Poluição

Poluição do ar mata 7 milhões por ano, a maioria em países pobres, diz OMS

3 de maio de 2018

        Sete milhões de pessoas no mundo ainda morrem, anualmente, por causa da poluição do ar. O dado é de um novo relatório divulgado pela Organização Mundial de Saúde, que mostra que nove em cada dez pessoas respiram ar contendo altos níveis de poluentes. Mas, para nenhuma surpresa de todos nós, o… Ver artigo

 

 

 

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Sete milhões de pessoas no mundo ainda morrem, anualmente, por causa da poluição do ar. O dado é de um novo relatório divulgado pela Organização Mundial de Saúde, que mostra que nove em cada dez pessoas respiram ar contendo altos níveis de poluentes. Mas, para nenhuma surpresa de todos nós, o problema afeta muito mais, exatamente, os mais pobres, aqueles que também têm menos recursos para se livrar de doenças.
 
Os estudos mostram que mais de três bilhões de pessoas – a maioria mulheres e crianças – respiram ainda fumaça todos os dias porque são obrigadas a usar fogões poluidores e combustíveis em suas casas.
 
"Se não tomarmos medidas urgentes sobre a poluição do ar, nunca chegaremos perto de alcançar o desenvolvimento sustentável", diz Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, no site da organização.
 
Os níveis de contaminação dependem, basicamente, de ações do governo.As mortes são causadas por exposição a partículas finas do ar poluído que penetram profundamente nos pulmões e no sistema cardiovascular, causando doenças como derrame, doenças cardíacas, câncer de pulmão, doenças pulmonares obstrutivas crônicas e infecções respiratórias, incluindo pneumonia. Pela primeira vez, os dados do relatório incluem análises regionais que mostram que mais de 57% das cidades das Américas e mais de 61% das cidades da Europa sofreram uma queda nas partículas entre 2010 e 2016. A Ásia, porém, ganhou mais nesse período: mais de 70% das cidades asiáticas sofrem com a perda da qualidade do ar.
 
"Delhi e Cairo são, de longe, as megacidades mais poluídas do mundo, seguidas por Dhaka, Mumbai e Beijing, cada um com concentrações particuladas em torno de cinco vezes o nível recomendado. As Américas, principalmente os EUA e o Canadá, foram a única região em que uma grande quantidade de pessoas – 80% – hoje respiram o ar que atende às diretrizes da OMS sobre partículas. Na Ásia e no Oriente Médio, o número está próximo de zero", informa reportagem do jornal “The Guardian” que publicou o relatório.
 
Só a poluição do ar ambiente causou cerca de 4,2 milhões de mortes em 2016, enquanto a poluição do ar por cozimento com combustíveis poluentes e tecnologias causou uma estimativa de 3,8 milhões de mortes no mesmo período. Mais de 90% das mortes relacionadas à poluição do ar ocorrem em países de baixa e média renda, principalmente na Ásia e na África, seguidos pelos países de renda baixa e média da região do Mediterrâneo Oriental, Europa e Américas.
 
A questão crucial da informação divulgada pela OMS é a desigualdade no mundo. Enquanto, por um lado, altas tecnologias facilitam a vida de pessoas, oferecem opções para muitos, inclusive de entretenimento via dispositivo móvel, outros cantos deste mesmo mundo estão sofrendo como se estivessem ainda na idade pré-revolução industrial.
 
"A OMS monitora a poluição do ar por mais de uma década e, enquanto a taxa de acesso a combustíveis e tecnologias limpas está aumentando em todos os lugares, as melhorias não estão nem acompanhando o crescimento populacional em muitas partes do mundo, particularmente na África Subsaariana."
 
A análise foi feita amplamente, em mais de 4300 cidades de 108 países. E traz também boas notícias, exemplos que valem a pena que se conheça, de países que estão tomando providências sérias para diminuir a poluição. Por exemplo, em apenas dois anos, o programa Pradhan Mantri Ujjwala Yojana, da Índia, forneceu conexões gratuitas de gás para cerca de 37 milhões de mulheres que vivem abaixo da linha da pobreza, o que as incentivou a mudar para o uso de energia doméstica limpa.  Numa outra linha de abordagem, a Cidade do México se comprometeu com padrões de veículos mais limpos, incluindo a mudança para ônibus sem fuligem e a proibição de carros a diesel privados até 2025.  Mais ou menos o que foi feito em Los Angeles, na Califórnia, que adotou também gasolina sem chumbo.
 
"As principais fontes de poluição do ar a partir de material particulado incluem o uso ineficiente de energia por parte das famílias, da indústria, dos setores de agricultura e transporte e de usinas termoelétricas a carvão. Em algumas regiões, areia e poeira do deserto, queima de lixo e desmatamento são fontes adicionais de poluição do ar. A qualidade do ar também pode ser influenciada por elementos naturais, como fatores geográficos, meteorológicos e sazonais", diz ainda o texto do relatório da OMS, que ainda recomenda que os países trabalhem em conjunto para acabar com a poluição.
 
É importante lembrar que a OMS é responsável por garantir o cumprimento do indicador Meta de Desenvolvimento Sustentável que consiste em reduzir até 2030 o número de mortes e doenças causadas pela poluição do ar. Bem como dois outros indicadores relacionados à poluição do ar, incluindo a proporção da população com dependência primária de combustíveis.
 
Conhecer os dados do relatório não torna inútil a luta contra o uso abusivo de combustíveis fósseis. Mas deixa margem para refletir sobre a desigualdade no mundo com dados cada vez mais realistas.