Editorial

Gestão da água, URGENTE!

24 de fevereiro de 2015

O Brasil vive uma gravíssima crise hídrica, provocada por vários fatores. Em primeiro lugar, pela seca. Depois, pela falta de gestão de governantes nos três níveis políticos (federal, estadual e municipal). Também pela cultura da abundância que está na cabeça do brasileiro, provocando um esbanjamento e desperdício histórico. Ainda dentro do quesito falta de gestão,… Ver artigo

O Brasil vive uma gravíssima crise hídrica, provocada por vários fatores.
Em primeiro lugar, pela seca. Depois, pela falta de gestão de governantes nos três níveis políticos (federal, estadual e municipal). Também pela cultura da abundância que está na cabeça do brasileiro, provocando um esbanjamento e desperdício histórico. Ainda dentro do quesito falta de gestão, a contaminação de mananciais, rios e do lençol freático. E, por fim, a perda por vazamentos nos sistemas de tubulações.
Mas a crise tem seu lado positivo: o aprendizado.
Desta gravíssima crise pode nascer uma luz. Os governantes se viram obrigados a buscar um gerenciamento sério para a questão da distribuição da água, os meios de comunicação mandam o recado contundente que se não cuidar vai faltar e a população sentiu na pele o que significa a falta d’água. 
A verdade é que o Brasil sempre foi um país perdulário quando o assunto é água. Com área de 8.547.403,5 km2, nosso país possui 53% da produção hídrica da América do Sul e 12% da reserva de água doce mundial. Mas há uma ilusão, um engano e uma verdade: por ser um País rico em recursos hídricos, seus habitantes cultivam, ainda hoje, a cultura da abundância e do desperdício.  Na realidade as fantásticas reservas estão na Amazônia, longe do centro produtor e do maior centro usuário e consumidor. 
Pior do que a distribuição irregular de água é a sua insipiente gestão. Com uma população de mais de quase 200 milhões de habitantes, o grande desafio brasileiro continua sendo a questão do saneamento. Somado à poluição dos corpos d´água está o terrível quadro de desperdício. Não há eficiência nos serviços de saneamento básico e é dramático o quadro de poluição dos rios que cortam ou margeiam os centros urbanos.
O Estado também ignora a proteção às águas subterrâneas, outro grande patrimônio nacional. Os aquíferos vêm sendo apropriados por grupos econômicos, prefeituras e indivíduos. Sem outorgas, fiscalização e controle, poços são perfurados e abandonados. Ficam sujeitos a focos de poluição. As águas subterrâneas representam um outro patrimônio desprotegido tanto institucional como juridicamente. Nos níveis federal, estadual e municipal.
Esta crise não provem apenas em consequência dos desmatamentos, da ocupação irregular do solo e do processo intenso de urbanização. Não há uma cidade no Brasil que não contribua para grandes  agressões aos rios, riachos, córregos e arroios. Nossos rios são verdadeiros lixões e coletores de esgotos a céu aberto.
 As pessoas mais velhas ainda podem se lembrar de um passado recente quando se podia tomar banho, pescar, ou, simplesmente, desfrutar da beleza natural dos rios que cortam suas cidades. 
Muito grave: não há como conviver com um sistema caro de tratamento de água num país que se perde quase 40% de água potável por simples desperdício e perdas nas tubulações. É bom saber que hoje não existe mais água no mundo do que havia há 21 séculos, quando a população era menor do que 3% do que é hoje. Se a água vai continuar tendo a mesma quantidade, é bom lembrar que a população continuará crescendo.