasil tem uma infinita e exuberante natureza que enfeitiçou o mundo desde sua Descoberta, em 1500.  Nos séculos 17 e 18, houve essa avalanche de pesquisadores, desenhistas, geólogos… Ver artigo

Lição dos naturalistas viajantes
 
Cada vez que publicamos uma reportagem sobre os Naturalistas Viajantes, nesta série escrita pelo Miguel Flori, fico com mais certeza ainda: o Brasil tem uma infinita e exuberante natureza que enfeitiçou o mundo desde sua Descoberta, em 1500. 
Nos séculos 17 e 18, houve essa avalanche de pesquisadores, desenhistas, geólogos que vieram buscar e levar informações sobre este continente chamado Brasil. Já contamos a história de Marianne North, do Darwin, do Peter Lund, do Warming, do Peter Brandt, do Rugendas e agora estamos  acompanhando as expedições de Langsdorff. 
Cada reportagem é um ensinamento, uma aventura e dela podemos tirar muitas lições. A principal lição é justamente sobre a rica biodiversidade brasileira que recebemos de nossos antepassados e que temos o dever de cuidar.
O Brasil é o país mais rico em água doce, flora e fauna. Mas o Brasil também é um país que necessita, urgentemente, de bons zeladores para o planeta como um todo e para o nosso mundinho aqui à volta, para nossos rios, mares, praias, parques nacionais e até para a nossa cidade, para a nossa rua e para as nossas  atividades familiares.
A questão do tratamento do lixo e do esgoto está sendo pessimamente administrada. É triste ver nossos rios serem os lixões da grande maioria das cidades brasileira. É triste e criminoso. Quando teremos estações de tratamento padrão FIFA?
Não posso esquecer a entrevista que o biólogo inglês, “Sir” Ghillean Prance, deu à Folha do Meio, em maio de 2000, quando ele lembrou com muita propriedade que a crise ambiental é complexa demais para ser tratada apenas com argumentos biológicos ou dados científicos. Há uma dimensão moral e ética muito importante nessa questão. Então, a reversão desse estado de coisas só virá com uma mudança de ordem ética e moral. Verdade cristalina! Não há como mudar padrões de consumo e padrões de produção sem uma mobilização total de formadores de opinião e de tomadores de decisão. Não há como mudar sem o envolvimento da juventude pela educação e pela cidadania. 
O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais está sempre alertando para o aumento do desmatamento na Amazônia. A última floresta úmida do mundo está sendo engolida com uma velocidade incrível. E o que mais angustia não é só a velocidade fantástica com que se desmata, mas a forma nada sustentável como a madeira é consumida. É incrível, mas faltam bons zeladores nas duas pontas: na gestão política e empresarial da floresta e no consumo sustentável do que se tira da floresta. 
Antes de terminar esta carta, amigo leitor, gostaria apenas de refletir sobre uma constatação de Sir Ghillean Prance: “Um bebê nos Estados Unidos causa mais impacto ambiental e produz mais lixo do que 120 bebês em Bangladesh”. 
Com certeza, só uma transformação ética e moral por parte da sociedade será mesmo capaz de resolver as questões ambientais. O mundo clama por bons zeladores. Urgente!
 
 
 
SG