Mudanças Climáticas

COP-23 começa com desafio de superar saída dos EUA do Acordo de Paris

6 de novembro de 2017

  Longe da euforia do acordo de Paris, a 23ª Conferência da ONU sobre as mudanças climáticas começa, em Bonn, na ausência de um poluidor histórico, os Estados Unidos, e com uma meta global cada vez mais difícil de cumprir. Os delegados de cerca de 200 países se reunirão nesta cidade alemã pela primeira vez… Ver artigo

 

Longe da euforia do acordo de Paris, a 23ª Conferência da ONU sobre as mudanças climáticas começa, em Bonn, na ausência de um poluidor histórico, os Estados Unidos, e com uma meta global cada vez mais difícil de cumprir. Os delegados de cerca de 200 países se reunirão nesta cidade alemã pela primeira vez desde o início, em junho passado, por Donald Trump da retirada dos Estados Unidos do pacto histórico. Também pela primeira vez, um pequeno Estado insular para o qual a mudança climática representa uma ameaça vital será protagonista: Fiji exercerá a presidência destas duas semanas de negociações.
 
A 23ª COP vai reunir em Bonn cerca de 20.000 pessoas. A cidade alemã, é a sede da convenção do clima das Nações Unidas e são esperados as presenças de vários altos dirigentes, desde a chanceler alemã, Angela Merkel, o presidente francês, Emmanuel Macron, até o secretário-geral da ONU, António Guterres. No decorrer do encontro vão estar presentes também o prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, e o governador da Califórnia, Jerry Brown, dois defensores da causa climática que querem compensar a retirada americana.
 
 
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FIJI NA PRESIDÊNCIA
 
É importante destacar que um pequeno Estado insular para o qual a mudança climática representa uma ameaça vital será protagonista da COP-23: Fiji exercerá a presidência destas duas semanas de negociações. “Ao viver no Pacífico e sofrer pessoalmente os impactos do clima, esperamos levar a Bonn certo senso de urgência”, aportado por “uma história que pode encontrar eco em todo o mundo”, destaca a negociadora fijiana, Nazhat Shameem Khan.
 
 

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Em 2017 se multiplicaram os desastres naturais nos quatro cantos do planeta e, segundo cientistas, vão se intensificar devido à desregulação do clima: enormes furacões no Caribe, incêndios de intensidade incomum em Portugal e na Califórnia ou secas intermináveis na África oriental.
 
“Provavelmente será um ano recorde em termos de custo humano, social e econômico das catástrofes naturais”, indicou o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).
 
Adotado no final de 2015, ratificado até o momento por 168 países, o Acordo de Paris tem como meta manter abaixo dos 2ºC, ou inclusive 1,5ºC, o aquecimento do planeta com relação aos níveis pré-revolução industrial.
O anúncio da retirada americana representou um duro golpe para este processo complexo que requer distanciar-se dos combustíveis fósseis (carvão, petróleo e gás) para reduzir as emissões de gases causadores do efeito estufa.
 
Por enquanto, os compromissos voluntários assumidos pelos países em Paris não permitem reduzir os termômetros abaixo dos 3ºC. Apesar dos avanços, como a estabilização das emissões de CO2, a distância entre a ação e as necessidades é “catastrófica”, advertiu a ONU em um relatório publicado esta semana, convidando os países a reforçar sua contribuição.
 
 
MOMENTO POLÍTICO
 
“Inicialmente, esta COP devia ser bastante técnica, com a negociação das regras de aplicação do Acordo de Paris. Mas após a decisão americana, volta a ser um momento político importante, de reafirmação da manutenção de todos os países no acordo”, destacou a ex-negociadora francesa Laurence Tubiana, artífice do pacto em 2015.
 
“Será muito importante escutar os governos, assegurar-se de que não afrouxem, embora não tenha a impressão de que isto esteja acontecendo”, disse a fundadora da ONG European Climate Foundation.
 
Outros são menos otimistas, como o ministro costa-riquenho Edgar Gutierrez Espeleta, presidente da Assembleia da ONU para o Meio Ambiente, segundo o qual “a dinâmica está se estagnando”.
 
“Washington diz que (o acordo de Paris) não é ‘só’ para os Estados Unidos. Mas me lembro que quando o presidente Trump falou em Nova York perante a Assembleia Geral (da ONU), outros países aplaudiram. Sendo assim, veremos”, declarou.
 
Washington, cuja retirada não poderá ser efetivada antes de novembro de 2020, mas que enquanto isso não pensa aplicar o plano de ação nacional apresentado por Barack Obama, enviará de qualquer forma uma delegação a Bonn.
 
O objetivo é “preservar os interesses americanos”, explicou a administração Trump.
 
Segundo a embaixadora fijiana, os delegados americanos manifestaram a intenção de “participar de forma construtiva”.
 
“Não será preciso deixar que em Bonn os Estados Unidos se tornem uma forma destrutiva”, advertiu Mohamed Adow, da ONG Christian Aid, que defende os países em desenvolvimento. “Visto que se retiraram, não deveriam ter mais influência no acordo”.
 
Esta 23ª COP reunirá quase 20.000 pessoas na cidade alemã, sede da convenção do clima das Nações Unidas. A partir desta segunda semana (6 de novembro), espera-se a presença de vários altos dirigentes, em particular em 15 de novembro da chanceler alemã, Angela Merkel, e do presidente francês, Emmanuel Macron.
 
O secretário-geral da ONU, António Guterres, estará presente, assim como o prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, e o governador da Califórnia, Jerry Brown, dois defensores da causa climática que querem compensar a retirada americana.