Editorial

11 de fevereiro de 2014

2014 chegou. E a Copa?   Um mineiro que entendia, escrevia e poetava sobre futebol e emoções sentenciou: “São tristes as coisas consideradas sem ênfase”. E, deveras, Carlos Drummond de Andrade, como elas são tristes!  A quatro meses da Copa do Mundo de futebol, o maior evento esportivo do Planeta, o Brasil corre atrás do… Ver artigo

2014 chegou. E a Copa?

 

Um mineiro que entendia, escrevia e poetava sobre futebol e emoções sentenciou: “São tristes as coisas consideradas sem ênfase”. E, deveras, Carlos Drummond de Andrade, como elas são tristes! 

A quatro meses da Copa do Mundo de futebol, o maior evento esportivo do Planeta, o Brasil corre atrás do prejuízo na preparação do evento. Anunciado, em 2008, como sede da Copa de 2014, o Brasil teve seis anos para os preparativos e as tomadas de decisões referentes às questões inerentes à organização da Copa. Tipo assim: construção de estádios, aparelhamento de aeroportos, mobilidade e acessibilidade urbana, gerenciamento do lixo, sistema de comunicações compatível de última geração, neutralização das emissões de gases-estufa, eficiência energética, reuso de água e outros itens para a melhor recepção de turistas.
E o que se vê são os estádios prontos. Nem todos. 
Aliás, o Brasil é mestre em duas coisas: boas intenções e fazer boas leis. Mas cumpri-las é outro problema. É mestre também em fazer bons projetos. Estão aí os estádios para a Copa de 2014 com vários selos de sustentabilidade, cadeiras recicladas de garrafa PET e, dizem,  autossuficiência em energia. Mas o que fazer com o lixo a ser produzido durante a Copa se até hoje as cidades brasileiras convivem com lixões e apenas duas capitais têm – ainda que precariamente – coleta seletiva?
Há quatro anos o governo federal criou um grupo de trabalho para pensar a Copa. Fazia parte do GT, técnicos do Ministério do Meio Ambiente, do Ministério do Esporte, do Ibama, do Instituto Chico Mendes, da Agência Nacional de Águas, da Abema (Associação Brasileira de Entidades Estaduais de MA)  e Anamma (Associação Nacional de Órgãos Municipais de Meio Ambiente). A ideia era aproveitar a paixão do brasileiro pelo futebol para estimular a participação dos torcedores a adotarem medidas de proteção ambiental no dia a dia.
 
O GT foi instalado solenemente e o então ministro dos Esportes, Orlando Silva, anunciou com toda pompa: “Vamos instalar uma agenda concreta de trabalho. Temos capacidade política, técnica e boa vontade. Queremos a sustentabilidade plena”. E a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, foi mais longe: “Vamos definir formas de assegurar o menor impacto ambiental, a neutralização das emissões de gases-estufa, a eficiência energética, a construção de estádios sustentáveis, a promoção do consumo de produtos orgânicos e buscar parcerias para implementar experiências bem sucedidas das Copas anteriores. Queremos marcar um golaço.”
 
A verdade é que o esporte é a maior indústria do prazer, da saúde e da paz. A Copa do Mundo, como os Jogos Olímpicos, são eventos que representam gigantescos desafios, anseios, dificuldades, esperanças, derrotas e vitórias da humanidade. No microcrosmo de um país, de uma cidade e de um estádio vão conviver tecnologias, atletas, culturas, torcedores, sistema de transportes, cartolas, sistema de saúde, administradores, patrocinadores, jornalistas e toda fantástica parafernália periférica de comerciantes e serviços públicos que gira em torno do jogo. Será que o Brasil marcará mesmo um golaço? Ah! Torço muito para que golaço não rime nunca com maracanaço.
SG